Dia Mundial do Meio Ambiente: 24 dicas de como ser sustentável em 5 áreas da vida

Por Letícia Maria Klein •
05 junho 2024

Chegou mais um 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, para nos relembrar que todo dia é dia de agirmos pensando na nossa grande casa terrena. Para combinar com a data neste ano de 2024, seguem aqui 24 dicas para você cuidar melhor de si, do outro e do ambiente em cinco áreas ou aspectos da vida, do micro ao macro. 



Espelho, espelho meu

Cuidar de si (corpo, mente e espírito) é essencial se quisermos ter uma vida saudável, consciente e feliz, e fica melhor ainda quando alinhamos esse cuidado a um estilo de vida que também cuida do planeta.

- Consuma produtos orgânicos sempre que possível. Atualmente existem muitas opções no mercado, mas vale buscar por feiras livres e também associações de produtores orgânicos e agroecológicos que entregam cestas (descobri recentemente um desses grupos de compras coletivas em Blumenau, caso você more aqui e tenha interesse).

- Ao comprar produtos de beleza e higiene pessoal, priorize marcas que não fazem testes em animais, que sejam veganas, que tenham ingredientes de origem natural e orgânica e também opção de refil, assim você reduz o consumo de embalagens plásticas. 

- Quando precisar de roupas, busque antes em brechós ou troque com amigos ou familiares. Se não encontrou, procure por marcas responsáveis e slow fashion e prefira peças feitas com fibras naturais, como algodão e linho.

- Fortaleça seu corpo e mente com exercícios físicos.

- Tenha um momento no dia que seja seu, mesmo que por 15 minutos, para relaxar, desacelerar, refletir, meditar, respirar conscientemente, ler uma mensagem edificante, olhar o céu, admirar a beleza natural que te cerca. Esse tipo de ação nos acalma e nos traz para o presente, aumentando a nossa consciência e percepção sobre nós mesmos e nosso agir no mundo.

Casa

- Monte uma horta em casa ou apartamento (neste caso, as verticais na sacada ou numa parede que pega sol são ótimas) com os temperos e hortaliças que mais consome. Além de garantir uma alimentação orgânica, você economiza dinheiro. 

- Quer diminuir pela metade a quantidade de resíduos que produz? Faça compostagem! Pode ser com composteira seca, minhocário ou direto na terra se você mora em casa. Você também pode buscar por programas de compostagem na sua cidade e se inscrever para ter seus resíduos orgânicos recolhidos. 

- Substitua as sacolas plásticas nas lixeiras por sacos ou sacolas de papel. Para guardar os resíduos recicláveis, use as embalagens dos produtos que compra e também caixa de papelão que você pode pegar em mercados.

-  Aproveite as cascas e sementes de alguns alimentos para fazer aperitivos, sopas, cremes, bolos, tortas etc. Cascas e sementes de abóbora no forno, com sal e azeite de oliva, ficam uma delícia!

Lazer

- Quando viajar, compense sua pegada de carbono comprando créditos de carbono de projetos de reflorestamento. Algumas companhias aéreas fornecem essa opção durante a compra da passagem.

- Se você gosta de trazer souvenirs de volta da viagem, compre de produtores locais e artesãos.

- Leia livros, assista filmes e documentários e acompanhe perfis que falam sobre a temática socioambiental, para conhecer sobre diversos aspectos e aprender cada vez mais formas de viver de maneira sustentável. 

- Experimente atividades de lazer de baixo custo e baixo carbono, como fazer um piquenique no parque, jogar com os amigos em casa, nadar no rio, fazer doces com as crianças, montar um quebra-cabeça...

- Se for passear numa feira ao ar livre ou num festival, por exemplo, tenha sempre um copo retrátil à mão ou à tiracolo para beber ou comer sem usar copos descartáveis. 

Trabalho fora

- Tenha uma caneca e uma garrafa de água para evitar os descartáveis na empresa.

- Se você almoça na rua, prefira almoçar no restaurante em vez de pegar marmita ou leve seu próprio pote para isso.

- Converse com seus colegas sobre terem uma composteira na cozinha. 

- Desligue o computador na hora do almoço, para economizar energia.

- Dê carona ou vá de carona com colegas, se você costuma usar carro.

Sociedade

- Quando sair, leve um kit sustentável consigo, contendo: talheres, guardanapo de pano e canudo não descartável. 

- Vote em candidatos com propostas que contemplem adaptação climática e medidas ambientais protetivas e acompanhe as consultas públicas no site do Senado, votando contra propostas que prejudicam o meio ambiente e consequentemente a nós mesmos e outros seres. 

- Se você frequenta restaurantes onde os talheres são embalados em plástico, sugira ao proprietário ou gerente trocar o saquinho por papel ou por uma caixa para os talheres. Já fiz e funciona!

- Infelizmente ainda vivemos em sociedades de consumo, então precisamos ter cuidado para não cairmos nas armadilhas de consumismo. Quando precisar de algo (atenção, precisar, não somente querer!), pergunte-se: por que comprar? O que comprar? Como comprar? De quem comprar? Como usar? Como descartar? E experimente esperar um mês ou mais antes de comprar pra ter certeza de que aquilo é de fato necessário. E se conseguir comprar usado, todos saem ganhando!

- Leve determinados resíduos a pontos de coleta específicos, como lâmpadas, pilhas e baterias, óleo de cozinha usado (esses três costumam ser aceitos em grandes redes de mercado), roupas para doação e reciclagem (como o programa Caixa Solidária) e embalagens plásticas (como o programa Boti Recicla, nas lojas do Boticário, que aceita produtos de todas as marcas). 


Já faz alguns desses? Me conte aqui embaixo, e obrigada por vir!

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Tragédia climática no RS escancara necessidade de mudanças de pensamento e comportamento

Por Letícia Maria Klein •
07 maio 2024



Ilustração de Alberto Benett na Folha de S. Paulo 


"Somos feitos uns dos outros", diz Satish Kumar no livro "Amor radical", lançado em português em 2024 pela editora Bambual. 


Somos feitos das nossas experiências, das nossas interações com os outros seres, das emoções e sentimentos que vivenciamos desde o nascimento, de tudo o que lemos, vemos e ouvimos, do que damos e recebemos, de tudo que pensamos e fazemos, do que é feito conosco, de tudo o que nos alimenta, física e espiritualmente. Somos feitos dos nossos pais, amigos, conhecidos e até dos "estranhamentos". 


Somos feitos de carne, osso, sangue, alma, carbono, água, de minerais e vitaminas que adquirimos dos alimentos que vêm do solo e que passaram por diferentes mãos para chegar até nós. Somos feitos do ar que é gerado por algas marinhas e plantas terrestres, ar que é poluído pelo excesso de gases dos veículos e fábricas e por microplásticos que invadem nossos corpos e os dos animais sem pedir licença. 


Somos feitos da mesma água que abastece rios, lagos, mares e tantos outros seres vivos, todos dependentes do líquido que dá vida. Somos feitos do solo que nos sustenta e gera vida, que por sua vez nos alimenta com seus frutos e nos abriga com sua madeira, entre tantos outros presentes que não comumente reconhecemos nem valorizamos.  


Somos feitos das consequências de tudo que causamos - e tudo que causamos têm consequências, sejam pequenas ou grandes, boas ou más, individuais ou coletivas. Nós somos enquanto estamos em constante troca com o meio que nos cerca. 


Envenenar o solo com agrotóxicos, poluir o ar com gases nocivos, sujar a água com produtos químicos e plásticos, consumir sem critérios - sem pensar na necessidade da compra, na cadeia produtiva, na vida útil e no futuro descarte do produto, na responsabilidade social e ambiental das empresas - e votar em políticos que não pensam holisticamente e em longo prazo significa prejudicar a nós mesmos, agora e depois. 


As mudanças climáticas, que têm se manifestado na forma de eventos intensos e cada vez mais frequentes em todo o planeta - incluindo as enchentes no Rio Grande do Sul - são consequências dos comportamentos egoístas, individualistas, imediatistas e desconectados do meio e dos outros seres vivos que a humanidade tem tido nos últimos 400 anos principalmente (partindo da expansão do pensamento cartesiano e da Revolução Industrial). 


Agimos como se nossas ações não tivessem repercussão ou impacto sobre tudo o que nos cerca, como se fôssemos totalmente independentes e separados do solo, da atmosfera, da água e dos outros seres vivos que abrigam este mesmo planeta Terra onde vivemos. É um absurdo pensar que podemos ter um modelo econômico de crescimento infinito num mundo com bens naturais limitados, e ainda assim é dessa forma que a maioria absoluta das sociedades está estruturada. As consequências disso são inevitáveis e já chegaram, trazendo o aviso de que a situação vai piorar se nós não modificarmos nossas linhas de pensamento e ação. 


Precisamos mudar nossos comportamentos enquanto indivíduos, coletivos, instituições e estruturas sociais. O que fazemos reverbera no todo, que depois retorna a nós mesmos. Mudanças climáticas não são somente um assunto ou um problema ambiental, assim como nenhum outro é, porque tudo o que afeta o ambiente afeta diretamente a sua biodiversidade, à qual pertence a espécie humana. Segundo informações do Observatório do Clima nesta semana, vinte e cinco projetos de lei e três emendas à Constituição estão tramitando no Congresso brasileiro, com alta probabilidade de avanço imediato e que, se aprovados, "causarão dano irreversível aos ecossistemas brasileiros, aos povos tradicionais, ao clima global e à segurança de cada cidadão". Causarão danos a cada um de nós. 


Falar de mudanças climáticas é falar de produção de alimentos, de infraestrutura urbana, de saúde, de desigualdade social (visto que a maioria dos atingidos são as populações mais pobres e marginalizadas), entre outros temas que dizem respeito à vida humana em sociedade. É primordial voltarmos a viver e a ver a vida de maneira holística e sistêmica, compreendendo que estamos todos interligados numa teia existencial complexa e delicada, da qual não é possível sair e da qual dependemos integralmente. 


Somos feitos uns dos outros, então tudo que fazemos aos outros - sejam eles quem ou o que forem - fazemos a nós mesmos. Viver de maneira sustentável é, antes e acima de tudo, valorizar a vida. Não é um tripé com base financeira, é um tripé baseado no amor: a preservação da vida no planeta depende de cuidarmos de nós mesmos, do outro e do meio que nos sustenta, em relações de afeto, respeito e solidariedade. 

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Reuso e reciclagem de roupas em Blumenau com a Caixa Solidária - que veio para ficar!

Por Letícia Maria Klein •
24 outubro 2023

Olá! Que bom que você está aqui! Eu não aparecia aqui há mais de dois anos, mas volto finalmente e com uma notícia muito boa! A Caixa Solidária, projeto social de reutilização e reciclagem de roupas, retorna a Blumenau de forma definitiva (um teste havia sido feito em 2019, com dois equipamentos). Agora temos 13 pontos na cidade, em diferentes unidades dos mercados Angeloni, Bistek, Brasil Atacadista, Cooper, Giassi, Komprão e Rede Top.  


A Rede Caixa Solidária Brasil é um empreendimento social, criado por Mateus Rossi, que une solidariedade e responsabilidade ambiental, ajudando pessoas em necessidade e contribuindo para a despoluição do nosso meio ambiente - a indústria têxtil é uma das mais poluentes do mundo, e a produção e consumo de peças representa um grande impacto no planeta.


Dados da Aliança das Nações Unidas para Moda Sustentável mostram que a indústria da moda é responsável por de 2 a 8% das emissões mundiais de gases de efeito estufa, pelo consumo de 215 trilhões de litros de água por ano e pela perda material anual de 100 bilhões de dólares devido à subutilização das peças. Os têxteis também são responsáveis por aproximadamente 9% das descargas anuais de microplásticos nos oceanos. Outros dados, estes do relatório State of Fashion, revelam que a produção de material é a parte do ciclo de vida do produto que mais gera impactos ambientais, respondendo por 35% (em seguida vem a fabricação, com 30%; a manufatura responde por 5%; o consumo, por 25%, e o descarte, por 5%). Por isso o reuso e a reciclagem são tão importantes. 


Fonte: Mateus Rossi/Rede Caixa Solidária Brasil

A rede funciona por meio da coleta seletiva de produtos têxteis pós-consumo (nossas roupas, calçados e acessórios) em parceria com a iniciativa privada, organizações não governamentais e o poder público. As peças que estão em boas condições são doadas para instituições sociais, enquanto as demais são encaminhadas para a reciclagem.


Com 15 anos de atuação, o empreendimento possui hoje 350 caixas coletoras instaladas em cinco estados: Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Nesse período, 5,7 milhões de itens foram doados e 1,9 milhão de peças de roupas foram reutilizadas, beneficiando 300 mil pessoas e 86 mil famílias. Considerando as 685 toneladas de peças recicladas, 17,1 mil toneladas de CO2 deixaram de ser emitidas e 1,4 milhão de litros de água foram economizados. A economia com coleta e envio das roupas para aterro sanitário foi de R$ 524 mil. 


Para participar enquanto doador, é só levar as roupas (em sacolas!) até a caixa solidária mais perto de você - chamada de PEV, ponto de entrega voluntária, que costuma estar em algum lugar estratégico com grande circulação de pessoas, como praças e supermercados. Você pode doar roupas, calçados, acessórios feitos de tecido, meias, bonés e gorros, toalhas, travesseiros, cobertores, lençóis, fronhas e demais tecidos - inclusive em mau estado, para que sejam enviados à reciclagem. Depois de recolhidas a cada semana, as peças são triadas e separadas para seu destino final. 


Entidades e instituições que desejam receber peças devem se cadastrar no Portal Social, onde é possível detalhar a demanda por material e acompanhar o status do pedido. Para os parceiros (que hospedam as caixas), são elaborados relatórios comprobatórios periódicos referentes aos PEVs instalados.


No site do projeto você consegue encontrar as caixas localizadas em Santa Catarina. A localização das caixas nos outros estados está na plataforma do Exército de Salvação, entidade parceira na gestão logística - até o fim do ano, todos os dados estarão unificados no site da Rede Caixa Solidária Brasil. 


A previsão é que mais de 400 PEVs estejam em operação até o fim de 2023. Uma das parcerias institucionais da Rede que tem viabilizado a expansão do projeto para todas as regiões de Santa Catarina é com a Associação Catarinense de Supermercados, que tem 922 lojas associadas no estado. Outra parceria é com o Judiciário catarinense, que firmou convênio com a Associação Cidadania em Ação para a colocação de Caixas Solidárias na sede do Tribunal de Justiça e comarcas polo. No Paraná, mais caixas devem aparecer ao longo dos próximos meses graças à parceria com a Associação Paranaense de Supermercados. 


Você já viu uma Caixa Solidária na sua cidade? Que destino você costuma dar para as peças que não usa mais? Comente aqui embaixo, e obrigada por vir. 

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O que o detox do meu guarda-roupa me ensinou sobre sustentabilidade

Por Letícia Maria Klein •
31 março 2021
Eu amo comprar livros! Roupas? Nhé. A prática do consumo consciente, de comprar somente quando necessário e tal, somado à minha falta de vontade de adquirir peças novas e às que eu ganhava da família nas datas comemorativas resultou em anos da minha vida sem comprar quase nada (eu conto nos dedos as peças que comprei na última década). Eu tinha roupas (tenho ainda) com mais de dez anos de uso. Mas boa parte do meu guarda-roupa tinha peças que já não serviam, que eu não usava há algum tempo ou que eram de uma Letícia que não existe mais.

Eu acabava usando sempre as mesmas roupas e pelos menos uma vez por ano eu separava algumas para doar ou vender. Mas fazer o tal processo detox, como eu aprendi recentemente, é muito diferente. 

Desde o ano passado eu venho mudando minha forma de pensar sobre vários assuntos e um deles foi o vestuário e tudo que ele implica. Acontecimentos diversos foram me dando uma nova energia e eu senti que precisava fazer circular aquela que estava parada no meu guarda-roupa. Eu estava enjoada das minhas roupas, não me encaixava em muitas delas e queria mudar meu estilo. Ou melhor, encontrar meu estilo.

Letícia encostada no guarda-roupa, vestindo calça verde e blusa social listrada
Desde então, a vontade de me reinventar cresceu e eu descontruí pré-julgamentos. Eu sempre havia considerado que imagem é superficial, que aparência não mostra quem você é, que moda é futilidade. Mas não é assim que funciona. Pelo menos, não é mais assim que funciona para mim. Faz diferença você se sentir bem-vestida, e o que eu quero dizer com bem-vestida é você se reconhecer nas suas peças e se sentir bem consigo mesma, poderosa e animada. Se sentir bem te deixa bem-humorada, e isso é um baita incentivo para aproveitar bem o dia.

Faz quase um ano que venho tendo esses novos pensamentos (inspirados em parte pelas mulheres da Assinatura de estilo), e sabe de uma coisa? É muito bom quebrar nossos próprios estigmas e preconceitos. Mudar é libertador! Como tão bem cantou Raul Seixas, “eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. A única constância na vida é a mudança, então é melhor recebê-la de braços abertos.

Mudar traz movimento, e eu estou numa fase de novos movimentos na minha vida. No fim de fevereiro, eu desmontei meu guarda-roupa (figurativamente, claro). Acho que tirei uns 40% de tudo que tinha lá, para doação, venda ou reutilização (alô, pufe). Fiz a grande limpa! Fui tirando as peças sem dó nem piedade. Além de me sentir muito mais leve, eu senti que meu guarda-roupa estava mais leve e livre

Se você chegou até aqui e está se perguntando o que raios um post sobre detox de roupa está fazendo num blog sobre vida sustentável, eu te respondo que uma coisa tem tudo a ver com a outra. Para além da ideia de responsabilidade ambiental, social e econômica, o termo sustentabilidade traz um conceito mais abstrato que eu gosto muito: o que te sustenta? Na sua vida, enquanto ser humano, enquanto espécie da natureza, enquanto membro de uma família, enquanto parte de um círculo social e da sociedade, o que te dá sustentação física, emocional e espiritual para viver?

A partir daí nós temos o tripé do cuidado de Satish Kumar: cuidado consigo, com o outro e com o meio. Também é sustentabilidade, sob outra perspectiva. Se a mudança do mundo começa em cada um de nós, como disse o também indiano Mahatma Ghandi, a gente precisa mudar. E então a mudança ao nosso redor é inevitável.

Com o detox do meu guarda-roupa, cuidei de mim e contribuí para a rede do consumo colaborativo, doando e vendendo muitas peças (o que eu não vender pela internet, vira moeda de troca no brechó). Algumas poucas tiveram outro uso aqui em casa. O consumo de moda não só pode como deve ser sustentável, então eu vou continuar comprando peças em brechós e de amigas elegantes que eu tenho, além de empresas têxteis responsáveis, respeitando sempre a sustentabilidade, que é um valor fundamental para mim. A diferença é que, a partir de agora, estarei mais consciente em relação a como eu me sinto e como quero estar.

Se for para resumir esse processo todo em três lições, são estas:
Roupa parada é energia presa e dinheiro desperdiçado;
Você se veste para você mesmo em primeiro lugar, para se sentir bem;
As roupas são um reflexo de nós, então não adianta vestir uma pessoa que você não é.

Um ecobeijo e até breve.
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Parque São Francisco e Nova Rússia: a Mata Atlântica em Blumenau

Por Letícia Maria Klein •
10 fevereiro 2021
Blumenau é a cidade com maior cobertura vegetal no estado de Santa Catarina, tendo 67,46% do município cobertos por fragmentos de Mata Atlântica, segundo o Diagnóstico Socioambiental. O maior fragmento está na região da Nova Rússia e corresponde ao Parque Nacional da Serra do Itajaí, que se estende por nove municípios. Outra parte muito importante está no centro da cidade, no Parque Natural Municipal São Francisco de Assis.

No último fim de semana visitei os dois. Passei duas horas no sábado de manhã percorrendo as trilhas do Parque São Francisco, e no domingo passeei com meu marido pela Nova Rússia, no bairro Progresso, onde tomei um banho de rio delicioso e revigorante na propriedade do Restaurante Permita Ser.

Trecho do rio na Nova Rússia
Trecho do rio na Nova Rússia
Começo da trilha no Parque São Francisco
Começo da trilha no Parque São Francisco

Estar imersa na natureza é como ser confortada num abraço. A natureza do lado de fora me orienta em direção à natureza que existe no lado de dentro, a minha própria essência. A natureza me retira do caos urbano e me abriga numa redoma de calmaria, onde tudo flui na velocidade do equilíbrio. É no silêncio em meio aos sons da natureza que eu me escuto melhor, busco respostas e me faço ainda mais perguntas.

Parque São Francisco

O Parque Natural Municipal São Francisco de Assis foi criado em 25 de outubro de 1995, pela Lei Municipal 99/95, quando passou a ser considerado uma Unidade de Conservação (UC), na categoria parque, que é uma das 12 categorias do Sistema Nacional de Conservação (SNUC).

Trecho de mata no trajeto inicial do parque
Trecho de mata no trajeto inicial do parque
Espécie de banana-rosa
Espécie de banana-rosa
Já perdi as contas de quantas vezes estive no parque, até porque eu costumava guiar as trilhas eventualmente quando trabalhava na antiga Fundação do Meio Ambiente, atual Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade, que é responsável pela administração do parque (uma das funções que eu mais gostava de desempenhar).

Vista no deck quando você olha para cima
Vista no deck quando você olha para cima
Espécie de borboleta listrada, branca e cinza, pousada numa folha
Uma das muitas espécies de borboletas
Já fazia quase um ano que eu não ia, então aproveitei o último sábado de sol e vento fresco para caminhar muito por lá. Foi a primeira vez que eu avistei uma coruja, o que me deixou muito feliz. Ela estava paradinha no galho, dormindo, numa árvore perto do deck (que, aliás, foi reformado recentemente e está lindo!). Antes de ir embora, passei lá de novo e ela continuava no galho, mas agora bem acordada e de olho em mim.

Trecho de floresta com céu azul ao fundo
Se você olhar bem, verá a lua no céu
Uma espécie de briófita e outra planta
Uma espécie de briófita e outra planta
Vi ainda outras aves, várias borboletas e demais insetos. O que eu percebi foi a ausência de muitas árvores. Conversando com uma amiga minha que trabalha na Secretaria, ela disse que várias caíram. Espero que a floresta se recupere, porque esse espaço é precioso, abrigo de uma biodiversidade rica e fonte de uma energia calmante e revitalizante. Saí de lá renovada.

Espécie de fungo dominando o tronco caído
Espécie de fungo dominando o tronco caído
Uma parte da trilha coberta por plantas
Uma parte da trilha coberta por plantas
Localizado no centro de Blumenau, o parque tem 23 hectares de Mata Atlântica e um pequeno curso d'água, que nasce lá dentro. Você pode caminhar em quatro trilhas autoguiadas: Trilha do Tatu (483 metros), Trilha da Cutia (82 metros), Trilha Caminho das Águas (723 metros) e Trilha do Tucano (415 metros).

Nó de árvore
"É o nó da madeira"
Espécie de herbácea com flor azul
Espécie de herbácea
O parque recebe visitantes em quase todos os dias da semana e a entrada é gratuita. Se você vai sozinho ou em um grupo pequeno de pessoas, é só chegar e percorrer as trilhas seguindo as placas. Para grupos maiores, de escolas, instituições públicas/privadas ou em atividades promovidas pela própria secretaria (caminhadas noturnas, diurnas ou observação de animais), é necessário agendamento, e a visita é feita com guia. Segundo a secretaria, mais de 13 mil pessoas visitaram o parque entre 2017 e 2020.

Espécie chamada Psychotria nuda
Espécie chamada Psychotria nuda
As pesquisas científicas realizadas no São Francisco já identificaram 394 espécies de flora (entre nativas e exóticas), 22 espécies de mamíferos134 espécies de aves (sendo 67 consideradas raras) e a publicação de duas novas espécies de fungos (Fomitiporia atlantica e F. subtilíssima). Em 2018, foi realizado o I Simpósio de Pesquisas do Parque São Francisco, com o objetivo de divulgar essas descobertas.

A coruja

Nova Rússia

Minha primeira vez na Nova Rússia foi em 2014, durante a Caminhada das Nascentes, um trajeto de 10 quilômetros da entrada da localidade (na Estação de Tratamento de Água III) até a entrada do Parque Nacional Serra do Itajaí, que é gerido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), um órgão federal. Desde então, já visitei a região várias vezes, tanto a trabalho quanto lazer.

Rio que cruza o terreno do restaurante
Rio que cruza o terreno do restaurante
Mesa com arranjo de flor e montanhas ao fundo
                              Vista do restaurante

Além do PNSI tem o Parque das Nascentes, que fica dentro do parque nacional e é administrado pelo Instituto Parque das Nascentes. São quatro trilhas, e a do Morro do Sapo tem uma vista incrível! A Nova Rússia abriga ainda o Parque Ecológico Spitzkopf (propriedade privada), o Ecomuseu Dr Agobar Fagundes, a Pousada Rio da Prata, alguns restaurantes (que costumam vender produtos caseiros) e vários acessos ao rio para tomar banho. Nos fins de semana de calor, é certo encontrar muitas pessoas se refrescando nas águas.
 
Arranjo de flor com a seguinte frase no vaso: "Seja a sua mente o seu próprio paraíso"
"Seja a sua mente o seu próprio paraíso"
No domingo, fomos até o restaurante Permita Ser, que fica no mesmo terreno da pousada. Antes do almoço, caminhamos um pouco pela trilha em meio à floresta que tem na propriedade e eu tomei um banho de rio, que estava maravilhoso! Tem vários acessos ao rio e alguns afluentes nessa trilha, e ficamos bem no começo, num dos afluentes. A água estava totalmente cristalina e refrescante. Eu sou apaixonada por água e aproveito todas as oportunidades para dar um mergulho, seja no rio ou mar. 

O almoço vegetariano (pizzas com saladas orgânicas da horta do restaurante, deliciosas) foi acompanhado de música ao vivo por Lúcio Locatelli e um vento fresquíssimo, coroando a paisagem das montanhas ao sol e um fim de semana de muita natureza.

Música especial a pedidos: Certos amigos, do grupo Expresso Rural

Serviço:

Parque São Francisco
Endereço: Rua Ingo Hering, 390, Centro, Blumenau, 89010-205
Horários de funcionamento:
De terça a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h.
Sábados, domingos e feriados, das 8h às 12h e das 13h às 16h.
O parque é fechado para manutenção nas segundas-feiras e em dias de chuva.
Entrada gratuita.

Restaurante Permita Ser
Endereço: Rua Minas da Prata, 170, Progresso, Blumenau, 89027-386
Horários de funcionamento:
Sábados e domingos, mediante reserva.
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Feliz Natal sustentável

Por Letícia Maria Klein •
24 dezembro 2020
O ano está chegando ao fim, e que ano tivemos! Completamente diferente de tudo o que tínhamos vivido até então. Um ser vivo microscópico impactou o mundo inteiro e foi capaz de transformar relações sociais e mudar parâmetros que já estavam estabelecidos nos sistemas econômicos e políticos ao redor do globo.

Foi preciso que todos se unissem para superar os desafios que o vírus nos trouxe. Ainda é. Cada um individualmente e também em níveis organizacionais, empresariais e governamentais. A pandemia de Covid-19 foi uma professora severa e deu à humanidade muitas lições. Cada um aprendeu o que mais precisava aprender, passando pelo que precisávamos para continuar evoluindo e melhorando, como indivíduos e coletividade.

Tudo e todos estão interligados e são interdependentes, e o novo coronavírus provou isso. Não interessa em que parte da Terra você esteja, você sentirá os impactos que acontecem do outro lado de alguma forma e em algum momento. Tudo, absolutamente tudo que fazemos no nosso dia a dia provoca reações, não importa o tamanho ou o alcance. Por isso é tão importante, ou melhor, é fundamental, cuidarmos de nós mesmos, do outro e do meio.

Isso é sustentabilidade, e é a única forma que os seres vivos e os ambientes, unidos neste planeta que chamamos de casa, têm para prosperar e viver em equilíbrio.
 
Letícia segurando o gato Spock, os dois com toquinha de Papai Noel

Desejo um Natal feliz e sustentável para você, com atitudes e momentos que preencham a alma e nutram as relações.

Um ecobeijo e até breve.

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