Projeto Tamar em Florianópolis

Por Letícia Maria Klein •
21 outubro 2014
Quando era adolescente, eu queria ser bióloga para trabalhar no Projeto Tamar. Sempre achei o máximo poder cuidar de tartarugas e ajudar a preservar a espécie! Tive a oportunidade de visitar a unidade do Projeto Tamar em Florianópolis e comprovei que é mesmo o máximo. O pessoal faz um ótimo trabalho de educação ambiental e de preservação das tartarugas marinhas. Eles ajudam na hora da desova, cuidam das que não conseguiram sair do ninho e reabilitam aquelas que se machucam em redes para que possam voltar ao mar, entre outras atividades. E eu ainda quero trabalhar no Tamar!



Existem três tipos de tartarugas: as que vivem na terra (jabutis), as que vivem em aquários (cágados) e as que vivem no mar (marinhas). O Projeto Tamar se dedica às espécies marinhas, que são cinco no Brasil: tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-verde (Chelonia mydas) e tartaruga-gigante (Dermochelys coriacea). 


Todas as cinco espécies, em seu tamanho real

Adivinha por que a tartaruga-de-pente tem este nome? Porque o casco dela era utilizado para fazer pente, de cabelo mesmo. Imagina! Matar uma tartaruga pra fazer pente!? Usa um garfo, oras, estilo à la Ariel. 

Garfo pra pentear, genial!

Quando eu fui havia duas excursões de escola, uma de crianças e a outra de adolescentes. Foi bem interessante acompanhar a turma dos pequenos e ver como os instrutores do Tamar falam com eles, usando uma linguagem lúdica e falando a língua deles, por assim dizer. E as crianças estavam super empolgadas!

O que chama a atenção mesmo são as tartarugas nos tanques. Durante a desova, alguns filhotes que estão no fundo do ninho (as tartarugas marinhas fazem ninhos na areia da praia) não conseguem subir a pilha de ovos e acabam morrendo. Para evitar que isso aconteça, o Projeto Tamar recolhe estes indivíduos e cuida deles por toda a vida.  quatro tanques na unidade, sendo que um está com filhotes no momento. A maioria das espécies atinge a fase reprodutiva entre os 20 e 30 anos de idade. A diferença entre machos e fêmeas está no rabo (o deles é maior) e nas nadadeiras (os machos têm unhas para poder segurar as fêmeas na hora do acasalamento). 


Este é um filhote de tartaruga-de-pente

O espaço do Tamar em Floripa é muito bacana. Além dos aquários, tem sala de vídeo, onde você assiste a um vídeo de 15 minutos sobre o projeto. Segue o modelo de um telejornal, apresentado por duas tartarugas. Ao longo dos caminhos entre os aquários, há várias placas informativas, objetos e cascos de tartarugas. Tem até uma ossada de golfinho!



As placas dão várias informações sobre as tartarugas marinhas, incluindo os perigos que algumas atividades humanas representam para elas. A pesca e a poluição dos mares são os dois grandes vilões na vida destes animais. As tartarugas acabam se enroscando nas redes de pescas ou ficam presas em anzóis. Para contornar este problema, o Tamar, por meio de campanhas educativas, sensibilização e conscientização ambiental das comunidades locais, promove a busca de alternativas de subsistência não predatórias para os pescadores e suas famílias.

O problema do lixo é grande, principalmente o plástico. Como a tartaruga não tem dente, ela não identifica que está comendo um pedaço de plástico, por exemplo. Ela vai engolindo. Os plásticos no estômago da tartaruga vão ocupando espaço e criando bolsas de ar. A tartaruga, para se alimentar, sobe à superfície para respirar e depois retorna ao fundo do mar. Se o estômago dela está cheio de ar, ela não consegue descer para procurar comida e acaba morrendo de fome


Todos nós podemos ajudar neste quesito, evitando sacolas plásticas e não jogando lixo fora da lixeira. Outra forma de ajudar é fazer doações ao Tamar ou comprar os produtos, que são criados pelas comunidades envolvidas na preservação das tartarugas-marinhas. Pra terminar, um clipe bem legal que o grupo Dazaranha gravou para o projeto. 


Gostou? Já conhecia? Já visitou alguma unidade do Tamar pelo Brasil? São mais de 20 unidades ao longo do litoral brasileiro. Se tiver a oportunidade de visitar, visite, vale muito a pena! Veja também outras opções maravilhosas de passeios na natureza ou relacionados às questões ambientais que você pode fazer no Brasil.
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A família aumentou: Os 10 Rs da sustentabilidade

Por Letícia Maria Klein •
10 outubro 2014
Os 3 Rs da sustentabilidade já são bem famosos. Reduzir, reutilizar e reciclar viraram até música, como eu mostrei neste post sobre o trio. O tempo passou, as circunstâncias mudaram e a família dos erres amigos do meio ambiente cresceu. Algumas listas trazem quatro, outras seis, sete e até oito. Juntando daqui e dali, decidi deixar o grupo ainda maior. Conheça os 10 Rs da sustentabilidade



Recusar produtos que agridem a natureza em qualquer estágio de sua produção, desde a extração de matéria-prima ao descarte. Recusar produtos ou serviços de empresas que não respeitam a legislação ambiental, que usam mão de obra escrava ou que fazem testes em animais. Uma pesquisa rápida na internet revela muito sobre produtos e empresas. Também vale entrar em contato com a companhia para tirar suas dúvidas.

Repensar e refletir sobre atitudes diárias, especialmente de consumo, e como elas impactam o meio a nossa volta. Tudo que a gente faz a cada dia provoca impactos, sejam positivos ou negativos. O segredo está em agir de uma forma que gere o mínimo impacto negativo possível. O consumo consciente é um grande aliado nesse processo e existem várias cartilhas na internet cheias de dicas de como colocá-lo em prática no dia a dia. 

Reduzir nossa pegada ecológica, a marca que deixamos no planeta ao viver e consumir. O consumismo é prejudicial à vida na Terra e gera um dos principais problemas ambientais da atualidade: o lixo. Reduzir o impacto negativo sobre o planeta é agir com consciência, responsabilidade, pensamento coletivo, respeito aos seres vivos e respeito aos bens naturais dos quais tanto dependemos. 

Reutilizar aquilo que seria descartado, dando-lhe outro destino. O que para uns é lixo, para outros é solução. Quando reutilizamos objetos, estendemos sua vida útil e diminuímos a pilha de lixo. Uma calça jeans pode virar uma bolsa, garrafas pet podem virar brinquedos, CDs e DVDs podem ser usados como decoração em um quadro. O importante é abusar da imaginação! 



Reparar o que tem conserto. Assim como o reutilizar, o reparar também aumenta a utilidade dos objetos. Consertar um móvel, remendar um rasgo numa roupa ou bolsa. Se algo pode ser arrumado ou consertado, ainda é útil e não precisa ser substituído. 

Reciclar quando não tem mais reuso ou reparo. Retornar materiais como papel, plástico, metal e vidro à cadeia produtiva para que virem outros produtos reduz tanto o lixo quanto a extração de matéria-prima que seria empregada na produção de objetos novos. 

Reintegrar à natureza o que dela veio. O lixo orgânico não tem nada de lixo. Cascas de frutas, verduras, podas de árvores e restos de alimentos produzem um rico adubo através da compostagem. Existem vários vídeos na internet que ensinam a fazer tipos diversos de composteiras, tanto para quem mora em casa quanto apartamento. Fazer compostagem reduz a quantidade de lixo que enviamos para os aterros. 

Respeitar a vida, os seres vivos, as pessoas, seu trabalho ou escola, o ambiente, a natureza. O respeito está na base de qualquer relacionamento e é um dos pilares da vida em sociedade. 

Responsabilizar-se por seus atos e os impactos que eles causam, sejam bons ou ruins, pelas pessoas ao seu redor, pelo seu local de trabalho ou estudo, pela sua rua, bairro, cidade. Como morador do planeta, eu sou responsável por ele. E você também. Cada um faz sua parte e todos ganham. A espécie humana, outras espécies e o meio ambiente. 

Repassar os conhecimentos que podem ajudar a tornar o mundo melhor e sustentável. Estou fazendo isso neste post. Faça você também. 

Família bonita, hein?! Opa, está chegando outro membro... Um R de bônus, minha contribuição à causa: reagir às dificuldades com boas atitudes. Vamos todos ser parte da solução, não espectadores do problema. Afinal, acreditar é essencial, mas atitude é o que faz a diferença! Entre tantas coisas que podemos fazer, confira 29 dicas para não sobrecarregar o planeta Terra no nosso dia a dia, além de muitas outras dicas de atitudes e práticas sustentáveis.
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Bee or not to bee? Eis a (grande) questão.

Por Letícia Maria Klein •
02 outubro 2014
Sabia que as abelhas são responsáveis pela polinização de dois terços de toda a produção agrícola? A polinização, que é a transferência do pólen de uma planta para o óvulo de outra, faz com que as plantas fecundem e gerem frutos. O vento ajuda, mas os animais é que ficam com o trabalho pesado: mais de 80% da polinização é feita por eles, principalmente por insetos. As abelhas são parte fundamental deste processo. O problema? Elas estão sumindo! Desaparecendo mesmo, ninguém sabe pra onde elas vão! Bzzz...zzz...zz...z... Abelhas, polinização, alimento. Se as abelhas se extinguirem, adivinha o que também vai ficar escasso?

O caso é sério, sério mesmo. São as abelhas as responsáveis pela polinização em larga escala e não são poucas as culturas agrícolas que dependem delas. Conta só: maça, pêra, laranja, melão, melancia, café, castanha, abacate, morango, mirtilo, pepino, algodão, soja, pêssego, abóbora, cebola, castanhas, entre outras. Cerca de 70% das culturas dependem destes animais. Quanto menos abelhas nas plantações, menor será a quantidade de alimento necessário para suprir a demanda crescente das populações.



O sumiço das abelhas começou a chamar a atenção em 1995, nos Estados Unidos. Estudos foram feitos e indicam que o desaparecimento é causado por um distúrbio chamado CCD (Síndrome do Colapso das Abelhas, em inglês). Foi só em 2007 que o assunto foi discutido oficialmente, em um congresso na Austrália. Naquele país, 31% das abelhas desapareceram, segundo matéria da revista Veja. Os efeitos já são vistos também na Europa, Ásia e na América do Sul, inclusive em alguns Estados do Brasil, como SC, SP, RS e MG. 

O CCD acontece quando uma colônia de abelhas é reduzida a poucos indivíduos dentro de alguns dias ou semanas. Elas simplesmente desaparecem do mapa, deixando tudo para trás: filhotes, mel, pólen e até a rainha. Isto acontece porque a síndrome afeta o sistema nervoso das abelhas, o que impacta seu senso de direção e memória. Uma abelha com síndrome não consegue voltar pra colmeia depois de coletar néctar ou pólen nas flores. 

O que causa o CCD? São várias as possíveis origens, que precisam ser investigadas e combatidas para que as abelhas não sejam extintas. Doenças, pragas, fungos, ácaros, vírus, mudanças climáticas, formas de manejo, déficit nutricional, defensivos agrícolas. Dos agrotóxicos, os mais perigosos para as abelhas são os neonicotinoides. Tanto que, em abril de 2013, a União Europeia decidiu suspender seu uso por dois anos para analisar o impacto da ausência destas toxinas. 


Foto: Abelhas - Irina Tischenko/Getty Images/iStockphoto/VEJA

As abelhas existem há mais de 50 milhões de anos e são imprescindíveis para os ecossistemas. Einstein já dizia! “Se as abelhas desaparecerem da face da terra, a humanidade terá apenas mais quatro anos de existência. Sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora, sem flora não há animais, sem animais não haverá raça humana.” 

Com essa preocupação em mente, um grupo de pesquisadores liderado pelo CETAPIS (Centro Tecnológico de Apicultura e Meliponicultura do Rio Grande do Norte) criou a campanha Bee or not to be e uma petição pela proteção às abelhas. Lançada em 2013, ela “quer alertar a população e buscar apoio para a proteção dos insetos no Brasil e no mundo”. A petição será entregue ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente em novembro de 2014 (próximo mês, gente!) com o objetivo de exigir ações efetivas para combater o CCD. Vamos ajudar! Assine e compartilhe a petição. Se quiser ajudar mais ainda, você pode recolher assinaturas e enviar para a sede do projeto. 

O site da campanha também disponibiliza o aplicativo Bee Alert, onde apicultores, meliponicultores e a comunidade científica podem registrar e documentar as ocorrências de desaparecimento ou perda de abelhas, indicando o local, intensidade e possíveis causas. As informações geradas colaborativamente ajudam no estudo do desaparecimento das abelhas e contribuem para o esforço de proteção a estes insetos. 

Além de assinar a petição e espalhar a palavra, podemos fazer mais pelas abelhas, como por exemplo, plantar árvores, cultivar flores em casa, consumir produtos orgânicos, ter colmeia em casa (com abelhas sem ferrão, claro) e consumir conscientemente, além de muitas outras atitudes e práticas sustentáveis que você pode adotar no dia a dia.

A frase de Shakespeare que inspirou o lema da campanha (To be or not to be – ser ou não ser) não foi usada apenas pela sonoridade com a palavra abelha em inglês (bee), ela tem tudo a ver com a questão. A nossa existência pode estar ligada diretamente à existência desses pequenos insetos.
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