Dia Mundial do Meio Ambiente: 24 dicas de como ser sustentável em 5 áreas da vida

Por Letícia Maria Klein •
05 junho 2024

Chegou mais um 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, para nos relembrar que todo dia é dia de agirmos pensando na nossa grande casa terrena. Para combinar com a data neste ano de 2024, seguem aqui 24 dicas para você cuidar melhor de si, do outro e do ambiente em cinco áreas ou aspectos da vida, do micro ao macro. 



Espelho, espelho meu

Cuidar de si (corpo, mente e espírito) é essencial se quisermos ter uma vida saudável, consciente e feliz, e fica melhor ainda quando alinhamos esse cuidado a um estilo de vida que também cuida do planeta.

- Consuma produtos orgânicos sempre que possível. Atualmente existem muitas opções no mercado, mas vale buscar por feiras livres e também associações de produtores orgânicos e agroecológicos que entregam cestas (descobri recentemente um desses grupos de compras coletivas em Blumenau, caso você more aqui e tenha interesse).

- Ao comprar produtos de beleza e higiene pessoal, priorize marcas que não fazem testes em animais, que sejam veganas, que tenham ingredientes de origem natural e orgânica e também opção de refil, assim você reduz o consumo de embalagens plásticas. 

- Quando precisar de roupas, busque antes em brechós ou troque com amigos ou familiares. Se não encontrou, procure por marcas responsáveis e slow fashion e prefira peças feitas com fibras naturais, como algodão e linho.

- Fortaleça seu corpo e mente com exercícios físicos.

- Tenha um momento no dia que seja seu, mesmo que por 15 minutos, para relaxar, desacelerar, refletir, meditar, respirar conscientemente, ler uma mensagem edificante, olhar o céu, admirar a beleza natural que te cerca. Esse tipo de ação nos acalma e nos traz para o presente, aumentando a nossa consciência e percepção sobre nós mesmos e nosso agir no mundo.

Casa

- Monte uma horta em casa ou apartamento (neste caso, as verticais na sacada ou numa parede que pega sol são ótimas) com os temperos e hortaliças que mais consome. Além de garantir uma alimentação orgânica, você economiza dinheiro. 

- Quer diminuir pela metade a quantidade de resíduos que produz? Faça compostagem! Pode ser com composteira seca, minhocário ou direto na terra se você mora em casa. Você também pode buscar por programas de compostagem na sua cidade e se inscrever para ter seus resíduos orgânicos recolhidos. 

- Substitua as sacolas plásticas nas lixeiras por sacos ou sacolas de papel. Para guardar os resíduos recicláveis, use as embalagens dos produtos que compra e também caixa de papelão que você pode pegar em mercados.

-  Aproveite as cascas e sementes de alguns alimentos para fazer aperitivos, sopas, cremes, bolos, tortas etc. Cascas e sementes de abóbora no forno, com sal e azeite de oliva, ficam uma delícia!

Lazer

- Quando viajar, compense sua pegada de carbono comprando créditos de carbono de projetos de reflorestamento. Algumas companhias aéreas fornecem essa opção durante a compra da passagem.

- Se você gosta de trazer souvenirs de volta da viagem, compre de produtores locais e artesãos.

- Leia livros, assista filmes e documentários e acompanhe perfis que falam sobre a temática socioambiental, para conhecer sobre diversos aspectos e aprender cada vez mais formas de viver de maneira sustentável. 

- Experimente atividades de lazer de baixo custo e baixo carbono, como fazer um piquenique no parque, jogar com os amigos em casa, nadar no rio, fazer doces com as crianças, montar um quebra-cabeça...

- Se for passear numa feira ao ar livre ou num festival, por exemplo, tenha sempre um copo retrátil à mão ou à tiracolo para beber ou comer sem usar copos descartáveis. 

Trabalho fora

- Tenha uma caneca e uma garrafa de água para evitar os descartáveis na empresa.

- Se você almoça na rua, prefira almoçar no restaurante em vez de pegar marmita ou leve seu próprio pote para isso.

- Converse com seus colegas sobre terem uma composteira na cozinha. 

- Desligue o computador na hora do almoço, para economizar energia.

- Dê carona ou vá de carona com colegas, se você costuma usar carro.

Sociedade

- Quando sair, leve um kit sustentável consigo, contendo: talheres, guardanapo de pano e canudo não descartável. 

- Vote em candidatos com propostas que contemplem adaptação climática e medidas ambientais protetivas e acompanhe as consultas públicas no site do Senado, votando contra propostas que prejudicam o meio ambiente e consequentemente a nós mesmos e outros seres. 

- Se você frequenta restaurantes onde os talheres são embalados em plástico, sugira ao proprietário ou gerente trocar o saquinho por papel ou por uma caixa para os talheres. Já fiz e funciona!

- Infelizmente ainda vivemos em sociedades de consumo, então precisamos ter cuidado para não cairmos nas armadilhas de consumismo. Quando precisar de algo (atenção, precisar, não somente querer!), pergunte-se: por que comprar? O que comprar? Como comprar? De quem comprar? Como usar? Como descartar? E experimente esperar um mês ou mais antes de comprar pra ter certeza de que aquilo é de fato necessário. E se conseguir comprar usado, todos saem ganhando!

- Leve determinados resíduos a pontos de coleta específicos, como lâmpadas, pilhas e baterias, óleo de cozinha usado (esses três costumam ser aceitos em grandes redes de mercado), roupas para doação e reciclagem (como o programa Caixa Solidária) e embalagens plásticas (como o programa Boti Recicla, nas lojas do Boticário, que aceita produtos de todas as marcas). 


Já faz alguns desses? Me conte aqui embaixo, e obrigada por vir!

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Tragédia climática no RS escancara necessidade de mudanças de pensamento e comportamento

Por Letícia Maria Klein •
07 maio 2024



Ilustração de Alberto Benett na Folha de S. Paulo 


"Somos feitos uns dos outros", diz Satish Kumar no livro "Amor radical", lançado em português em 2024 pela editora Bambual. 


Somos feitos das nossas experiências, das nossas interações com os outros seres, das emoções e sentimentos que vivenciamos desde o nascimento, de tudo o que lemos, vemos e ouvimos, do que damos e recebemos, de tudo que pensamos e fazemos, do que é feito conosco, de tudo o que nos alimenta, física e espiritualmente. Somos feitos dos nossos pais, amigos, conhecidos e até dos "estranhamentos". 


Somos feitos de carne, osso, sangue, alma, carbono, água, de minerais e vitaminas que adquirimos dos alimentos que vêm do solo e que passaram por diferentes mãos para chegar até nós. Somos feitos do ar que é gerado por algas marinhas e plantas terrestres, ar que é poluído pelo excesso de gases dos veículos e fábricas e por microplásticos que invadem nossos corpos e os dos animais sem pedir licença. 


Somos feitos da mesma água que abastece rios, lagos, mares e tantos outros seres vivos, todos dependentes do líquido que dá vida. Somos feitos do solo que nos sustenta e gera vida, que por sua vez nos alimenta com seus frutos e nos abriga com sua madeira, entre tantos outros presentes que não comumente reconhecemos nem valorizamos.  


Somos feitos das consequências de tudo que causamos - e tudo que causamos têm consequências, sejam pequenas ou grandes, boas ou más, individuais ou coletivas. Nós somos enquanto estamos em constante troca com o meio que nos cerca. 


Envenenar o solo com agrotóxicos, poluir o ar com gases nocivos, sujar a água com produtos químicos e plásticos, consumir sem critérios - sem pensar na necessidade da compra, na cadeia produtiva, na vida útil e no futuro descarte do produto, na responsabilidade social e ambiental das empresas - e votar em políticos que não pensam holisticamente e em longo prazo significa prejudicar a nós mesmos, agora e depois. 


As mudanças climáticas, que têm se manifestado na forma de eventos intensos e cada vez mais frequentes em todo o planeta - incluindo as enchentes no Rio Grande do Sul - são consequências dos comportamentos egoístas, individualistas, imediatistas e desconectados do meio e dos outros seres vivos que a humanidade tem tido nos últimos 400 anos principalmente (partindo da expansão do pensamento cartesiano e da Revolução Industrial). 


Agimos como se nossas ações não tivessem repercussão ou impacto sobre tudo o que nos cerca, como se fôssemos totalmente independentes e separados do solo, da atmosfera, da água e dos outros seres vivos que abrigam este mesmo planeta Terra onde vivemos. É um absurdo pensar que podemos ter um modelo econômico de crescimento infinito num mundo com bens naturais limitados, e ainda assim é dessa forma que a maioria absoluta das sociedades está estruturada. As consequências disso são inevitáveis e já chegaram, trazendo o aviso de que a situação vai piorar se nós não modificarmos nossas linhas de pensamento e ação. 


Precisamos mudar nossos comportamentos enquanto indivíduos, coletivos, instituições e estruturas sociais. O que fazemos reverbera no todo, que depois retorna a nós mesmos. Mudanças climáticas não são somente um assunto ou um problema ambiental, assim como nenhum outro é, porque tudo o que afeta o ambiente afeta diretamente a sua biodiversidade, à qual pertence a espécie humana. Segundo informações do Observatório do Clima nesta semana, vinte e cinco projetos de lei e três emendas à Constituição estão tramitando no Congresso brasileiro, com alta probabilidade de avanço imediato e que, se aprovados, "causarão dano irreversível aos ecossistemas brasileiros, aos povos tradicionais, ao clima global e à segurança de cada cidadão". Causarão danos a cada um de nós. 


Falar de mudanças climáticas é falar de produção de alimentos, de infraestrutura urbana, de saúde, de desigualdade social (visto que a maioria dos atingidos são as populações mais pobres e marginalizadas), entre outros temas que dizem respeito à vida humana em sociedade. É primordial voltarmos a viver e a ver a vida de maneira holística e sistêmica, compreendendo que estamos todos interligados numa teia existencial complexa e delicada, da qual não é possível sair e da qual dependemos integralmente. 


Somos feitos uns dos outros, então tudo que fazemos aos outros - sejam eles quem ou o que forem - fazemos a nós mesmos. Viver de maneira sustentável é, antes e acima de tudo, valorizar a vida. Não é um tripé com base financeira, é um tripé baseado no amor: a preservação da vida no planeta depende de cuidarmos de nós mesmos, do outro e do meio que nos sustenta, em relações de afeto, respeito e solidariedade. 

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