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Dia Mundial do Meio Ambiente: 24 dicas de como ser sustentável em 5 áreas da vida

Por Letícia Maria Klein •
05 junho 2024

Chegou mais um 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, para nos relembrar que todo dia é dia de agirmos pensando na nossa grande casa terrena. Para combinar com a data neste ano de 2024, seguem aqui 24 dicas para você cuidar melhor de si, do outro e do ambiente em cinco áreas ou aspectos da vida, do micro ao macro. 



Espelho, espelho meu

Cuidar de si (corpo, mente e espírito) é essencial se quisermos ter uma vida saudável, consciente e feliz, e fica melhor ainda quando alinhamos esse cuidado a um estilo de vida que também cuida do planeta.

- Consuma produtos orgânicos sempre que possível. Atualmente existem muitas opções no mercado, mas vale buscar por feiras livres e também associações de produtores orgânicos e agroecológicos que entregam cestas (descobri recentemente um desses grupos de compras coletivas em Blumenau, caso você more aqui e tenha interesse).

- Ao comprar produtos de beleza e higiene pessoal, priorize marcas que não fazem testes em animais, que sejam veganas, que tenham ingredientes de origem natural e orgânica e também opção de refil, assim você reduz o consumo de embalagens plásticas. 

- Quando precisar de roupas, busque antes em brechós ou troque com amigos ou familiares. Se não encontrou, procure por marcas responsáveis e slow fashion e prefira peças feitas com fibras naturais, como algodão e linho.

- Fortaleça seu corpo e mente com exercícios físicos.

- Tenha um momento no dia que seja seu, mesmo que por 15 minutos, para relaxar, desacelerar, refletir, meditar, respirar conscientemente, ler uma mensagem edificante, olhar o céu, admirar a beleza natural que te cerca. Esse tipo de ação nos acalma e nos traz para o presente, aumentando a nossa consciência e percepção sobre nós mesmos e nosso agir no mundo.

Casa

- Monte uma horta em casa ou apartamento (neste caso, as verticais na sacada ou numa parede que pega sol são ótimas) com os temperos e hortaliças que mais consome. Além de garantir uma alimentação orgânica, você economiza dinheiro. 

- Quer diminuir pela metade a quantidade de resíduos que produz? Faça compostagem! Pode ser com composteira seca, minhocário ou direto na terra se você mora em casa. Você também pode buscar por programas de compostagem na sua cidade e se inscrever para ter seus resíduos orgânicos recolhidos. 

- Substitua as sacolas plásticas nas lixeiras por sacos ou sacolas de papel. Para guardar os resíduos recicláveis, use as embalagens dos produtos que compra e também caixa de papelão que você pode pegar em mercados.

-  Aproveite as cascas e sementes de alguns alimentos para fazer aperitivos, sopas, cremes, bolos, tortas etc. Cascas e sementes de abóbora no forno, com sal e azeite de oliva, ficam uma delícia!

Lazer

- Quando viajar, compense sua pegada de carbono comprando créditos de carbono de projetos de reflorestamento. Algumas companhias aéreas fornecem essa opção durante a compra da passagem.

- Se você gosta de trazer souvenirs de volta da viagem, compre de produtores locais e artesãos.

- Leia livros, assista filmes e documentários e acompanhe perfis que falam sobre a temática socioambiental, para conhecer sobre diversos aspectos e aprender cada vez mais formas de viver de maneira sustentável. 

- Experimente atividades de lazer de baixo custo e baixo carbono, como fazer um piquenique no parque, jogar com os amigos em casa, nadar no rio, fazer doces com as crianças, montar um quebra-cabeça...

- Se for passear numa feira ao ar livre ou num festival, por exemplo, tenha sempre um copo retrátil à mão ou à tiracolo para beber ou comer sem usar copos descartáveis. 

Trabalho fora

- Tenha uma caneca e uma garrafa de água para evitar os descartáveis na empresa.

- Se você almoça na rua, prefira almoçar no restaurante em vez de pegar marmita ou leve seu próprio pote para isso.

- Converse com seus colegas sobre terem uma composteira na cozinha. 

- Desligue o computador na hora do almoço, para economizar energia.

- Dê carona ou vá de carona com colegas, se você costuma usar carro.

Sociedade

- Quando sair, leve um kit sustentável consigo, contendo: talheres, guardanapo de pano e canudo não descartável. 

- Vote em candidatos com propostas que contemplem adaptação climática e medidas ambientais protetivas e acompanhe as consultas públicas no site do Senado, votando contra propostas que prejudicam o meio ambiente e consequentemente a nós mesmos e outros seres. 

- Se você frequenta restaurantes onde os talheres são embalados em plástico, sugira ao proprietário ou gerente trocar o saquinho por papel ou por uma caixa para os talheres. Já fiz e funciona!

- Infelizmente ainda vivemos em sociedades de consumo, então precisamos ter cuidado para não cairmos nas armadilhas de consumismo. Quando precisar de algo (atenção, precisar, não somente querer!), pergunte-se: por que comprar? O que comprar? Como comprar? De quem comprar? Como usar? Como descartar? E experimente esperar um mês ou mais antes de comprar pra ter certeza de que aquilo é de fato necessário. E se conseguir comprar usado, todos saem ganhando!

- Leve determinados resíduos a pontos de coleta específicos, como lâmpadas, pilhas e baterias, óleo de cozinha usado (esses três costumam ser aceitos em grandes redes de mercado), roupas para doação e reciclagem (como o programa Caixa Solidária) e embalagens plásticas (como o programa Boti Recicla, nas lojas do Boticário, que aceita produtos de todas as marcas). 


Já faz alguns desses? Me conte aqui embaixo, e obrigada por vir!

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Reuso e reciclagem de roupas em Blumenau com a Caixa Solidária - que veio para ficar!

Por Letícia Maria Klein •
24 outubro 2023

Olá! Que bom que você está aqui! Eu não aparecia aqui há mais de dois anos, mas volto finalmente e com uma notícia muito boa! A Caixa Solidária, projeto social de reutilização e reciclagem de roupas, retorna a Blumenau de forma definitiva (um teste havia sido feito em 2019, com dois equipamentos). Agora temos 13 pontos na cidade, em diferentes unidades dos mercados Angeloni, Bistek, Brasil Atacadista, Cooper, Giassi, Komprão e Rede Top.  


A Rede Caixa Solidária Brasil é um empreendimento social, criado por Mateus Rossi, que une solidariedade e responsabilidade ambiental, ajudando pessoas em necessidade e contribuindo para a despoluição do nosso meio ambiente - a indústria têxtil é uma das mais poluentes do mundo, e a produção e consumo de peças representa um grande impacto no planeta.


Dados da Aliança das Nações Unidas para Moda Sustentável mostram que a indústria da moda é responsável por de 2 a 8% das emissões mundiais de gases de efeito estufa, pelo consumo de 215 trilhões de litros de água por ano e pela perda material anual de 100 bilhões de dólares devido à subutilização das peças. Os têxteis também são responsáveis por aproximadamente 9% das descargas anuais de microplásticos nos oceanos. Outros dados, estes do relatório State of Fashion, revelam que a produção de material é a parte do ciclo de vida do produto que mais gera impactos ambientais, respondendo por 35% (em seguida vem a fabricação, com 30%; a manufatura responde por 5%; o consumo, por 25%, e o descarte, por 5%). Por isso o reuso e a reciclagem são tão importantes. 


Fonte: Mateus Rossi/Rede Caixa Solidária Brasil

A rede funciona por meio da coleta seletiva de produtos têxteis pós-consumo (nossas roupas, calçados e acessórios) em parceria com a iniciativa privada, organizações não governamentais e o poder público. As peças que estão em boas condições são doadas para instituições sociais, enquanto as demais são encaminhadas para a reciclagem.


Com 15 anos de atuação, o empreendimento possui hoje 350 caixas coletoras instaladas em cinco estados: Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Nesse período, 5,7 milhões de itens foram doados e 1,9 milhão de peças de roupas foram reutilizadas, beneficiando 300 mil pessoas e 86 mil famílias. Considerando as 685 toneladas de peças recicladas, 17,1 mil toneladas de CO2 deixaram de ser emitidas e 1,4 milhão de litros de água foram economizados. A economia com coleta e envio das roupas para aterro sanitário foi de R$ 524 mil. 


Para participar enquanto doador, é só levar as roupas (em sacolas!) até a caixa solidária mais perto de você - chamada de PEV, ponto de entrega voluntária, que costuma estar em algum lugar estratégico com grande circulação de pessoas, como praças e supermercados. Você pode doar roupas, calçados, acessórios feitos de tecido, meias, bonés e gorros, toalhas, travesseiros, cobertores, lençóis, fronhas e demais tecidos - inclusive em mau estado, para que sejam enviados à reciclagem. Depois de recolhidas a cada semana, as peças são triadas e separadas para seu destino final. 


Entidades e instituições que desejam receber peças devem se cadastrar no Portal Social, onde é possível detalhar a demanda por material e acompanhar o status do pedido. Para os parceiros (que hospedam as caixas), são elaborados relatórios comprobatórios periódicos referentes aos PEVs instalados.


No site do projeto você consegue encontrar as caixas localizadas em Santa Catarina. A localização das caixas nos outros estados está na plataforma do Exército de Salvação, entidade parceira na gestão logística - até o fim do ano, todos os dados estarão unificados no site da Rede Caixa Solidária Brasil. 


A previsão é que mais de 400 PEVs estejam em operação até o fim de 2023. Uma das parcerias institucionais da Rede que tem viabilizado a expansão do projeto para todas as regiões de Santa Catarina é com a Associação Catarinense de Supermercados, que tem 922 lojas associadas no estado. Outra parceria é com o Judiciário catarinense, que firmou convênio com a Associação Cidadania em Ação para a colocação de Caixas Solidárias na sede do Tribunal de Justiça e comarcas polo. No Paraná, mais caixas devem aparecer ao longo dos próximos meses graças à parceria com a Associação Paranaense de Supermercados. 


Você já viu uma Caixa Solidária na sua cidade? Que destino você costuma dar para as peças que não usa mais? Comente aqui embaixo, e obrigada por vir. 

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Como reutilizar a água da máquina de lavar?

Por Letícia Maria Klein •
20 agosto 2020
Marcos Deringer criou seu próprio sistema para reutilizar a água da máquina de lavar roupa. Tudo surgiu a partir de uma necessidade da família, que mora em Blumenau/SC. Na época, a mãe de Zaira, esposa de Marcos, estava doente, e a casa vivia cheia de gente (as irmãs de Zaira ficavam lá para ajudar). Esse movimento gerava uma grande quantidade de roupas para lavar, incluindo roupa de cama e cortinas, que precisavam ser constantemente limpas para aliviar o problema pulmonar da senhora.

Como reutilizar água da máquina de lavar


Pensando numa forma de reduzir os gastos na fatura de água, o casal decidiu reutilizar a água da máquina de lavar. Meio engenheiro que é, Marcos construiu a “engenhoca”. Utilizando como coletor uma caixa d’água de amianto que tinha no forro da casa (que não pode mais receber água potável por causa da contaminação), ele fez uma ligação da máquina de lavar para levar a água do enxágue até à caixa d’água, que está conectada à caixa do vaso sanitário principal da casa, utilizado pelo casal e a filha. 

Ligação do cano da máquina de lavar, feito por Marco Deringer
Ligação do cano da máquina de lavar, feito por Marco Deringer

Para evitar que fiapos e penugens de tecido passem da máquina para a caixa e entupam o cano, o que acontecia no começo, Marco colocou uma rede na entrada da tubulação. Para manter a caixa d’água limpa, eles utilizam pastilhas de cloro, daquelas usadas em piscinas, e Marco faz a manutenção da caixa uma vez por ano, para retirar o excesso de gordura causado pelo sabão. A mesma caixa d’água também recebe água da chuva, por meio de um cano que sai da calha.

Funcionamento do sistema de reaproveitamento da 
água da máquina de lavar feito por Marco Deringer

O sistema funciona há pelo menos três anos e atende bem à necessidade da família. Hoje em dia, as roupas são lavadas no fim de semana, então entre quarta e quinta-feira acaba a água da caixa. Com o reaproveitamento, eles conseguem economizar seis mil litros de água por mês, passando de 25 mil litros como era anos atrás para 19 mil (o que dá uma média de 4,7 mil litros de água por pessoa na casa, onde mora também o pai de Zaira).

Como você pode reutilizar a água da máquina

Ficou empolgado? Você também pode fazer isso em casa, claro! Uma das formas é usar um kit de reuso de água para máquina de lavar, acoplando uma pequena cisterna ou galão para coletar a água cinza, como é chamada a água que sobra de atividades domésticas, como lavação de louça e roupa e água do banho. Se você quiser comprar pronto, tem algumas opções no mercado (é fácil de encontrar online), ou você mesmo pode fazer o seu kit de reuso.

Algumas máquinas de lavar roupa já vêm com uma função que permite que você retire a água com sabão. Para isso, você deve selecionar essa função específica, esperar até o fim da etapa (a máquina vai avisar, provavelmente com uma luz no painel) e colocar a mangueira da máquina em um recipiente para coletar a água. Consulte o manual do equipamento ou o site do fabricante para saber se a sua máquina tem esse modo de reutilização.

Se você já reaproveita a água da máquina de lavar roupa ou ficou super a fim de fazer isso a partir de agora, comente aqui embaixo.

Um ecobeijo e até breve.
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Dica de consumo consciente: dê um poema de presente

Por Letícia Maria Klein •
21 julho 2020
“Presas as palavras não querem ficar,
transborde e deixe o amor te levar.
É tempo de tanta coisa dizer
Está fora de moda sofrer.”

Você já pensou em dar um poema de presente? Não um poema pronto, de algum poeta famoso, mas sim um criado especialmente a partir das tuas experiências e dos teus sentimentos por alguém especial. Essa é a proposta do Presente Poema, elaborado pela minha amiga Mari Gomes Sievert, da Casa Aberta. A ideia é unir seu sentimento com a forma de escrita poética, para reviver doces lembranças. 

Presente Poema

O Presente Poema é feito a partir do seu olhar, das suas impressões, das suas lembranças e da sua história, por isso ele é único, como você. É a expressão do melhor de ti para saudar o melhor da pessoa que vai recebê-lo. Com um poema como presente, você pode declarar seu amor, relembrar momentos queridos e aquecer o coração de alguém de uma forma sustentável.

As vantagens do presente poema são várias, especialmente nesta época de pandemia que estamos vivendo, com o isolamento social e a necessidade de ficar em casa o máximo possível. Nesse momento delicado, o presente poema reconecta as pessoas e te permite presentear alguém sem sair de casa, numa demonstração de cuidado com você e com os outros. O presente poema é comprado e elaborado a distância e não gera quase nada de resíduos no processo, pois é um presente virtual (os papéis de rascunho usados no processo de criação são compostados depois). 

Funciona assim: você encomenda o presente pelo site e agenda uma conversa com a Mari para que ela crie o poema a partir dos teus relatos. Por isso, o processo acaba sendo terapêutico para você, pois é uma forma de liberar teus sentimentos e memórias.

Iniciativa linda, né? Fica melhor ainda com uma vantagem que tem para você que acompanha o Sustenta Ações. Com o código LETICIA0720, você ganha um desconto especial! É só inserir na hora de fechar a compra. Na próxima vez que quiser presentear alguém, lembre-se do presente poema, uma opção sustentável, de consumo consciente e lixo zero.

Um ecobeijo e até breve.
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A boca de lobo azul ecológica criada em Blumenau. E você pode ter uma!

Por Letícia Maria Klein •
05 maio 2020
"A água passa, o lixo fica e o rio agradece." Esse é o lema do bueiro ecológico criado por Tiago dos Santos, empresário que vive em Blumenau/SC. A partir de suas vivências no rio e preocupado com a poluição, Tiago criou a boca de lobo azul ecológica. Produzido na sua empresa (Top Quadros), o equipamento substitui as tradicionais grades de bueiro e possui um filtro que evita que o lixo caia na rede de drenagem e, consequentemente, no rio. Em entrevista exclusiva ao blog, Tiago contou tudo sobre o projeto e o produto que já está à venda para todo o país (sim, você pode ter um!).

Boca de lobo azul ecológica
Primeira boca de lobo azul ecológica de Blumenau. Foto: Tiago dos Santos.
Como e quando surgiu o projeto? 
Surgiu em 2018, numa ação voluntária empresarial com o objetivo de conter a poluição. Eu não inventei o sistema em si, apenas aprimorei. Com base nas minhas experiências dentro do rio, vendo tanto lixo, foi fácil entender de onde ele acaba vindo.

Vídeo mostrando o funcionamento do bueiro ecológico.
Vídeo mostrando o funcionamento do bueiro ecológico. Fonte: Tiago dos Santos.
Quantas limpezas mensais você já fez no bueiro em frente à sua loja (o pioneiro)? 
Tenho feito em média duas limpezas no mês. Em 2019, foram 22 limpezas. As limpezas só são necessárias após as chuvas, que é o momento em que os resíduos orgânicos, como folhas, galhos, pedra, e o lixo caem dentro e você precisa fazer a manutenção. Ela não é necessária após cada chuva, depende da quantidade de lixo que cai; se tiver um entupimento muito grande, tem que fazer a manutenção. Eu faço periodicamente para ter o registro fotográfico desses resíduos, da classificação e da limpeza.

Limpeza do bueiro ecológico com orgânicos e lixo
Limpeza do bueiro ecológico com orgânicos e lixo. Foto: Tiago dos Santos.
Quantos bueiros tem na cidade? 
Já temos oito instalados (dois na minha empresa), dois para serem instalados na Fundação Fritz Müller, e outros nove equipamentos já fabricados para serem instalados em frente a escolas, que foram viabilizados pelo edital que eu ganhei da Fundação Fritz Müller no valor de R$ 5 mil. Tenho até o final do ano para instalá-los em frente a essas nove escolas. Então, até o fim do ano, teremos 19 bueiros instalados.

Bueiro ecológico em frente à escola Luiz Delfino
Bueiro ecológico em frente à escola Luiz Delfino. Foto: Tiago dos Santos.

Bueiro ecológico em frente à escola Profª Zulma Souza da Silva
Bueiro ecológico em frente à escola Profª Zulma Souza da Silva. Foto: Tiago dos Santos.
Como funciona a adoção e manutenção de um bueiro ecológico?
A ideia é fazer com que as pessoas mudem o comportamento e passem a ter uma atuação maior na cidade. A ideia de adoção faz com que cada um cuide do seu próprio quintal, digamos. Minha ideia é permitir que as pessoas físicas, empresas e instituições façam a adoção e se responsabilizem pela manutenção. Dessa forma nós vamos garantir o tratamento da drenagem urbana, evitar custos para a prefeitura e deixar a cidade mais bonita. Basta você adquirir um equipamento e fazer a instalação com o auxílio de um pedreiro.

Qual a quantidade de resíduos já coletada nos bueiros?
Um equipamento desse é capaz de evitar que aproximadamente de um a dois quilos de resíduos plásticos ou artificiais vão para os rios. Já a quantidade de material orgânico aumenta muito; a quantidade de material como barro, pedra, folhas, galhos, que vão para os rios, é muito grande. Dentro de um ano, esse peso pode chegar a quarenta quilos. As pessoas têm a impressão de que um quilo parece pouco, mas a conta que deve ser feita é que uma cidade possui milhares de bueiros – Blumenau tem mais de 20 mil. Se você pegar 20 mil bocas de lobo vezes um quilo, são 20 toneladas de lixo dentro da água em um ano.

Mas é importante destacar que o potencial poluidor não está necessariamente relacionado ao peso dos resíduos. Se você pegar um quilo de isopor e jogar na água, vai ser um crime ambiental, porque esse material é muito leve e vai se despedaçar, poluindo uma quantidade muito grande de água e matando muitos animais. O material orgânico que vai para o rio, apesar de não ser poluente, contribui para o assoreamento dos rios, o que leva a prefeitura a ocasionalmente entrar no leito do rio com máquina e cavá-lo, o que não é ideal, porque mexe com toda a biodiversidade daquele ambiente.

Que tipos de resíduos caem no bueiro?
Geralmente são resíduos menores; garrafas e embalagens maiores não entram por causa da grade. O que tem dentro dificilmente pode ser reciclado, porque tem pouco valor econômico devido ao peso, mas na grande maioria das vezes, como dá para ver nas fotos, existe um padrão de bitucas de cigarro (de 20 a 30), embalagens de plástico de bala, chiclete e de chocolate, além de embalagens variadas, como plásticos pequenos e celofane de carteira de cigarro. 

Resíduos plásticos filtrados pelo bueiro ecológico.
Resíduos plásticos filtrados pelo bueiro ecológico. Muitas embalagens de doces e bitucas de cigarro. Foto: Tiago dos Santos.

Resíduos plásticos filtrados pelo bueiro ecológico.
Resíduos plásticos filtrados pelo bueiro ecológico. Foto: Tiago dos Santos.
Na sua opinião, qual a importância desse projeto?
Importantíssimo, tanto na questão de educação, mostrando que é a poluição do rio é um problema, quanto no controle da poluição em si. O bueiro desperta a curiosidade das pessoas e levanta a questão de que precisamos cuidar do saneamento básico e da nossa água.

Qual tem sido a repercussão do projeto desde o início?
A repercussão sempre foi muito grande e positiva, diversas pessoas do Brasil todo comentando e querendo fazer parte, órgãos de imprensa sempre compartilhando. A adesão é muito grande.

Outras cidades já adotaram?

Sim. Gaspar já adotou um equipamento, em frente ao Instituto Federal de Santa Catarina. Santo Amaro da Imperatriz tem dois equipamentos. Tem algumas tratativas para Pomerode e algumas cidades vizinhas.

Algum governo mostrou interesse em tornar o bueiro ecológico uma política pública?
Sim, porém nenhum desses interesses foi para frente. Eu tive contato de várias entidades, de vários políticos, mas até o momento, nada. Acho que vai ter que ser pela iniciativa privada mesmo.

Quais são os próximos passos do projeto?
Continuar evoluindo nessa questão da adoção. Após alguns protótipos, eu cheguei a um produto praticamente ideal, que já está sendo comercializando. Você pode comprar pelo site e recebe o equipamento em casa com instruções de montagem. A ideia é tornar o produto comercial, para que qualquer pessoa ou empresa possa adquirir; para a instalação basta contratar um pedreiro.

Qual a relação do bueiro com a barreira ecológica que você instalou no Ribeirão Jararaca, perto da sua loja?
Eles estão conectados, de certa forma, pois tem o mesmo objetivo de conter a poluição. Um ajuda na função do outro. A barreira tem uma função mais abrangente, porque pode barrar o lixo jogado por cima de uma ponte, por exemplo, mas como é difícil conter um volume de água muito grande, o ideal é fazer o tratamento da drenagem urbana a partir dos bueiros ecológicos. 

Barreira ecológica no Ribeirão Jararaca
Barreira ecológica no Ribeirão Jararaca. Foto: Tiago dos Santos.

Barreira ecológica no Ribeirão Jararaca
Barreira ecológica no Ribeirão Jararaca. Foto: Tiago dos Santos.


A barreira ecológica tem aproximadamente dois anos também, tem uma manutenção um pouco mais difícil, porque eu tenho que entrar no rio, e ela age contra a força da natureza, o dificulta bastante a instabilidade dela. Por causa disso, eu retirei a barreira do rio para mudar o design dela e melhorar essa questão, porque ela estava sofrendo bastante com o impacto da água. 

Vídeo mostrando a limpeza da barreira ecológica.
Vídeo mostrando a limpeza da barreira ecológica. Fonte: Tiago dos Santos.
Qual a quantidade de resíduos recolhidos pela barreira desde a implantação?
Tenho um cálculo aproximado de que ela já recolheu 500 litros de resíduos. A manutenção é anual e requer bastante cuidado: é muito perigoso entrar num rio, por que você pode se contaminar, se machucar ou pegar alguma doença. Mas a barreira tem um efeito bem positivo, só precisa de adequação.

Resíduos barrados pela barreira ecológica no Ribeirão Jararaca. Foto: Tiago dos Santos.
Resíduos barrados pela barreira ecológica no Ribeirão Jararaca. Foto: Tiago dos Santos.
Resíduos barrados pela barreira ecológica no Ribeirão Jararaca. Foto: Tiago dos Santos.
Resíduos barrados pela barreira ecológica no Ribeirão Jararaca. Foto: Tiago dos Santos.
Resíduos barrados pela barreira ecológica no Ribeirão Jararaca. Foto: Tiago dos Santos.
Resíduos barrados pela barreira ecológica no Ribeirão Jararaca. Foto: Tiago dos Santos.
Fantástico esse projeto! É um exemplo de como pequenas atitudes fazem muita diferença. Nós mesmos podemos ajudar a cuidar da limpeza da nossa cidade. Se você mora em um condomínio, fica ainda mais fácil de adquirir um bueiro ecológico em conjunto e criar um pequeno grupo para fazer as manutenções. No site da empresa tem mais informações sobre a boca de lobo azul ecológica e opção de compra.

Um ecobeijo e até breve!
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Oscar 2020: indicados que são engajados em causas ambientais

Por Letícia Maria Klein •
04 fevereiro 2020
No próximo domingo, prepare a pipoca para a maior cerimônia da indústria do cinema: a 92ª edição do Oscar. Eu amo ver filmes e acompanho desde pequena, tanto as produções quanto a premiação. O que eu gosto muito de ver nessas cerimônias é quando os ganhadores mencionam nos seus discursos as causas em que são ativistas, especialmente ambientais. Desta vez, as chances de isso acontecer são grandes, pois tem alguns atores e atrizes indicados que são engajados em sustentabilidade e preservação ambiental. E o Oscar nessa categoria vai para...

Leonardo DiCaprio
DiCpario, que está concorrendo como Melhor Ator por “Era uma vez em... Hollywood”, é um dos atores mais engajados em causas ambientais, especialmente relacionadas às mudanças climáticas. O perfil do ator no Instagram, em que ele se descreve como ator e ativista (lindo!), é todo voltado para questões socioambientais. Ele é investidor de empresas e empreendimentos sustentáveis, falou como Mensageiro da Paz para o Clima na Cúpula do Clima de 2014 e já participou de marchas pelo clima em Nova York.

Leonardo DiCaprio e Greta Thunberg
Leonardo DiCaprio e Greta Thunberg. Fonte: Instagram do ator
Em 1998, ele fundou a Leonardo DiCaprio Foundation, que busca proteger lugares selvagens e espécies ameaçadas de extinção. A fundação tem seis programas: Conservação de Áreas Indígenas, Conservação de Oceanos, Mudanças Climáticas, Direitos Indígenas, Califórnia Transformadora e Soluções Inovadoras. Além da fundação, DiCaprio também se envolve em produções temáticas, como “A Última Hora”, um documentário produzido e narrado por ele sobre a crise ambiental, com entrevistas de 50 cientistas, ativistas ambientais e líderes mundiais; e “Seremos História?”, sobre mudanças climáticas, produzido em parceria com a National Geographic.

Em 2016, quando ganhou o Oscar de Melhor Ator por “O Regresso”, DiCaprio usou seu discurso na premiação para falar sobre o aquecimento global: “O filme foi sobre a relação do homem com a natureza, um mundo que teve em 2015 o ano mais quente já registrado. Nossa produção teve que se mudar para a parte mais ao sul do planeta só para achar neve. Precisamos apoiar os líderes do mundo todo que não falam pelos grandes poluidores e grandes corporações, mas que falam por toda a humanidade, pelos povos indígenas do mundo, pelas bilhões e bilhões de pessoas desamparadas que serão as mais afetadas por isso, pelos nossos netos e pelas pessoas que tiveram suas vozes afogadas pela ganância política”.

Joaquin Phoenix
O ator, indicado na categoria de Melhor Ator por “Coringa”, é vegano desde criança. Ele é ativista da causa e sempre que pode se manifesta publicamente em favor dos direitos dos animais. Em seu discurso no Globo de Ouro 2020, em que recebeu o prêmio de Melhor Ator em Filme de Drama, ele elogiou o cardápio da cerimônia, que foi totalmente vegano pela primeira vez em 77 edições. “Eu queria agradecer à Hollywood Foreign Press por reconhecer a ligação entre agropecuária e o aquecimento global, é muito corajoso da parte de vocês fazer [o jantar] desta noite a base de plantas”, disse o ator. 

No começo do ano, Joaquin foi preso ao lado da atriz Jane Fonda durante um protesto sobre mudanças climáticas, organizado por ela para o movimento Fire Drill Friday (algo como “sextas-feiras de simulação de incêndio”). 

Joaquin Phoenix participa de protesto organizado por Jane Fonda - Foto Joshua Roberts-Reuters
Joaquin Phoenix no protesto. Foto: Joshua Roberts-Reuters
Na quinta-feira, 06 de fevereiro de 2020, foi publicado o curta-metragem Guardians of Life, em que Joaquin interpreta um médico na luta para salvar um planeta Terra agonizante. O filme a é o primeiro de uma série de produções de Hollywood que busca inspirar ações de combate às mudanças climáticas. “As pessoas não percebem que ainda há tempo, mas somente se reagirmos agora e fizermos mudanças abrangentes em nosso consumo. Não podemos esperar que os governo resolvam estes problemas por nós", disse Joaquin. Veja o curta aqui embaixo ou no site da Mobilize Earth.



Margot Robbie
A atriz, que concorre ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por “ Escândalo”, usou seu perfil no Instagram para chamar a atenção para os incêndios na Austrália que ocorreram no começo do ano, o maior desastre ambiental do país. No vídeo, em que mostra um álbum de família de quando era criança, ela diz: "Normalmente não faço isso, mas queria muito compartilhar uma coisa com vocês. Tenho certeza que todos vocês estão cientes do que está acontecendo na Austrália agora com os incêndios. Não queria mostrar mais fotos tristes e sim compartilhar com vocês o quão lindo nosso país é. Eles precisam de vocês. Doe qualquer coisa que você puder. Por favor". 

Margo Robbie
Margo Robbie em vídeo sobre os incêndios na Austrália. Fonte: Instagram na atriz.

Brad Pitt
Indicado na categoria de Melhor Ator Coadjuvante por “Era uma vez em... Hollywood”, o ator sempre aparece na lista de famosos que são vegetarianos. Ele até já declarou que não gosta de ver os filhos comendo carne. A dieta vegetariana é considerada uma alimentação sustentável (além de deliciosa, criativa, leve, colorida), pois a pecuária tem grandes impactos ambientais, de desmatamento a mudanças climáticas. 

Brad Pitt
Brad Pitt no Golden Globe 2020. Fonte: Vista-se.

Tom Hanks
Concorrendo na categoria de Melhor Ator Coadjuvante por “Um lindo dia na vizinhança”, o ator é um entusiasta de carros elétricos. E de causas sociais. Em dezembro do ano passado, ele comprou e mandou reformar um Syrena 105, que colocou à disposição de um leilão para arrecadar fundos a um hospital infantil na Polônia. 

Tom Hanks
Tom Hanks. Fonte: Observatório do Cinema.

Honeyland
Queeem???
Na verdade, não é uma pessoa, mas um longa indicado a Melhor Documentário e Melhor Filme em Língua Estrangeira. É uma produção da Macedônia, dirigida por Tamara Kotevska e Ljubomir Stefanov, que filmaram ao longo de três anos. A história acompanha Hatidze Muratova, uma apicultora que vive com sua mãe idosa numa comunidade isolada nas montanhas da Macedônia e que vê sua vida mudar quando uma família de nômades chega e começa a influenciar o seu cotidiano. 

Não vi o filme, mas pelos comentários parece ser muito bom, abordando a relação entre seres humanos e a natureza (uma dualidade completamente falsa, pois não existe divisão – ou decerto caímos de paraquedas no planeta? O.o). Como ensina Hatidze, metade do mel fica na colmeia para as abelhas. 

Documentário Honeyland
Documentário Honeyland
Se existisse um Oscar ambiental, já era deles. Agora me conta, tem alguma outra celebridade que você admira por causa do posicionamento dela em relação a alguma causa socioambiental?

Um ecobeijo e até breve!
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Casa Aberta e PresentEco: dois projetos de educação para a sustentabilidade em Blumenau

Por Letícia Maria Klein •
20 novembro 2019
“Mudar o mundo uma pessoa de cada vez fazendo o que você gosta” é o lema de Mariane Gomes Sievert, que adotou a frase de um blog português. Há menos de dois meses, ela e a família colocaram em prática duas iniciativas de educação para a sustentabilidade em Blumenau: a Casa Aberta e o PresentEco. Mari trabalhou durante 15 anos como professora de educação infantil usando a metodologia Freinet e desde que sua terceira filha nasceu, dedica-se à família, aos estudos e a novos projetos como esses. Tivemos uma conversa muito bacana sobre as ideias, suas inspirações e as mudanças que ela quer provocar. As fotos foram cedidas pela Mariane.

O que é a Casa Aberta?
A Casa Aberta funciona na nossa própria casa: na sala, no quintal e na garagem. É um local que oferece eventos (nossos e de parceiros) e um espaço integrativo para acolher diversas pessoas e coletivos que estão buscando o mesmo olhar para infância, adolescência e família em que nós acreditamos. Queremos oferecer um espaço onde a criança e o jovem possam ser protagonistas, possam ser ouvidos e onde as coisas girem a seu favor. O objetivo da Casa Aberta é ser um espaço para conversarmos sobre educação positiva e cultura da paz e que oferece a reconexão com você mesmo, com o próximo e com a natureza.

Hoje em dia, as crianças estão superlotadas de eventos e ao mesmo tempo estão desorientadas em relação ao que fazer com isso tudo. O olhar que oferecemos não é o da religião, mas o da cultura da paz, que acolhe e integra as pessoas. Meditação, ioga e reiki são ferramentas que usamos que nos ajudam a manter o equilíbrio e nos mostram o que podemos aprender com a natureza. A natureza está sempre nos ensinando e nós não conseguimos perceber porque estamos desconectados.

Casa Aberta
Casa Aberta.
 
Como surgiu a ideia?
A ideia é fruto de um desejo antigo que foi se estruturando e agora conseguiu desabrochar. Existiam algumas crenças que eu precisava superar em relação a empoderamento, vencer as próprias limitações e ver quantas coisas boas eu tinha para compartilhar, não só como professora. Fiz o projeto, divulguei na rede social e comecei a arrumar o espaço.

Conte um pouco sobre algumas ações que vocês já realizaram.
Nosso primeiro evento foi no começo de outubro, com a venda de garagem protagonizada por crianças e jovens. Eles montaram suas próprias barracas e divulgaram nas redes sociais; tivemos cinco feirantes e bastante procura; além disso fizemos uma roda de conversa sobre consumo e produção de lixo naquele dia. Já participamos de feiras (especialmente com o PresentEco), do 2º Seminário Internacional de Ecoformação e da Semana Lixo Zero Blumenau, em que fizemos composteiras para os vizinhos. No seminário, fizemos oficina com professores sobre diminuição da produção de lixo no trabalho escolar com crianças e realizamos a dinâmica do ciclo de vida da borboleta, em que o foco é você e seus sonhos: seu sonho como um ovinho, como você o alimenta para que ele mude de fase e como você se abre para o mundo com seu sonho. 

Venda de garagem
Venda de garagem

Feira na Greenplace
Feira na Greenplace Park
Quais são os planos para o ano que vem? 
Nós queremos oferecer trabalhos contínuos, que funcionem periodicamente. Temos dois caminhos para explorar: foco em eventos ou abrir um espaço onde as crianças possam passar um tempo com acompanhamento educacional, livre brincar e espiritualidade (meditação, ioga, reiki, pintura de aquarela, entre outros) para desenvolver o empoderamento, a presença, segurança para se expressar e liberdade para modificar o lugar a partir de suas ideias. Um dos trabalhos que queremos fazer é sobre o feminino, voltado para meninas (como é para a menina ter a primeira menstruação, entrar na adolescência, como os indígenas veem isso, como a ayurveda vê isso etc). Queremos proporcionar o acesso desses conhecimentos a crianças e jovens, independente de religião, para que elas se conheçam melhor e busquem o que as torna inteiras. Além disso, queremos oferecer formação de professores nas escolas com ecoformação e cultura da paz (respeitar a si mesmo, o próximo e o ambiente). 

Dinâmica "um brinquedo chamado terra" no seminário de ecoformação
Dinâmica "um brinquedo chamado terra" no seminário de ecoformação
O PresentEco surgiu a partir da Casa Aberta?
Na semana da venda de garagem, fui tendo várias ideias sobre consumo e produção de resíduos, que acabaram levando ao PresentEco. “Existe o brechó, mas já pensou se existisse uma crença diferente em relação ao presente?” Marido e filhos adoraram.

O que é o PresentEco?
É um presente conceito que tenta mudar a crença de que o presente é algo que precisa ser novo, comprado na loja. O importante não é o presente em si. A ideia é que a pessoa tenha liberdade e consciência de usar algo da natureza que já foi manufaturado para dar de presente para alguém. Coisas que estão em estado ótimo, na sua casa, por exemplo, que possam ser dadas de presente. Em feiras das quais participamos com o projeto, algumas pessoas disseram que já deram de presente coisas que estavam em sua casa, mas não falaram para a pessoa que recebeu que aquilo não era novo, como se fosse motivo de vergonha. Se o objeto está como novo e não teve perda de valor, porque se pensa que ele vale menos? 

Produto à venda no PresentEco
Produto à venda no PresentEco
A ideia do PresentEco não é só proporcionar produtos usados em bom estado, mas também ser uma ferramenta de educação ambiental para que a pessoa reflita sobre o consumo e perceba que pode dar como presente coisas que tem em casa e que não usa. Queremos estimular as pessoas a pensarem sobre a necessidade de consumo e a fazerem esse caminho de perguntas e reflexões antes de comprarem algo. Uma das premissas do consumo consciente é o fornecimento local. A fonte mais local que existe é a sua própria casa. Não é porque algo não é novo que ele precisa ser somente doado. Como embalagem para o PresentEco, estamos reutilizando um material de serigrafia de empresas que estavam descartando. Junto com o presente, vai a explicação do projeto. Podemos migrar para outras ideias criativas de embalagem, porque também não queremos incentivar a produção desse lixo.

Como funciona o PresentEco? Qualquer pessoa pode participar?
Para participar comprando, a pessoa pode ir às feiras em que estamos presentes, que são divulgadas nas redes sociais. Para ser parceiro para vender, a pessoa deve ter um olhar crítico para as próprias coisas e ver o que está em ótimo estado que pode ser dado como presente (sem marcas, por isso não é exatamente como um brechó). A pessoa entra em contato conosco pela fanpage ou instagram e combinamos a retirada/entrega. A pessoa recebe o valor que estipulou para o produto e nós ficamos com uma pequena comissão que cobre custos de transporte e logística da feira.

Nossa intenção é educar sobre o consumo, produção de lixo e estilo de vida equilibrado, pois as pessoas trabalham muito para comprar tantas coisas. Será que você já não tem o presente que precisa dar? Precisamos repensar conceitos e ideias da sociedade em que vivemos. Queremos mexer com a pessoas, difundir a ideia e diminuir a resistência ao presente usado; provocar a pulga atrás da orelha, estimular desapego de coisas, estimular novas ideias; sermos um agente transformador do consumidor, que por sua vez transforma o mercado. Será que as coisas materiais, às quais você dispensa tempo em casa, não estão tomando seu tempo com famílias e amigos?

Como a família tem se envolvido nos projetos?
A questão da transformação é muito potente. Nossos filhos foram muito privilegiados, pois se envolveram muito. O objetivo é tornar os projetos sustentáveis financeiramente, mas se considerar tudo que já aconteceu, já foi muito válido por todo o conhecimento que eles adquiriram e a educação que estão tendo, que acabam passando para outras crianças na escola. A Lívia mostrou aos colegas as flores comestíveis, o Estevão deu muitas ideias de projetos na escola. Eles têm desenvolvido a criatividade e proposto ideias. 

Participação na Semana Lixo Zero Blumenau
Participação na Semana Lixo Zero Blumenau: produção de sistemas de compostagem para vizinhos. Eles armazenam os resíduos orgânicos nos baldinhos e a família da Mari coleta os resíduos para colocar no minhocário deles, dividindo a terra e o biofertilizante depois. O objetivo é que os vizinhos se interessem em fazer nas suas próprias casas.
Quais são as suas inspirações?
Educação positiva, escolas da floresta, quintais brincantes (uma inspiração é o Fava de Bolota em Tocantins), metodologia Freinet, cultura da paz, Paulo Freire, pedagogia Waldorf, jardins Waldorf e também a ideia de leveza (começar com o que você tem, fazer o melhor com o que tem disponível).

Que máximo, né! Muito sucesso à Mari, sua família e aos projetos.
Um ecobeijo e até breve.
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O que fazer com roupas velhas ou que não servem? Use a Caixa Solidária!

Por Letícia Maria Klein •
03 setembro 2019
Mateus Rossi decidiu resolver um problema social e ambiental ao mesmo tempo. Em viagem à Itália há mais de seis anos, ele se deparou com um equipamento, numa esquina, onde as pessoas podiam depositar roupas para doação e reciclagem. Ele ficou interessado e foi pesquisar mais sobre o assunto. Aquela caixa era uma iniciativa da Caritas Itália, onde ele acabou indo trabalhar como voluntário para entender o processo de coleta, triagem e destinação das doações. Depois de viajar para outros países e conhecer outros projetos parecidos, em 2015 ele trouxe a ideia para o Brasil, começando na cidade dele, Criciúma.

Hoje, a Caixa Solidária está em 22 cidades catarinenses com 72 equipamentos. Dois deles estão em Blumenau até a metade de setembro. É um teste para avaliar a futura construção de uma central aqui na cidade (Joinville, Itajaí, São José e Florianópolis também receberam caixas para teste). Conversei com o Mateus sobre o projeto e ele disse que o teste está sendo positivo aqui em Blumenau; as pessoas aderiram mesmo e o volume de doações é grande. 

Além de roupas e calçados, também podem ser doados cobertores, brinquedos, fraldas, produtos de higiene pessoal e alimentos não perecíveis. Agora... sabe aquelas roupas velhas, rasgadas, que nem para pano de chão dá mais? Pode colocar também! Cerca de 50% dos itens doados não têm condições de reutilização, então são encaminhados para indústrias de reciclagem de fibras têxteis naturais e sintéticas em São Paulo. 

Caixa Solidária no Giassi
Caixa Solidária no Giassi
Depois de passar pela triagem, as roupas em bom estado são enviadas a instituições assistenciais, à defesa civil e a famílias cadastradas no sistema social do município, conforme a necessidade. Uma parte das roupas é revendida no bazar solidário, e o valor adquirido é enviado às instituições beneficiadas para que possam comprar o que precisam, sejam materiais escolares, de manutenção e construção, alimentos etc. 

Para a região sul do estado, onde o projeto nasceu, a meta é colocar mais 70 caixas até outubro e outras 70 até dezembro. Para 2020, estão previstas 280 caixas na região de Florianópolis. A última etapa é chegar ao norte do estado em 2021, totalizando mil caixas em Santa Catarina. A não ser que haja investimentos e parcerias da indústria privada antes disso. (Alguém da indústria têxtil lendo isso aqui? Olha a oportunidade!)

Hoje, o negócio social coleta 20 toneladas de roupas por mês no sul de SC, mas tem capacidade para atender todos os 45 municípios daquela região, que geram muito mais resíduos têxteis do que isso. Só em Criciúma, são 280 toneladas de roupas descartadas todos os meses, o que responde por 6,7% do lixo gerado na cidade. Em Florianópolis, são 700 toneladas por mês, pouco menos de 5%. Aliás, essa é a média brasileira: 5% dos resíduos sólidos produzidos por uma pessoa são peças de vestuário.

Os resíduos têxteis viajam pela cidade, como diz Mateus, e o descarte acaba sendo maior nas periferias. Devido a campanhas de agasalho, algumas cidades recebem um excedente de donativos, o que aumenta o descarte. Na serra catarinense, tem cidades em que as roupas representam 17% do lixo!

Campanha da Caixa Solidária
Campanha da Caixa Solidária. É só depositar a sacola de roupas no
espaço indicado e levantar a alavanca, que é o quadrado vermelho.
Para conseguir atender toda a população, Mateus prevê que haja uma Caixa Solidária para cada cinco mil pessoas no estado. Esse é um número bom. Em Roma, há 1.800 equipamentos, sendo um para cada 1.200 pessoas! Os projetos Planet Aid e USAgain tem 19 mil e 14 mil caixas espalhadas pelos Estados Unidos, respectivamente (lá, a indústria da reciclagem têxtil é bem desenvolvida, pois as fibras são reutilizadas como isolamento térmico em paredes). Para que todos tenham acesso ao projeto, os equipamentos ficam em supermercados ou locais públicos (mediante autorização da prefeitura). 

De dezembro de 2015, quando a ideia foi implantada, até o fim de 2018, mais de 50 mil pessoas foram beneficiadas diretamente com mais de 100 toneladas de donativos. O bazar vendeu mais de 40 mil itens, e cerca de 35 toneladas de tecidos foram encaminhadas para reciclagem têxtil. Além disso, a reutilização e a reciclagem significaram uma redução na emissão de 360 toneladas de gás carbônico, economia de 600 milhões de litros de água e a não utilização de 30 toneladas de fertilizantes e 20 toneladas de pesticidas. 

Mateus quer que todos os estados brasileiros tenham Caixas Solidárias. Cidades no RS, PR, SP, além de Salvador e Brasília já entraram em contato. “A demanda existe. Agora estamos montando uma forma de investimento para financiar a implantação do projeto”. Para buscar mais conhecimento e tecnologia, Mateus viajará para Portugal ainda neste ano para conhecer uma empresa que opera no país inteiro, com mais de três mil caixas, em um processo industrial. Só de triagem, são 35 toneladas por dia. 

Além de expandir gradativamente o alcance da Caixa Solidária, a Eco Group, que é a empresa do Mateus responsável pela gestão dos equipamentos, já tem um segundo projeto engatilhado: a Eco Box, uma caixa específica para resíduos sólidos, que deve ser disponibilizada para condomínios. Os estudos já começaram. 

Campanha da Caixa Solidária
Campanha da Caixa Solidária. Mateus disse que as doações aumentaram 50% depois da campanha
Se você não tem acesso a esse projeto, pode tentar contatar empresas de reciclagem têxtil, iniciativas de reutilização de roupas para confecção de peças novas ou mesmo reutilizar as suas peças em casa. Algumas ideias são usar camisetas velhas como panos de chão ou transformá-las em sacolas; estofar almofadas com roupas de baixo e meias rasgadas ou customizar peças. 

Eventualmente, porém, você precisará descartar tecidos. Vá guardando numa caixinha na sua casa até conseguir contato com alguma empresa de reciclagem para enviar a remessa ou esperar que a Caixa Solidária ou outro projeto semelhante chegue até a sua região. Ou você pode abrir o seu próprio negócio de upcycle ou reciclagem de roupas. De qualquer forma, o ideal é garantir que as peças sejam reutilizadas, doadas e recicladas, assim a gente fecha o ciclo da indústria têxtil e nenhum item vai parar no aterro sanitário nem no lixão nem no rio nem em qualquer outro lugar onde não deveria. 

Aiai, fiquei até emocionada... Tem um lencinho? De pano, né, o negócio aqui é lixo zero. 

Um ecobeijo e até breve. 

ATUALIZADO EM 05/07/2023: a caixa solidária voltou a Blumenau neste ano, no mercado Giassi, e vai ficar permanentemente, conforme informação do Mateus para o blog.
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A prática lixo zero do Restaurante Origem Natural – Tour lixo zero em Florianópolis

Por Letícia Maria Klein •
05 abril 2019
O Restaurante Origem Natural quer “ser a origem de um mundo novo a partir da comida saudável, levando educação ambiental, social e transformação”. Quem me contou isso foi a sócia proprietária Joana Wosgrau Câmara. O restaurante foi a última parada do tour lixo zero em Florianópolis. Tivemos uma fala dela sobre o histórico e a missão do Origem e depois degustamos um buffet delicioso preparado especialmente para o grupo de embaixadores do Instituto Lixo Zero Brasil, com tudo vegano.


Menos impacto ambiental, mais impacto social é o lema do Origem Natural
Menos impacto ambiental, mais impacto social é o lema do Origem Natural

Eu entrevistei a Joana e fiz uma reportagem que vai sair no portal do Projeto Colabora, então vou contar aqui minhas impressões e um pouco da trajetória do lugar. O início de tudo aconteceu num curso de liderança que Joana fez em 2015, onde teve a ideia de vender salada em potes de vidro, ao invés de usar plástico descartável. O projeto deu certo e se transformou num negócio. Junto com o namorado e uma amiga, os três sócios expandiram as atividades e abriram um restaurante em agosto de 2017 com uma pegada lixo zero e a missão de transformar a sociedade a partir da comida saudável com educação socioambiental

A cada prato vendido, R$ 1,00 é investido em projeto social
A cada prato vendido, R$ 1,00 é investido em projeto social

Origem Natural é o primeiro restaurante lixo zero do Brasil
Origem Natural é o primeiro restaurante lixo zero do Brasil

Depois de passar por uma auditoria, o Origem Natural recebeu a Certificação Lixo Zero do Instituto Lixo Zero Brasil, que assegurou o reaproveitamento de 91% dos resíduos sólidos gerados, tanto pela reciclagem quanto compostagem, além da preocupação com a não geração. Quase nada é descartável. Eles não usam plástico na cozinha, nem esponja. A comida é quase toda vegana e os talheres que estão à disposição para venda são compostáveis. O local ainda tem um armazém de produtos naturais, ecologicamente corretos e que permitem um estilo de vida lixo zero, como kits de talheres, guardanapos de pano, bucha vegetal, canudo de inox, entre outros. 

Uma parte do armazém de produtos sustentáveis
Uma parte do armazém de produtos sustentáveis

A comida estava deliciosa! Sério, todos gostaram. Tinha uma grande variedade de salgados e doces veganos. Joana contou que tudo no restaurante foi pensado para ser ambientalmente responsável e evitar a geração de resíduos sólidos. Os móveis foram feitos a partir de madeira de demolição e peças reutilizadas, como um portão descartado que foi reformado e serve de separação de ambientes. O cuidado com o conceito e a prática e a coerência entre os dois é visível. Joana disse que eles estão sempre buscando melhorar e ampliar as formas de ser lixo zero. A maioria dos fornecedores auxilia o processo, aceitando embalagens retornáveis e a pegando de volta embalagens descartáveis, como o isopor. 

Buffet vegano no restaurante Origem Natural
Buffet vegano no restaurante Origem Natural

Eu me senti muito bem lá e com certeza quero voltar. Quem mora na região de Florianópolis ou estiver passando por lá não pode deixar de conhecer o Origem. Vale a pena pela comida, pelo exemplo, pelas práticas e pelas pessoas que criaram e mantêm o lugar, uma equipe que trabalha com propósito para melhorar a sociedade e inspirar as pessoas a serem sustentáveis.

Os sócios Alexandra Lemos Nunes Dias, Joana Wosgrau Câmara e Artur Ferreira dos Santos, da esquerda para direita
Os sócios Alexandra Lemos Nunes Dias, Joana Wosgrau Câmara e
Artur Ferreira dos Santos, da esquerda para direita

Um ecobeijo e até breve!
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Universidade estadual catarinense rumo ao lixo zero - Tour lixo zero em Florianópolis

Por Letícia Maria Klein •
03 abril 2019
A Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc) pretende se tornar lixo zero até 2022. O projeto foi desenvolvido a partir da Semana Udesc Lixo Zero em 2017 e começou a ser implantado em maio de 2018. Ele integra o Programa Udesc Sustentável, que tem projetos também relacionados à água, energia, áreas verdes, mobilidade e outros. O campus da reitoria foi um dos locais visitados durante o tour lixo zero em Florianópolis, realizado no II Encontro dos Embaixadores do Instituto Lixo Zero Brasil.

O compromisso da universidade é reduzir em 90% a destinação dos resíduos sólidos para aterro sanitário até 2022. O desafio lançado há dois anos originou a Rede de Cooperação Acadêmica Internacional Lixo Zero, protagonizada pela Udesc, Universidade Federal Santa Catarina, Instituto Federal de Santa Catarina e Instituto Lixo Zero. Todos os 12 centros da Udesc presentes em 10 cidades catarinenses já estão executando o programa, que deve ser finalizado por todas as instituições da rede até 2022.

Os objetivos do programa são: trocar todas as lixeiras individuais e internas das salas de aulas e setores administrativos por residuários diferenciados com no mínimo três divisões (recicláveis, rejeitos e orgânicos), destinar corretamente os resíduos para compostagem, reciclagem e aterro sanitário (só os rejeitos) e eliminar o uso de copos plásticos descartáveis nas instituições. Desde abril de 2018, a Udesc não licita mais copos descartáveis, somente uma pequena quantidade de copos biodegradáveis será licitada para uso restrito.Para comparação, em 2017 foram usados 103.200 copos descartáveis e em 2018 foram 57.500, o que representou uma redução de 44% e uma economia de R$ 975,00. 

Para incentivar as pessoas a aderirem à proposta, foi criado o Selo Setor Lixo Zero, que segue os mesmos objetivos do programa e mais um: eliminar lixeiras individuais, criar estação de residuário para reciclável, orgânico e rejeitos, separar e encaminhar os papéis recicláveis para o almoxarifado central da Udesc ou fazer outra destinação ambientalmente correta e tirar os copos descartáveis no setor (cada servidor deve ter sua própria caneca e deve haver unidades extras para visitantes). 

Selo Setor Lixo Zero da Udesc
Selo Setor Lixo Zero da Udesc

Todos os departamentos do campus da reitoria já têm o selo, o que faz dele o primeiro lixo zero do Brasil. Na verdade, rumo ao lixo zero, pois os resíduos orgânicos ainda não são compostados ali. A equipe responsável está planejando a construção de uma composteira neste ano. Na Udesc de Lages, o professor Germano Guttler desenvolveu um método próprio para compostar os resíduos orgânicos, chamado hoje de Método Lages de Compostagem. Ele foi selecionado em primeiro lugar entre 300 propostas do edital do Ministério do Meio Ambiente e Caixa Econômica Federal. Os resíduos recicláveis são recolhidos pela associação de catadores da Comcap.

Também em 2018 a Udesc organizou o 1º Jogos Universitários Lixo Zero do Brasil, em Ibirama. O evento foi realizado em cinco escolas estaduais da cidade e todos os coletores de resíduos foram readequados para contemplar as três categorias mínimas. Durante os jogos, foram evitados 12 mil copos descartáveis! Depois do evento, duas escolas assinaram um acordo com a Udesc para implantar o Programa Lixo Zero.

Abaixo tem uma reportagem feita pela emissora local de televisão sobre o Selo Setor Lixo Zero, vale a pena conferir.



Um belo exemplo para outras universidades e para nós também! Um ecobeijo e até breve.
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