Recuperação de áreas degradas e trabalho com educação ambiental

Por Letícia Maria Klein Lobe •
31 janeiro 2014

A ideia surgiu como uma forma de “cuidar do jardim” para integrar os colaboradores à natureza. A ideia tomou corpo e se transformou num programa com grandes repercussões. Recuperação de mais de 800 mil m² de área degradada, mais de 265 mil mudas produzidas, mais de 66 mil pessoas, entre estudantes, professores, colaboradores e comunidade externa, atingidas em todas as atividades realizadas pelo programa. Tem também a RPPN Figueira Branca, em Gaspar, uma reserva de 300 hectares aberta à visitação e que fornece sementes para as mudas produzidas. Esses projetos fazem parte do programa Bunge Natureza, criado em 2005 pela empresa catarinense Bunge, que trabalha nos setores de agronegócio, alimentos e bioenergia. Eu penso que todas as empresas, devido aos impactos que causam à população em torno dela e ao meio ambiente, deveriam promover ações para minimizar os efeitos de seus processos sobre a natureza. Como não é lei, é admirável quando uma empresa toma esta iniciativa de preservar a natureza e seus bens. Iniciativa que a Bunge leva muito a sério e que está causando mudanças positivas até onde alcança.


Borboleta vivendo em área recuperada nos fundos do CDAL,
na unidade da Bunge em Gaspar

“Procuramos preservar e valorizar o que existe. Ter uma análise integrada de externalidade, mitigar impactos negativos e entender o ambiente onde estamos inseridos. Trazer isso para o dia a dia.” Palavras do Gerente de Comunicação e Sustentabilidade da Bunge, Michel Santos. Ele me recebeu para uma entrevista no CDAL – Centro de Divulgação Ambiental e Lazer, que fica na unidade da Bunge em Gaspar, cidade vizinha de Blumenau. Na verdade, tinha uma comitiva me esperando: 
Rodrigo Spuri, analista de Sustentabilidade, Katiyuscia Rebelo, coordenadora do programa e com quem eu agendei a entrevista e os biólogos Sarah LadewigAlex Volkmann. Eles me contaram como funciona o programa, quais as atividades desenvolvidas, me mostraram as instalações onde são produzidas as mudas e a área nos fundos do Centro que foi recuperada com as mudas nativas da região.

Área recuperada nos fundos do CDAL 

É no CDAL que acontece a maior parte das atividades promovidas pelo programa, que em Gaspar tem as linhas de atuação em pesquisa, recuperação, conservação e educação ambiental – existe outro Centro na cidade de Jaguaré, SP, onde tem cultivo de hortas comunitárias e hidroponia e o projeto Fazendo Educação Ambiental Através das Artes. No de Gaspar – onde ficava a sede da empresa até 2011, quando ela se mudou para São Paulo – são cultivas as mudas para recuperação de áreas degradadas e para doação a prefeituras, ONGs, instituições, escolas, colaboradores e pessoas da comunidade. As mudas são de árvores nativas da Mata Atlântica da região. As sementes são coletadas na reserva Figueira Branca, em parques nacionais e áreas de revegetação. Katiyuscia falou que também acontece de agricultores cederem para o programa sementes das plantas que eles receberam de doação. 

Visita de estudantes ao viveiro de mudas no CDAL
Fonte: Bunge Natureza

Os interessados devem ligar para a Bunge e solicitar a quantidade de mudas que querem. Se os profissionais do programa não conhecem o destino, eles vão até o local para uma vistoria. A doação tem que ser responsável. Como bem disse Michel, produzir mudas consome recursos. A única coisa que eles pedem em troca é que os tubetes onde as mudas são criadas sejam devolvidos, para que o programa possa reutilizá-los. Uma ótima condição, aliás, pois poupa dinheiro e os recursos que seriam utilizados para produzir novos tubetes. E esse negócio do pessoal devolver os tubetes dá super certo. Segundo Katiyuscia, desde primeira compra realizada no início do programa, 2013 foi o primeiro ano em que eles tiveram que comprar mais tubetes.


Área recuperada com a produção de mudas nos fundos do CDAL,
às margens do Rio Itajaí-Açu

O que também é realizado no CDAL são as atividades de educação ambiental com funcionários, escolas e outras empresas. Para os colaboradores, por exemplo, elas envolvem dinâmicas em datas comemorativas, dicas no dia a dia e durante a ginástica laboral, atividades impactantes – como colocar resíduos onde eles transitam –, ações de conscientização para preservação, tratamento de resíduos sólidos, entre outros temas. 

Em 2013, resíduos sólidos foi o tema, que é abordado em todas as unidades da Bunge pelo país. Porém, cada unidade trabalha um ponto de melhoria específico. Elas informam quais são os problemas enfrentados e os membros do CDAL de Gaspar desenvolvem estudos específicos para cada unidade. Katiyuscia disse que a mudança no comportamento dos colaboradores é evidente. Desde que o projeto começou, mais de 17.300 funcionários participaram das atividades.

Visitas de escolas ao Centro são bem freqüentes, de duas a três vezes por semana. Para os estudantes, os biólogos fazem palestras, separação de resíduos, mostram fotografias e vídeos (institucionais e outros), explicam sobre os 3 Rs (reduzir, reutilizar, reciclar) e também fazem trilhas com os estudantes – que são feitas tanto na área recuperada atrás da empresa, na beira do Rio Itajaí-Açu quanto na Reserva Figueira Branca. 

Um tipo de trilha é vendada, em que os colegas andam em pares, um vendado na ida e o outra na volta. O objetivo é aguçar os outros sentidos dos alunos no meio da natureza. Bem legal! Desde o início do programa, já passaram pelo CDAL mais de 31 mil alunos e professores. Visitantes da comunidade somam mais de quatro mil. Pessoas atendidas em palestras e atividades externas são quase 14 mil. Visitas à RPPN Figueira Branca foram mais de 1.250. Falando em reserva, a Bunge mantém outras duas que totalizam 30 mil hectares no estado de Tocantins.


Palestras para estudantes na biblioteca do CDAL
Fonte: Bunge Natureza

Uma curiosidade sobre as visitas escolares: as crianças são mais participativas durante a visita, enquanto que os adolescentes se interessam mais depois da visita. Teve um aluno de que eles tiveram notícia que se formou em Engenharia Ambiental depois que participou do extinto projeto Protetor Ambiental, que fazia parte do Programa Bunge Natureza. Depois da visita ao CDAL, os alunos respondem questionários com sugestões e observações, que já foram responsáveis por algumas alterações nos padrões do programa. Agora, por exemplo, antes que a escola visite o Centro, os colaboradores do programa entram em contato com os professores para preparar atividades que fiquem de acordo com o que a escola queira passar aos seus alunos.
 Trilha com estudantes no CDAL 
Fonte: Bunge Natureza

Todo ano, o programa desenvolve atividades em três datas: Dia Mundial da Água (22 de março), Semana do Meio Ambiente (o Dia Mundial do Meio Ambiente é em 5 de junho) e o Dia da Árvore (21 de setembro). Nestas ocasiões, todas as unidades preparam atividades para seus colaboradores e comunidade externa, como palestras, vídeos, cinema, palestra diferenciada para crianças e adultos e plantio remoto (plantio na unidade da Bunge em Gaspar quando não tem espaço nas outras unidades).

Trilha com estudantes na RPPN Figueira Branca
Fonte: Bunge Natureza

Outra ação bem bacana do programa é o recolhimento de óleo usado e de resíduos eletrônicos (computadores, TVs, celular, reatores, etc – pilhas e baterias não). Tem pontos de entrega voluntária (PEV) de óleo em Gaspar e outras 20 unidades, para os públicos interno e externo. São 1.626 pontos e desde o início do programa, já foram recolhidos e reciclados mais de 1,8 milhão de litros de óleo vegetal usado! Os pontos de entrega de eletrônicos ficam em Gaspar e em mais quatro unidades, mas é apenas para os funcionários. A empresa parceira aqui no estado que recolhe óleo usado é a Preserve Ambiental, de Blumenau. A que recolhe equipamentos eletrônicos é a Reciclavale – Cooperativa de reciclagem do Vale do Itajaí, localizada em Itajaí. 

O programa Bunge Natureza tornou “o ambiente muito mais harmonioso e melhorou a imagem da empresa”, afirma o gerente Michel. Os projetos também são referência em Gaspar para a prefeitura, escolas e a comunidade. Um exemplo muito bom de como a educação ambiental promovida pelo programa faz diferença é o caso de um projeto desenvolvido com escolas em 2008 relacionado à venda de passarinhos para criação doméstica. Dois anos depois, os membros do CDAL fizeram uma pesquisa com os petshops e comprovaram a diminuição da venda de gaiola e alpiste. Não souberam me informar os dados corretos, mas a coordenadora do programa disse que a redução foi bem significativa. Durante a pesquisa, o trabalho de educação ambiental também foi feito com os donos de petshops, para que eles entendessem a importância de deixar as aves livres na natureza e não tê-las como animais domésticos.

Muito bacana, né. O que você achou? Conhece alguma empresa na região onde mora que desenvolva projetos de sustentabilidade? Até mais!
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Livres de novo: roxinhos de volta à natureza

Por Letícia Maria Klein Lobe •
23 janeiro 2014

Pioneiro no Brasil, um projeto catarinense reintegra à natureza quem dela nunca deveria ter saído. Graças ao programa desenvolvido pelo Espaço Silvestre-Instituto Carijós desde 2010, 43 papagaios-de-peito-roxo (Amazona vinacea) voltaram a viver livremente no Parque Nacional das Araucárias, unidade de conservação criada em 2005 que fica entre os municípios de Ponte Serrada e Passos Maia, no oeste de Santa Catarina. É o primeiro projeto de reintrodução de aves em uma unidade de conservação federal no Brasil. E está dando super certo! Em janeiro, o instituto comemorou o aniversário de três anos da soltura do primeiro grupo da espécie, que estava extinta na região há 20 anos. O sucesso da causa também se deve à participação das comunidades locais, que ganharam em 2013 um projeto de geração de trabalho e renda a partir da produção de produtos artesanais com referência ao papagaio-de-peito-roxo e à árvore araucária. Um grande exemplo de como preservar a natureza e suas espécies gera benefícios e ganhos para todos!


Já nasceram até filhotes, de acordo com relatos de moradores. A bióloga doutora Vanessa Kanaan, diretora técnica do Espaço Silvestre-Instituto Carijós e coordenadora do projeto (e autora das fotos deste post), conta que mais quatro papagaios estão à espera da próxima soltura. Assim como todos os que já foram reintroduzidos no parque, esses são vítimas do tráfico ilegal de animais silvestres e foram apreendidos no fim de 2013. Foi a partir das apreensões que o projeto surgiu. 

Vanessa conta que os pesquisadores que hoje fazem parte do projeto eram voluntários em um Centro de Triagem de Animais Silvestres, que abriga animais vítimas de ações humanas, como tráfico e desmatamento. Por falta de destinação adequada, os animais ficam no Centro por tempo indeterminado. Assim surgiu a idéia de reintroduzir os papagaios à natureza. “Por se tratar de uma espécie ameaçada de extinção, muitos requerimentos além dos necessários para outras espécies precisam ser atingidos para que a soltura ocorra. Durante uma reunião do Plano de Ação Nacional para Conservação dos Papagaios da Mata Atlântica, eu conheci o Adrian Rupp, que havia feito o levantamento de avifauna do Parque Nacional das Araucárias e sugeriu que a soltura fosse feita no local, pois a espécie já era considerada extinta lá. Assim o projeto de soltura se tornou um projeto de reintrodução”, explica Vanessa. 


Para colocar o projeto em prática, vários requerimentos precisaram ser atendidos, como a Instrução Normativa 179 do Ibama e a licença SISBIO do ICMBio, que incluem fazer uma análise sanitária e comportamental das aves. Durante o processo de reabilitação, necessário para que os papagaios possam voltar a viver normalmente na natureza, eles são avaliados e passam por um treinamento comportamental para terem a chance de aprender a evitar humanos e predadores, a procurar e se alimentar de itens de sua dieta natural, a melhorar suas condições de voo e a demonstrar comportamentos típicos da espécie (principalmente em relação a outros indivíduos da mesma espécie).

A terceira soltura, prevista para este ano de 2014, já tem autorização dos órgãos governamentais responsáveis. A primeira foi realizada em 6 de janeiro de 2010 e teve 13 indivíduos. O segundo grupo, com 30 papagaios, foi solto no dia 5 de setembro de 2012. Para a terceira, o instituto está em busca de parceiros e patrocinadores. Por ser uma ONG (organização não governamental), os pesquisadores que trabalham no projeto são voluntários e o projeto depende de parceiros, patrocinadores e doadores. Parte da segunda soltura, por exemplo, teve patrocínio da Fundação O Boticário e uma campanha, liderada pelo ornitólogo Adrian Rupp, conseguiu um GPS, que é fundamental para o projeto.

Papagaios com rádio-colar

Todos os papagaios que foram soltos receberam anilhas metálicas com dados para identificação e 34 deles foram equipados com rádio-colar, que permite a localização das aves na floresta. Com o equipamento de GPS, os pesquisadores conseguem monitorar os indivíduos reintroduzidos à natureza, acompanhando a readaptação, a localização e o comportamento deles. “Eles vivem livremente em casais ou em pequenos bandos, mostrando que é possível reabilitar animais vitimas do tráfico, melhorando o bem-estar de indivíduos que passariam o resto da vida em cativeiro”, conta Vanessa, que espera que os animais se reproduzam e formem uma população viável em longo prazo. 

O monitoramento é feito mensalmente pela equipe e diariamente pela comunidade local, que relata ao instituto o dia a dia das aves. A rotina delas pode, inclusive, ser acompanhada na página do projeto no Facebook, atualizada constantemente com informações sobre os roxinhos, como são carinhosamente chamados os papagaios-de-peito-roxo. Com o monitoramento, os pesquisadores esperam encontrar os filhotes que foram avistados por membros da comunidade, prova de que a população de pouco mais de 40 indivíduos está aumentando. 

“Apesar de parecer um número pequeno, as duas solturas são de extrema importância para essa espécie ameaçada de extinção cuja população atual está estimada entre 1.000 e 2.500 aves em vida livre do sul da Bahia ao Rio Grande do Sul, Paraguai e Argentina, revelando a existência de poucos indivíduos para uma grande extensão”, afirma a coordenadora do projeto. Infelizmente, em 2011 um papagaio foi capturado por uma pessoa que não morava no local, uma evidência de que o ser humano ainda é uma ameaça às aves. O roxinho foi resgatado pelas autoridades responsáveis, mas não pôde ser solto no momento porque as penas de suas asas tinham sido cortadas. “Outros viraram presas, possibilitando que fizessem parte do ciclo da natureza, da cadeia alimentar”, conta Vanessa. 

O fato de que um papagaio foi capturado por uma pessoa de fora da região mostra que a educação ambiental realizada nas comunidades locais é uma grande aliada da conservação da natureza e da sustentabilidade. “Mensalmente são realizadas visitas às propriedades, onde conversamos com os moradores, realizamos atividades educativas em escolas e palestras em empresas locais. As pessoas não só se tornaram protetoras dos papagaios, como passaram a observar outras espécies de animais, e muitas nos auxiliam no monitoramento dos papagaios-de-peito-roxo”, diz a bióloga. O instituto também desenvolveu vários materiais educativos, como história em quadrinhos, calendário e panfletos informativos.

Palestra em escola

O programa de reintrodução dos papagaios virou até fonte de renda para quem mora na região. “Mais de 15 comunidades locais vem sendo atendidas pelo projeto e nossa área de trabalho e número de pessoas atendidas aumenta a cada mês. Em 2013 iniciamos o projeto de geração de trabalho e renda para as comunidades locais, onde mulheres produzem itens artesanais com os temas papagaio-de-peito-roxo e araucária”. Vanessa afirma que as pessoas estão mais conscientes. “Prova disso é que ainda monitoramos animais da primeira soltura em 2010 e muitas das informações que nos ajudam a localizá-los são repassadas pela comunidade. Acredita-se que a retirada de animais silvestres da natureza foi o principal motivo da extinção local, então ter animais soltos há três anos é uma das evidências dessa mudança de mentalidade”, explica. 

Que baita projeto, né! Está ajudando uma espécie a voltar a viver num local onde já estava extinta desde a década de 1980, ajudando famílias que moram na região a ter uma renda extra e propagando, através da educação ambiental, a importância de preservar a natureza. Você já conhecia o projeto? Conhece algum outro parecido na sua cidade ou região? Não deixe de comentar!
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Home, de Yann Arthus-Bertrand [Resenha]

Por Letícia Maria Klein Lobe •
16 janeiro 2014
Que história incrível! Fantástica, perturbadora, chocante. É a história de Home, documentário sobre o planeta Terra, sua história, seus habitantes e as mudanças provocadas pelos seres humanos. Filmado inteiramente de dentro de um helicóptero, o documentário mostra apenas imagens aéreas dos mais diferentes cantos do mundo, embaladas por música e texto. O diretor francês Yann Arthus-Bertrand, que é jornalista, fotógrafo e ambientalista, nos maravilha, emociona, perturba e assombra. Um relato franco que nos faz refletir e incentiva à ação em prol da sustentabilidade. A Terra existe há cerca de 4,5 bilhões de anos e os humanos há apenas 200 mil anos. Neste tempo, já conseguimos abalar o equilíbrio que é fundamental à vida no planeta, principalmente nos últimos 50 anos, diz o filme. O ecossistema não tem fronteiras e a solução para a crise ambiental e climática que enfrentamos é trabalharmos juntos, tendo sempre em mente que o ambiente é um sistema único que interliga tudo e todos e que as espécies dependem umas das outras para existir. 


O filme foi lançado mundialmente no dia 5 de junho (Dia do Meio Ambiente) de 2009, simultaneamente nos cinemas, DVD e na internet – este é o canal do documentário no Youtube, que conta com entrevistas e making of em alguns países. Em uma hora e meia (corte do cinema, a versão estendida tem quase duas horas), que por sinal passa muito rápido, o filme nos mostra paisagens ora lindas ora tristes, passando por temas como indústria, desmatamento, aquecimento global, transporte, agricultura, pecuária, água e fontes de energia. A trilha sonora é forte e tocante, algumas vezes despertando angústia, tristeza ou revolta, outras vezes consolando, inspirando e esperançando. 

As mensagens também são fortes. A fusão entre imagens e dezenas de dados alerta para todo o mal que a humanidade causa ao planeta, utilizando seus bens naturais sem pensar no amanhã, sem pensar na coletividade, sem dar tempo da natureza repor. O filme também chama atenção para tudo que podemos perder se não mudarmos nossos hábitos, a maneira como vivemos e nos relacionamos com outras pessoas, outras espécies e o ambiente. Este é, na verdade, o principal objetivo do filme, como disse o diretor Yann numa entrevista, fazer com que as pessoas queiram fazer alguma coisa, ajudar de alguma forma. “Precisamos aprender a compartilhar e compartilhar requer muito amor”, disse Yann,  que fundou a organização GoodPlanet para encorajar pessoas a agir. E é muito fácil ajudar, gente, para todo aspecto da sua vida e da sua rotina que você olhe, há maneiras de fazer diferente, de ser sustentável e solidário. 



O documentário mal toca em temas igualmente importantes, como consumismo e a quantidade exorbitante de lixo que geramos diariamente. Talvez seja porque ele foi patrocinado pelo grupo Kering, conhecido como grupo PPR até 2013, que reúne marcas famosas de luxo. Porém, o fato do grupo investir em um documentário sobre sustentabilidade é uma amostra de que as empresas precisam se reinventar para manter-se no mercado, afinal, se elas não agirem, não haverá esperança para elas. Palavras do próprio CEO do grupo Kering, François-Henri Pinault, em entrevista.

Esse documentário deveria ser exibido em todas as escolas, universidades, na TV aberta, para pessoas de todas as idades, classes sociais e etnias. Convido você a reservar um tempo do seu dia e se surpreender com esse filme especial. Você pode assisti-lo inteiro e legendado (versão de uma hora e meia), inteiro e dublado em português de Portugal (versão estendida) ou em partes. Confira o trailer abaixo e bom filme!

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Corujas-buraqueiras na Praia de Zimbros

Por Letícia Maria Klein Lobe •
09 janeiro 2014

Passei minha última semana de 2013 na praia de Zimbros, que fica no município de Bombinhas, aqui no estado de Santa Catarina. Vi tanta beleza natural que não pude deixar de trazer aqui para o blog, na série Passeios na Natureza. Então vamos sair temporariamente do Vale do Itajaí, região estabelecida originalmente para a série, em direção ao litoral catarinense. Em poucos dias fui surpreendida muito mais do que esperava. Vi três espécies de aves que ainda não tinha visto ao vivo, nadei com pequenos peixes, fui tocada por uma água-viva pela primeira vez e vi outra rodeada de pequenos camarões. Uma festa para amantes da natureza! Mesmo com o toque da água-viva, que a deixa a pele um pouco dolorida, mas é só aplicar gelo que logo passa. 


Nos dias em que estive lá a água estava bem clara, dava para ver uns peixes pequeninos nadando ao redor dos pés. Quem também apareceu na praia, nos últimos dias do passeio, foram as águas-vivas. A espécie que pintou por lá é do tipo transparente, pequena, em torno de dois a cinco centímetros. Muitas acabam encalhando na areia, então é bom olhar pra baixo enquanto caminha. Dá para sentir a maciez gelatinosa quando ela toca e o envenenamento (sabia que água-viva não queima?) é instantâneo. Na hora eu saí do mar e coloquei gelo por alguns minutos. A ardência passou rápido e a vermelhidão causada também.

Um pouco antes, eu havia visto uma água-viva com uns cinco camarõezinhos em volta, cena muito inusitada. Só deu pra ver por causa do laranja dos camarões, porque a água-viva é transparente e praticamente invisível no mar. Outra surpresa pra mim foi ver a coruja-buraqueira (Athene cunicularia). A primeira vez que vi, ela estava sobre uma placa que dizia “Preserve a coruja-buraqueira”, o que foi engraçado, como quem diz "a placa é minha”.

Papai (ou a mamãe?)


"Tô te vendo"

A iniciativa é de uma pousada em Zimbros, que também colocou um cercado em volta do ninho, que é no chão (afinal, ela cava buracos). Ou seja, havia uma família. Fiquei muito feliz porque eu consegui ver todos os quatro: os pais e os dois filhotes. Os pais sempre ficam perto, seja na árvore, no poste, na rede de vôlei que fica em frente à pousada. Os filhotes eu só vi à noite, cavando buracos e comendo. As corujas são uma graça, coisa mais linda!

Mamãe (ou papai?)

Os filhotes em liberdade


Outras aves que eu vi pela primeira vez foram a garça-branca-pequena (Egretta thula) e dois indivíduos da espécie anu-branco (Guira guira). Não deu tempo de tirar foto do anu-branco. Falando em foto, peço desculpas se as fotos não estão em muito boa qualidade. Elas foram tiradas com celular porque a esperta aqui se esqueceu de verificar antes de viajar se a câmera digital tinha bateria.


Garça-branca-pequena

Alguns dias terminaram belíssimos, rendendo um show de luzes e cores!






Você já esteve em Zimbros ou conhece outras praias da região? Fique à vontade para compartilhar suas experiências de viagens também!
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Um pontinho azul no universo e uma bela mensagem

Por Letícia Maria Klein Lobe •
02 janeiro 2014
Eu sempre me interessei por astronomia. Ler e assistir a programas de TV sobre o assunto, ver estrelas à noite, admirar a lua. Nossa, adoro a lua! Mesmo de dia eu gosto de olhar o céu, me dá uma sensação boa, de liberdade. Até astronauta eu já quis ser (quem nunca, né, imaginação de criança é uma beleza!). Acho lindas as imagens do espaço, de planetas, constelações, galáxias. É fascinante! Mas um aspecto em particular sempre me chamou muito a atenção, principalmente em fotos: nós somos muito pequenos. Tá vendo esta foto aqui? Aquele pontinho brilhante no meio é a Terra

Fonte: O Eco

Somos grãos de areia, como disse Renato Russo. Esta foto, tirada em 2013 pela sonda Cassini, dá a exata dimensão disso. Nosso planeta parece um grãozinho de areia comparado com Saturno, que fica a 1,44 bilhão de quilômetros de distância. Essa foto coloca nossa vida em perspectiva. Aliás, este é um dos motivos pelos quais eu gosto de imagens de astros e estrelas: elas ajudam a colocar a vida, os problemas, os desafios, os sonhos, tudo em perspectiva. Nos fazem refletir sobre a existência, as relações, atitudes e comportamentos, sentimentos e emoções, sobre os outros e si mesmo.

Às vezes nos preocupamos demais com um problema ou nos estressamos muito com uma situação. Outras vezes brigamos com amigos ou familiares, dizemos palavras duras e não pensamos nos outros ou no coletivo. A verdade é que às vezes não pensamos antes de dizer ou fazer algo do qual nos arrependemos depois, né. Também acabamos dando valor demais às coisas materiais e valor de menos às pessoas e aos nossos relacionamentos. 

Ainda testemunhamos falta de valor, respeito e amor à natureza, ao planeta Terra, razão primária da nossa existência, da vida humana e de todas as espécies, pois é a mãe natureza que nos dá todas as condições para que possamos existir: ar, água, minerais, alimentos, energia. O mesmo planeta que sofre diariamente nas mãos de milhões de pessoas que destroem, desmatam, poluem, degradam, sujam, matam, que só pensam em si e no benefício próprio, esquecendo que fazem parte de uma cadeia, uma teia que tudo interliga e através da qual todos encaram as consequências de tamanha crise ambiental global.

Então, que a partir deste novo ano que se inicia, possamos aprender com a mensagem que a imagem ali em cima traz: humildade, respeito e gratidão. Antes de perder os cabelos por causa de um problema, devemos ver o todo, pensar na solução, no depois. De que vale tal situação de estresse ou dificuldade daqui a dez anos? Na maioria absoluta das vezes a resposta é que não vale nada. O meu problema não é o maior do mundo. Muitas vezes nem chega a ser problema, nós que colocamos empecilhos no caminho. Que possamos amar mais, perdoar mais, ter mais paciência e tolerância para com as pessoas, esquecer mágoas, fortalecer elos fraternos e de amizade, pensar mais nos outros e na coletividade do que apenas em si próprio e no seu próprio benefício. Que a pergunta “o que eu posso ganhar com isso” dê lugar a perguntas do tipo “como posso ajudar o outro a melhorar”, “como posso melhorar”.

Fonte: O Eco

Que possamos dar às coisas materiais o seu devido valor, de objetos que “pegamos emprestado” durante nossa vida na Terra. Na verdade, verdade mesmo, que possamos ir nos desapegando das coisas materiais e possuindo menos objetos em casa. Que a gente se apegue mais à vida, às experiências, às oportunidades, aos amigos, aos parentes, ao conhecimento, ao aprendizado, à generosidade, à sustentabilidade. A natureza e o planeta Terra agradecem cada gesto, cada ação que fazemos pensando neles e nas gerações futuras, seja um ato grande ou pequeno. Não importa o tamanho, o que importa é agir. Abrir mão de certos comodismos e ajudar, contribuir, melhorar o lugar em que vivemos, o que ajuda a melhorar o todo. Respeitar a natureza e as espécies que vivem no planeta. A Terra não é só dos humanos, precisamos nos lembrar disso. Vamos poupar, reduzir, reutilizar, reciclar, compartilhar. 

Pra finalizar, um trecho em vídeo do livro “Pálido ponto azul”, do astrônomo Carl Sagan. O nome do livro é como ficou conhecida a imagem acima, registrada pela nave Voyager 1, em 1990, a pedido de Carl, que foi um colaborador da Nasa. O escritor gravou em vídeo a passagem no livro que fala sobre o pálido ponto azul, que é o planeta Terra. Uma linda mensagem que nos faz refletir.


Desejo um ano maravilhoso a todos, cheio de felicidade, paz, amor, coragem, fé, boas experiências, oportunidades de ser melhor e fazer melhor a cada dia. Feliz 2014!
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