Como seus hábitos de consumo impactam a Amazônia

Por Letícia Maria Klein •
27 agosto 2019
Tem se falado muito da Amazônia ultimamente por causa dos incêndios, que estão mais frequentes e intensos. Teve até o “dia do fogo” neste mês de agosto, organizado por produtores para “mostrar trabalho” ao presidente da república. A principal causa dos incêndios é o desmatamento da floresta para fazer pastagens para gado. As árvores são queimadas para criar fazendas e o fogo foge do controle, invadindo a floresta em pé.

Como as árvores mantêm a umidade do ar, a falta delas deixa o ambiente mais seco. Aliado à atual estação de seca na Amazônia, é muito calor junto, criando as condições perfeitas para que os incêndios se alastrem. Como não dá para ir lá apagar o fogo diretamente, podemos agir de outras formas para combater o desmatamento ilegal. Tem tudo a ver com seus hábitos de consumo, especialmente alimentares.

Bateu a fome? Melhor que seja de salada. Não, estou brincando, não é só de salada que vive o vegetariano. Aliás, se tem uma coisa chata é quando eu pergunto o que vai ter para comer e a pessoa responde salada. ­­¬¬

“Mas o que você come?”, perguntam. Então, vamos lá. A dieta vegetariana tem vegetais, legumes, frutas, grãos, cereais, farinhas, massas, leites vegetais, chocolate sem leite e muito mais em centenas de receitas doces e salgadas que resultam da combinação de todos esses ingredientes que não vêm de animais. Na verdade, só não tem carne e derivados.

Almoço vegano no restaurante Permita Ser
Almoço vegano no restaurante Permita Ser, em Blumenau:
pizza vegana com espinafre da horta e queijo vegetal,
salada da horta (orgânica) e polenta com cogumelos e molho de tomate
Mas o que o seu consumo de carne tem a ver com a Amazônia? 

A pecuária é a principal responsável pelo desmatamento lá, respondendo por até 80%. Se você diminuir a quantidade de carne que come, já ajuda muito. Vá no seu ritmo. Comece com uma refeição por semana, depois um dia sem carne e assim por diante. Neste processo, aproveite para tentar deixar seu prato mais sustentável mesmo com a carne, procurando por fontes locais e orgânicas, de produtores da região. Com o tempo, você vai incluindo outros alimentos para fazer uma dieta balanceada e garantir o estoque de proteína. “Ah, para isso tem a soja, né?”. A-há, pegadinha!

Muito cuidado nessa hora. Além de não fazer bem na forma não fermentada, segundo algumas pesquisas, a soja é a principal cultura agrícola do Brasil, sendo utilizada para alimentar o gado e também pessoas, tanto aqui quanto em outros países. Junto com a pecuária, está na lista de fatores para o desmatamento na Amazônia. Então, temos que cuidar com o consumo de soja: não exagerar e procurar versões orgânicas no mercado, além de tentar saber de onde ela veio.

Além da alimentação, o que também afeta a floresta é o consumo de artigos eletroeletrônicos, joias e semijoias, produtos cosméticos e outros objetos que levam minérios na sua estrutura ou composição. Nós, enquanto sociedade, usamos muito os metais. Só que a mineração é responsável por 9% do desmatamento na região Norte do país.

O que você pode fazer em relação a isso?

Como todos nós somos consumidores de fato e em potencial, a melhor atitude nesse sentido é ser um consumidor consciente. Em vez de comprar novo na loja, você pode adquirir itens usados, pegar emprestado ou alugar. Dessa forma, você aumenta a vida útil do que já está no mercado, o que diminui a pressão por extração de mais minérios para fabricar produtos. Neste post sobre como reduzir o consumo de coisas novas, eu falei mais do assunto.

O foco aqui foi a Amazônia, mas as nossas atividades diárias e hábitos de consumo têm relação com todas as florestas. Quando falamos de consumo de papel e móveis, por exemplo, estamos ligados diretamente à Mata Atlântica, bioma onde mora 70% da população brasileira.

Já não te disse que está tudo conectado? É muito lindo isso. E poderoso.

Um ecobeijo e até breve.
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Dicas para reutilizar água em casa

Por Letícia Maria Klein •
20 agosto 2019
Esta aqui é para começar hoje mesmo. Ou melhor, estas aqui: dicas super práticas de como reutilizar água na sua casa antes de jogá-la pelo ralo. É para economizar dinheiro na fatura, poupar esse bem natural que é SIM-PLES-MEN-TE-FUN-DA-MEN-TAL à vida e dar mais uns passos na sua jornada sustentável.

Dicas para reutilizar água em casa


1. Quando for tomar banho, coloque um balde embaixo do chuveiro para captar o primeiro jato de água fria (existem até caixas coletoras específicas no mercado); quando a água esquentar, deixe o balde no canto e reutilize depois para:


  • Dar descarga no vaso sanitário;
  • Regar suas plantas;
  • Lavar roupas que precisam ser lavadas à mão no balde;
  • Limpar a casa, superfícies, janelas.
  • Lavar carro, moto, bicicleta, patinete.
  • Dar em si mesmo uma ducha de água fria, porque dizem que faz bem. (brincadeirinhaaa... ou não).

2. Enquanto estiver enxaguando a louça, deixe na cuba as embalagens plásticas e metálicas que você vai separar para a reciclagem, assim elas já vão sendo limpas com a água do enxágue. Depois, é só tirar a água, talvez passar uma esponja, se necessário, e deixar secar. Essa prática é importante se você deixa os resíduos durante alguns dias em casa antes de descartar, para não dar cheiro nem atrair insetos.

3. Sabe aqueles cubos de gelo no congelador que estão velhos demais para gelar sua bebida? Deixe-os derretendo dentro de um copo ou pote e reutilize essa água para alguma das finalidades acima.

4. A água que sobra no vasinho de planta pode ser recolocada na própria planta.

5. Se você mora em casa ou tem como “fazer um arranjo” na sacada, deixe baldes para coletar água da chuva e também reutilizar de alguma das formas acima.

Já acabou. Viu que prático? Rápido, fácil e indolor. Se você tem alguma outra dica para reutilizar água em casa, deixe aqui nos comentários.

Um ecobeijo e até breve.
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O que levar em consideração quando comprar roupas

Por Letícia Maria Klein •
06 agosto 2019
Não dá para sair pelado por aí (a não ser que você esteja numa praia de nudismo, claro). Entre a necessidade de usar roupas e os impactos negativos da indústria da moda, que é a segunda mais poluente do mundo, existe sustentabilidade, sim! Quando comprar roupas, calçados, acessórios ou peças de cama, mesa e banho, sejam usados ou novos, tem seis questões para você levar em consideração e, assim, ter um consumo de moda de consciência limpa. Porque quando o assunto é ser sustentável, a gente veste a camisa!

Não podia perder o trocadilho...

Natural aqui, por favor
Os tecidos são feitos com três tipos de fibras: naturais, artificiais ou sintéticas. As naturais vêm de plantas ou animais, como algodão, linho, cânhamo, lã, seda. As artificiais, como viscose, modal, liocel e acetato, são produzidas a partir da celulose com processos químicos e físicos. As sintéticas, como poliéster, polipropileno, náilon, acrílico e elastano, têm origem no petróleo, um bem não renovável, sendo, na verdade, plástico. Vá, lá, te dou um tempinho para responder qual é pior...

Apesar de todas terem vantagens e desvantagens, de forma geral, desde a origem até o fim do ciclo, as peças de fibras sintéticas pesam mais para o lado negro da força. Um dos problemas são os microplásticos que elas soltam todas as vezes em que são lavadas. Um relatório da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) diz que de 15% a 31% dos plásticos nos oceanos são microplásticos primários, sendo que 35% (a maior fatia) vêm da lavagem de roupas. Por isso que couro sintético não é ecológico! Ele dura pouco e solta pedacinhos plásticos com o tempo. Por essa você não esperava, não é?

Etiquetas de roupas que tenho: uma 100% algodão, feita no Brasil;  a outra, 95% poliéster, feita na China (que eu comprei num brechó)
Etiquetas de roupas que tenho: uma 100% algodão, feita no Brasil;
a outra, 95% poliéster, feita na China (que eu comprei num brechó)
Escravidão é coisa do passado

Mas tem empresas que pararam no tempo. Segundo o relatório Global Slavery Index, da Walk Free Foundation, mais de 40 milhões de pessoas, sendo 71% mulheres, trabalham em regime de escravidão no mundo, de forma forçada, em ambientes insalubres, com carga horária excessiva e salários ridículos. A indústria da moda é a segunda com mais trabalhadores nessas condições. Os documentários China Blue e True Cost mostram um pouco isso. Para te ajudar a comprar de empresas sem mão de obra escrava, existe o aplicativo Moda Livre, que avalia ações de empresas nacionais para evitar o trabalho escravo na produção de roupas.

Olha a responsa!
Para se manter no mercado, não basta mais só ter um produto ou serviço que vende. Quanto melhor estiverem seus colaboradores e menos impactos negativos a empresa gerar, mais responsável ela é, e isso atrai mais clientes, consumidores conscientes como você. Os conceitos de Responsabilidade Social Corporativa (RSC), Responsabilidade Social Empresarial (RSE) e Responsabilidade Social Ambiental (RSA) dizem respeito a práticas, adotadas de forma voluntária pela empresa, que trazem benefícios para os públicos interno e externo, incluindo o meio ambiente. Para saber se a empresa da qual você compra é responsável, acompanhe os relatórios de responsabilidade divulgados anualmente e entre em contato para exigir respostas.

Daqui mesmo
Quanto mais local, melhor. Mão-de-obra local, geração de renda local, matérias-primas locais, distribuição mais rápida, tudo isso gerando menos gases de efeito estufa para o produto chegar até você. “Indústria nacional” ou “Feito no Brasil” é sempre melhor de encontrar na etiqueta do que “Feito na China” ou sabe-se lá onde. Economias de baixo carbono, que são a tendência do século, devem garantir o maior suprimento possível de bens e serviços em curtas distâncias.

Dura uma vida
Qualidade, qualidade, qualidade. Já falei qualidade? Quanto melhor for a qualidade do material e da mão de obra, mais tempo a sua peça vai durar. São só benefícios: mais dinheirinho na sua conta bancária, porque você vai comprar com menos frequência; economia de água, energia, tintas e matérias-primas pelas empresas, porque a eficiência é maior; menos lixo no nosso planeta, porque o descarte é menor; uso consciente dos bens naturais do nosso planeta, porque dura mais. Mais amor pelo nosso planeta, porque sim!

Oi, de novo!
A Terra é redonda e gira, então as coisas precisam circular. Não dá para manter uma economia linear, que descarta seus produtos, num planeta que não cresce de tamanho e tem bens naturais finitos. Duas soluções da economia circular são reutilizar e reciclar materiais (outras soluções para suas roupas velhas estão nesta matéria que fiz para o Conexão Planeta). Empresas como Re-roupa, Insecta shoes e Caíques reaproveitam retalhos e resíduos de outras indústrias para produzir roupas e sapatos de qualidade, aumentando a vida útil de materiais que já foram produzidos e ainda podem ser usados por muito tempo. Comprar de empresas que tem esse perfil contribui para a sustentabilidade da indústria da moda.

Um ecobeijo e até breve.
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