Paixão por observar aves

Por Letícia Maria Klein •
30 maio 2013
Se tem uma classe de animais que me encanta, são as aves. Algumas pelo canto, outras pela plumagem, mas quase todas (me desculpem pinguins, avestruzes e galinhas) pela capacidade de voar. Deve ser maravilhoso sentir o vento passando pelas asas enquanto se voa livremente por todos os cantos da Terra. Um dia eu crio coragem e voo de asa-delta para experimentar a sensação. 

Canários e um rolinha em Santo Amaro da Imperatriz. 
Super legal fotografá-los!

Foi essa paixão por aves que me levou a fazer, como projeto experimental no curso de jornalismo em 2010, um vídeo documentário sobre um clube que também adora esses animais: o Coave – Clube de Observadores de Aves do Vale Europeu. A atividade de observar aves, conhecida em inglês como birdwatching, é mundialmente praticada por milhões de pessoas – dados apontam entre 80 e 90 milhões, sendo a maior parte delas nos Estados Unidos, onde surgiu no comecinho dos anos 1900. A observação de aves é uma ótima maneira de conscientizar as pessoas para a conservação da natureza em geral e, em particular, da avifauna.

No Brasil, a atividade só chegou entre as décadas de 70 e 80. Quem se interessa pela observação de aves, pode procurar os COAs (Clubes de Observadores de Aves) espalhados pelo país, entidades independentes não governamentais que reúnem pessoas interessadas na atividade, tanto em locais fechados quanto excursões em campo. Em Santa Catarina são três clubes: Coave, COA Joinville e Santa Catarina Birdwatching.

O Coave foi fundado em 2002, em uma parceria entre o curso de Turismo do Centro Universitário Leonardo da Vinci (Uniasselvi), a Organização Regional de Turismo e instituições movidas pela prática do ecoturismo na região do Vale do Itajaí. O Coave, considerado uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, realiza atividades em campo para observação de aves, cursos voltados ao comércio turístico, palestras nas escolas da região e projetos de educação ambiental em geral. Em 2004, o clube lançou um guia de aves da região. Depois de outras atividades, a partir de 2009 o Coave passou a fazer consultas populares para eleger aves símbolos ambientais em algumas cidades do estado. A de Blumenau, por exemplo, é o Aracuã, esse aqui embaixo. 

Aracuã fotografada por Maicon Mohr, presidente do Coave

Em 2010 foi aprovado o primeiro projeto de pesquisa de campo do Coave com financiamento da Fapesc (Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina). O que o projeto pretendia era fazer um levantamento da avifauna da 35ª Secretaria de Desenvolvimento Regional, que compõe os municípios de Ascurra, Benedito Novo, Dr. Pedrinho, Indaial, Rio dos Cedros, Rodeio e Timbó, além da criação de atividades turísticas em duas propriedades privadas que cederam espaço para realização da pesquisa em dois destes municípios. Ao final do projeto, seriam publicados livros sobre a avifauna pesquisada para distribuição gratuita nas escolas públicas da região. 

Quando fiz o vídeo documentário para a faculdade, o projeto estava em andamento e eu acompanhei duas saídas de campo que o grupo fez para observar e catalogar as aves. Foi incrível, eu adorei! Todos do grupo, que me receberam de braços abertos e foram muito colaborativos com meu projeto, avistavam uma ave e já identificavam na hora. Impressionante, sério. Eu fiquei quase o semestre todo pra decorar a forma e o nome da rolinha (o fato de Blumenau ter muito desses bichinhos ainda ajudou, olha ela aqui).


Durante a saída de campo em Benedito Novo, para o documentário

Infelizmente, como me contou o presidente Maicon, o Coave perdeu todo o apoio que recebia do grupo Uniasselvi quando este foi comprado pelo grupo Kroton, em 2012, o que reduziu significativamente as atividades do clube. O pior é que não tem a menor chance da Kroton restabelecer o apoio: pelo que eu soube do Maicon, o grupo cortou todos os apoios socioambientais, não só da Uniasselvi, mas de todas as outras instituições adquiridas. E tem mais: sabe aquele projeto que cito acima? Parou por ali, os livros com todas as aves pesquisadas no projeto nem chegaram a serem impressos. A Fapesc não repassou o recurso necessário para impressão e distribuição do material.

Mas, há luz no túnel e não é do trem. Os membros do Coave estão pensando em alguns projetos para o segundo semestre, sendo que um deles é justamente para finalizar aquele que não deu certo e poder, finalmente, distribuir os livros das aves para as escolas da região. Assim que eu tiver novidades, trago aqui para o blog.

Contagem de votos em eleição em ave símbolo

Depois da temporada que passei com o Coave para fazer o trabalho, não participei de mais nenhuma observação de aves na natureza. Mas tenho muita vontade de começar a praticar a atividade. O Brasil é um dos três países com maior diversidade de aves, sendo mais de 1.800 espécies. E você, já praticou a observação de aves? Tem vontade? Confira abaixo o vídeo documentário para saber como foi minha experiência e conhecer mais sobre o Coave.


Deixo aqui alguns links legais para quem se interessou pelo tema:
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O Reino Escondido, de Chris Wedge [Resenha]

Por Letícia Maria Klein •
23 maio 2013
Oie! Tudo certo contigo? Espero que sim! E obrigada por passar por aqui!

Como post de estreia do blog, quero dar uma dica de animação que chegou aos cinemas brasileiros recentemente e que vi neste último fim de semana. Dos criadores de A Era do Gelo e Rio, O Reino Escondido (Epic, no original) conta a história de seres da floresta que tem como missão de vida protegê-la, os verdinhos Homens-Folha. Mas, como a maioria das animações nos mostra, o bem não reina absoluto na Terra não. Existem também os carinhas maus, chamados Boggans, que tentam destruir a floresta e torná-la um lugar sombrio e sem vida. É no meio dessa luta que entra em cena a Maria Catarina, ou como ela prefere ser chamada, M.C.


jovem acaba indo morar com o pai, o professor Bomba, um cientista que tenta a todo custo provar que o reino escondido na floresta realmente existe, bem ali pertinho de sua casa. Para isto, ele instala câmeras em diversas árvores. Mas, como o resto do mundo, M.C. não compartilha das crenças do pai. Prestes a deixar a casa dele, ela é pega de surpresa pela Rainha Dara, que lhe envia numa missão para salvar a próxima geração da floresta. A partir daí, o enredo se desenrola. 


O que mais me chamou a atenção no filme são os conceitos trabalhados na trama. Opostos, por sinal. Um deles, que aparece logo no começo, é de que a própria floresta abriga os elementos da sua salvação e sua destruição, sem nenhuma interferência humana. Convenhamos, não rola, sabemos que não é assim que a banda toca. Primeiro, porque nenhum animal (digo animal porque os vilões são representações de animais mesmo) teria a intenção de acabar com sua própria casa (ahn, por que os humanos fazem isso mesmo?); segundo, porque natureza e humanidade são interligados e ações geradas de um lado causam reações no outro. 


Mas, talvez como forma de compensar essa visão, os Homens-Folha e a Rainha Dara são personificações humanas, as únicas entre todos os integrantes do reino (flora e fauna - destaque aqui para lesma Mub e o caracol Grub, a dupla cômica que ajuda M.C. na missão), o que representa a responsabilidade que as pessoas têm de cuidar do meio ambiente. O papel que a menina e seu pai desempenham na história também reforça esse segundo conceito de que os humanos são parte do meio ambiente e tudo o que cada um faz tem impacto no planeta, seja ele positivo ou negativo. Ainda assim, o filme, de forma geral, não passa a ideia de que os humanos são grandes causadores de males ao meio ambiente, o que pra mim é uma falha.


Tendo isto em mente, o filme é bacana, com ação, humor e romance, personagens bem delineados, mas é totalmente ilusório. Não considerar a ação humana sobre a natureza, simplesmente, não dá, vamos combinar. 

A animação foi dirigida por Chris Wedge e teve como um dos roteiristas o autor William Joyce, que escreveu o livro que deu origem ao filme (The Leaf Men and the Brave Good Bugs). Joyce também teve outra obra sua adaptada ao cinema, A Origem dos Guardiões, que estreou no fim do ano passado e traz uma linda história sobre inocência e fé (já vi duas vezes, é muito bom!). 

E você, vá viu O Reino Escondido? Deixe um comentário sobre o que achou do filme. Se ainda não foi, fica aqui a indicação (sem esquecer o olhar crítico). Confira o trailer abaixo.

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