O Lorax: Em Busca da Trúfula Perdida, de Chris Renaud [Resenha]

Por Letícia Maria Klein Lobe •
31 julho 2013
Theodor Seuss Geisel, mais conhecido como Dr. Seuss, escreveu mais de 60 livros infantis. Ele não é tão famoso no Brasil, mas você deve conhecer pelo menos uma de suas obras adaptadas para a TV e o cinema. Quem nunca viu o filme O Grinch ou a animação Como Grinch roubou o Natal durante as festividades de fim de ano? Outro livro deste escritor e cartunista estadunidense adaptado para as telonas foi Horton e o Mundo dos Quem, dos mesmos criadores de A Era do Gelo. A obra mais recente do autor a virar filme de animação foi The Lorax. Em português, O Lorax: Em Busca da Trúfula Perdida. Se você ainda não viu, já tem uma opção de programa para o fim de semana! Com certeza, um dos melhores desenhos animados sobre preservação ambiental. 




Na cidade de Sneedville, o artificial toma conta. As árvores são feitas de balão ou algum material parecido. Ar puro é vendido em garrafas, porque com o que tem por aí não dá pra ser feliz. Mas os habitantes tentam. Os olhos de Ted, um jovem morador, brilham toda vez que ele encontra Audrey, outra jovem moradora. Audrey tem o sonho de conhecer uma árvore de verdade, melhor dizendo, uma Trúfula. Dá vontade de amassar de tão fofa. Dr. Seuss foi muito feliz ao criar esses seres coloridos e super mega macios. E inexistentes em Sneedville. Para agradar Audrey, Ted deixa os muros da cidade em busca de Trúfulas. Mas o que ele encontra não tem nada de fofura colorida. 



Em busca da verdade, e da Trúfula perdida como diz o nome do filme, Ted encontra Umavez-ildo, um empreendedor ganancioso que, assim como Audrey, também adorava as árvores. Em forma de roupas, ou melhor, sneeds. Umavez-ildo conta a Ted sua história e como Lorax tentou alertá-lo sobre sua obsessão por transformar Trúfulas em sneeds. Lorax é um porta-voz da floresta, um bichinho laranja e bigodudo muito carismático. Ele tenta dissuadir o empresário da ideia de desmatar a floresta, mas como o dinheiro é capaz de cegar, o rapaz não conseguiu enxergar as consequências dos seus atos. 

De forma divertida e trabalhando muito bem com as cores, o filme fala sobre o poder destruidor da ganância e a importância de preservar o meio ambiente. Por meio de criaturas fofas, alegres e que dá muita vontade de pegar no colo, a animação cria um laço de afeição com as crianças para passar a ideia de que precisamos cuidar do nosso planeta e que todas as espécies têm o seu espaço. 



Mas o filme não fica só no engraçadinho. Mostrando como a sociedade industrial funciona, ele deixa claro como a natureza é impactada pelas ações egoístas e mesquinhas dos homens, que se deixam cegar pelo material e não conseguem olhar além, como se usassem aquelas viseiras que se coloca em cavalos para eles só olharem para frente. De certa forma, é isso que representa a cidade murada de Sneedville, que não permite aos seus habitantes conhecer o que está além do que a vista alcança, no caso, toda a devastação causada pela ambição humana. E assim como da semente nasce uma nova vida, Ted se torna a esperança de uma mudança nos padrões de vida dos habitantes de Sneedville, que representam, adaptando o filme para a realidade, toda a população humana e a urgência em revermos nossos hábitos. 



O filme, produzido pelos estúdios Illumination Entertainment e Universal Pictures, os mesmos de Meu Malvado Favorito, estreou no dia 2 de março de 2012, data do aniversário do Dr. Seuss, que morreu em setembro de 1991. Uma homenagem a esse escritor que conhecia a importância de boas histórias para crianças (e adultos, por que não?) e a necessidade de colecionar relacionamentos e boas ações, não pilhas de roupas nunca usadas no armário. O Lorax é o exemplo perfeito de que as ações que fazemos hoje terão reflexo tanto na nossa vida quanto na de outras pessoas, de futuras gerações. Não importa o quanto você tem de dinheiro ou de bens materiais, mas sim que tipo de pessoa você quer ser e o que você quer deixar de lembrança para quem fica depois que você se for, levando nada de dinheiro e nada de material, apenas suas experiências e histórico de atitudes. 

Deixo o trailer abaixo para dar um gostinho dessa deliciosa aventura em busca da Trúfula derradeira. Se já viu o filme, fique à vontade para comentar o que achou. Se ainda não viu, bom filme!



Além desta, aqui no blog tem outras resenhas de livros e filmes socioambientais, inclusive animações. Falando sobre a indústria da moda, que é citada no desenho animado, saiba neste post o que levar em consideração quando comprar roupas.
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O que você faz com seu jeans velho? Elas fazem bolsas

Por Letícia Maria Klein Lobe •
26 julho 2013

Tudo começou numa feira de artesanato em junho de 2011. Três amigas combinaram de passear na feira, conhecer os produtos, dar uma volta. Elas já estavam aposentadas na época, depois de terem sido colegas de trabalho por muitos anos. Aposentadoria é legal, mas sabe como é, não dá pra parar de vez, ficar em casa escutando a grama crescer. Elas queriam um novo trabalho, uma nova atividade para voltar à ativa e foi na feirinha que tiveram a ideia. “Que tal criar um grupo de artesanato com as colegas aposentadas?”. Grande parte do material elas já tinham, o que fez a ideia do artesanato ser tão bem-vinda: ela surgiu da vontade de reaproveitar tudo aquilo que poderia ter ido parar na lata de lixo. Pra começar, mandaram um e-mail para todas do grupo de aposentadas, mais ou menos 30 mulheres, pra falar da ideia e ver quem tinha interesse. De todas, que se reúnem uma vez por mês para trocar figurinhas, só uma apareceu. Problema? Que nada! Maravilha! Foi fácil escolher o nome! Artesanato Entre 4 Amigas é tudo de bom! 


Uma delas, Margarida Schneider, é quem tinha muito material. Uma amiga dela tem confecção e sempre sobra muita malha. Para não ver tecido bom virando lixo, Margarida sempre pegava as malhas, que foram entulhando na casa dela. Agora, com as outras três amigas, as malhas seriam finalmente reaproveitadas. No começo, Margarida e Ivone Stockmann criavam bolsas e casinhas para bichinhos de estimação, enquanto Nádia de Vargas e Gislaine Wachter faziam colares e enfeites. Foi assim por dois meses, quando elas viram que o negócio podia melhorar. Elas sentiram a necessidade de criar produtos que envolvessem as quatro, pois cada uma gostava de fazer uma coisa diferente. Sabe o jeans do título? É aqui que ele entra. Calças que não servem mais saíram do guarda-roupa para a máquina de costura. Como elas não tinham tantas calças assim, foram atrás de brechós que tivessem. Um deles tinha muitas, que foram transformadas em shorts. “Não joguem as pernas fora, não! Nós queremos”. Conhecidos, parentes e amigos também doaram suas calças. 

O estoque foi crescendo e o processo de produção estava esquematizado. Margarida costura a bolsa e as alças. Estas são feitas pela Ivone, que também costura se as alças precisarem ser presas à mão. Tá faltando algo na bolsa jeans... Pode deixar que Nádia e Gislaine dão um jeito. Nádia faz os enfeites (fuxicos, borboletas, flores), alguns de tricô ou crochê, e Giza decora as bolsas. A decoração tem os enfeites, retalhos de tecidos, botões, cordões de cadarço, fitas. A maioria deles é reutilizada. Apesar do principal material ser o jeans, as malhas da confecção da amiga de Margarida ainda são usadas. Alguns retalhos se transformam em fuxicos e outros enfeites para a bolsa. O que sobre, maior parte na verdade, não vai pro lixo. Mensalmente, elas enviam para o oeste do estado, onde Margarida tem família, uns três sacos grandes com as malhas e a pastoral da criança da cidade de Catanduvas reaproveita. Nada é descartado!

Margarida costurando

Claro que elas compram algumas coisas, como grandes pedaços de tecido quando os pequenos não ajudam e o que Giza precisa pra decorar as bolsas. Mas a porcentagem é bem pequena. E os tecidos não são comprados em lojas especializadas. As amigas vão àquelas lojas que vendem por quilo os retalhos de tecido descartados pelas fábricas. O negócio é reutilizar, minha gente! Já deu pra perceber que quase toda a bolsa é feita de material reaproveitado, né. Especificamente, 90% dela!!! Super ecológica! O restinho são os botões e companhia. Até os potes que guardam os enfeites são reutilizados: tubos de bolinhas de tênis, esporte que o filho de uma delas pratica. 

Esta é a minha, que ganhei de presente. 
Foi como conheci o grupo

“Depois que você absorve a questão da sustentabilidade, não dá pra não pensar no meio ambiente”, diz Giza. Para elas, o trabalho mostra como é possível fazer coisas bonitas a partir de produtos que já existem e que iriam para o lixo. Com uma calça jeans elas fazem em média duas bolsas. E bastam dois encontros para as bolsas ficarem prontas. Além da sustentabilidade, outra motivação para o projeto é o lado social. Os encontros, realizados uma vez por semana, são uma forma delas manterem a amizade e são também uma terapia, como diz Nádia, para quem passou a vida toda lidando com o público. Trabalho e lazer se misturam numa atividade que rende ótimos resultados: a amizade continua firme e o meio ambiente agradece. Agora, depois de dois anos, elas querem começar a vender pela internet e achar um local que possa vender as bolsas aqui em Blumenau. Se você gostou, o blog delas tem um monte de modelos lindos, coloridos e bem variados. Bateu uma curiosidade de saber como é o processo de produção? Confira no vídeo abaixo que eu fiz (é meu 1º para o blog, espero que gostem).



Muito legal, né! Eu adorei. E você, gostou do trabalho? Compraria uma bolsa feita Entre 4 Amigas? Já tem produtos que foram feitos a partir de materiais reaproveitados? Compartilhe sua opinião nos comentários!
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Inovação: palavra de ordem na indústria – 8º Workshop Internacional Senai Ambiental

Por Letícia Maria Klein Lobe •
23 julho 2013
“No contexto industrial, a sustentabilidade não é mais uma questão de escolha, mas de sobrevivência. Ela deixou de ser diferencial para ser estratégia”. Foi o que Jorge Peron, da gerência de Meio Ambiente da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) disse para exemplificar a necessidade da indústria em inovar. Inovação foi a palavra-chave do 8º Workshop Internacional Senai – Ambiental, realizado nesta terça, 22 de julho, aqui em Blumenau. Quem promoveu o encontro foi a Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina), por meio do Senai. O tema: Meio Ambiente e Competitividade

Tudo bem organizado, pomposo pra falar a verdade. Coquetel, crachá, pastinha com folhetos, bloco de anotações, caneta, mais folhetos, coquetel de novo... Opa, opa, péra aí, algo de errado não está certo, como se diz (redundâncias à parte). Para um evento que fala sobre sustentabilidade, há papel e desperdício demais nessas linhas. Sinceramente, pra quê crachá? Ainda mais num evento de um dia. Eu deixei a caneta e a pasta com os milhares de folhetos dentro lá na cadeira, pra usaram de novo. Ah, e claro que eu deixei também um comentário sobre o assunto na folha de avaliação do evento. Todo esse material precisou de matéria-prima e energia pra ser feito e muito provavelmente a maioria vai para o lixo, o que prejudica ainda mais o meio ambiente. Não adianta só falar sobre sustentabilidade, é preciso agir. Que bom que as palestras mostraram ótimas ações em curso.

As palestras foram interessantes, principalmente para quem trabalha na indústria ou com desenvolvimento de produtos. Foram três: “Ecodesing, ecoinovação”, do espanhol Joan Pons, “A necessidade da valorização de resíduos para preservar o meio ambiente”, de Lauro Vianna e “A indústria nacional e a gestão de recursos hídricos”, de Jorge Peron (o da frase do começo do post). Lauro Vianna é diretor administrativo e operacional da Momento Engenharia Ambiental, que faz o tratamento e destinação correta de resíduos classes I e II (industriais) e resíduos dos serviços de saúde. Já falei dela por aqui, mas ele acrescentou uma informação legal ao que eu já tinha. Sabia que o gerenciamento dos resíduos começa no local de origem? O cliente também precisa fazer a parte dele, separando o lixo corretamente. Quem gera resíduo é responsável por ele o tempo todo, até a parte final, que é o descarte. Grande responsabilidade a do cliente! Mas como disse Lauro, o tratamento dos resíduos é um investimento: é bom para o cliente, bom para os clientes do cliente e bom para o meio ambiente. 

Momento Engenharia Ambiental

O que também é ótimo para nosso meio ambiente é o ecodesign. Achei show de bola o tema e a palestra (com tradução simultânea, pois era em espanhol). Joan, professor e pesquisador da Universidad Autònoma de Barcelona, explicou que ecodesign é pensar um produto de forma diferente: pensar maneiras para melhorá-lo, melhorar a eficiência, a gestão de uso e gestão final. Como disse Joan, é meio que uma visão bumerangue da coisa, o produto tem que voltar, precisa ser utilizado de várias formas. Além de multifuncional, um produto “ecodesenhado” reduz, durante a sua produção, o impacto gerado no meio ambiente. Menos água é utilizada, menos energia, menos matéria-prima. 

O produto do ecodesign é planejado para ser ecológico, para causar menos impacto do que um produto não ecológico. As etapas são seis: planejamento de objetivos, avaliação do produto e melhorias, ecobriefing, cenários de melhoria, validação e informe final. Joan deu alguns exemplos bem bacanas de produtos "ecodesenhados": uma privada que usa água que sai da torneira para dar a descarga (adorei!), lâmpadas de LED, jaqueta que serve para todas as estações (mangas e toca tem zíper para serem tiradas ou colocadas – super!). Tem até dois exemplos brasileiros: Natura, empresa de cosméticos e higiene pessoal, e Ciao Mao, de sapatos. Além de reduzir o impacto ambiental, o ecodesign diminui custos e aumenta a eficiência energética para as empresas. 

Privada desenhada por empresa espanhola

Porém, a indústria precisa inovar além do ecodesign e um dos desafios mundiais, o maior deles diria Jorge Peron, é o uso sustentável da água. De toda a água do mundo, menos de 1% pode ser usada pela humanidade. Dá só uma olhada em como esse 1% de água é usado ao redor do globo, em média: 69% para uso agrícola, 21% para uso industrial e 10% para uso doméstico. No Brasil, a média de água para agricultura sobe para 72% e para indústria cai para 18%. A imagem abaixo, mostrada na palestra, dá detalhes de quanta água se gasta para produzir diferentes alimentos que a gente consome no dia a dia. 


Bastante, né. Demais. É fato: tem escassez de água no planeta. No Brasil, ela é abundante, mas o problema é a má distribuição espacial e temporal. Na Amazônia, por exemplo, onde moram 5% da população brasileira, estão concentradas 70% da água! Outro problema: 54% dos brasileiros não têm rede de esgoto. Num cenário de escassez de água, os conflitos ficam ali de butuca, só esperando pra atrapalhar. 

Soluções existem e uma delas é a gestão participativa, por meio de comitês de bacias hidrográficas. Em Santa Catarina são 17, no Rio de Janeiro (cidade do palestrante), são nove. O que precisa ficar claro é que a água é um bem comum, não commodity. Como a indústria pode contribuir para a gestão participativa? Racionalizando o uso da água. Por incrível que pareça, como disse Jorge, é no setor industrial que estão as melhores práticas de recirculação, reaproveitamento e reuso da água. Como ela é cara, seu uso deve ser eficiente. Menos desperdício é igual a mais água por mais tempo. Por isso que a inovação no setor industrial é a palavra de ordem no momento. E não só em relação à água. Gerir energia, resíduos e emissões atmosféricas significa eliminar perdas no processo industrial e otimizar os custos. Produzir mais com menos recursos. Para a indústria, uma questão de sobrevivência. Pensando melhor, para todos.
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Leitura sustentável para quem ama um livrinho

Por Letícia Maria Klein Lobe •
20 julho 2013
O que é muito o meu caso. Ler é uma das minhas paixões. Eu adorava ir à livraria e ficar lá um tempão, pulando de prateleira em prateleira em busca de mais uma aquisição literária. Isto até o ano passado, quando a ficha caiu e eu me dei conta de que comprar livros não é lá uma atitude muito verde. Então decidi tornar a leitura uma prática sustentável. Encontrei uma maneira que me agrada bastante! 

Se você pensou em e-books, pense de novo. Ao contrário do que parece, os livros impressos ainda são mais sustentáveis do que os virtuais. Ahn, como assim? Para se ler um livro digital, é preciso uma plataforma digital: computadores, celulares, smartphones, tablets ou o e-reader, criado especificamente para ser uma biblioteca ambulante. É aí que se encontra o perigo. Em artigo do The Millions, o editor Nick Moran compara a pegada de carbono de leitores de livros físicos e de livros digitais. Segundo os cálculos dele, tendo como base a média de que o estadunidense lê 6,5 livros por ano, o material inicial e os custos ambientais de ter um e-reader, especificamente, são de 200 a 250% maiores do que ter os livros em casa. O que também está incluso na conta é que, em média, e-readers são trocados depois de dois anos de uso, seja por dano, perda ou qualquer outro motivo. Ele diz que a única forma de compensar isso seria o leitor de e-reader ler cerca de 100 livros por ano e ficar com o mesmo aparelho por no mínimo cinco anos (o que não é nada difícil, convenhamos. Enquanto o aparelho estiver funcionando, pra que trocar?). 

E-reader (foto tirada da internet)

Outra pesquisa, realizada pela Carbone 4 em nome da Hachette Livre, maior editora de livros na França, mostra que uma pessoa teria de ler 80 livros por ano para compensar a compra do e-reader. O cálculo foi o seguinte: a gráfica emite 178 mil toneladas de gás carbônico para 163 milhões de cópias no período de um ano (o que dá mais ou menos um quilo do gás para cada livro). A produção de um e-reader, contando peças e materiais, transporte entre países, entrega às lojas, energia e reciclagem, daria um total de 240 quilos por aparelho. Portanto, para valer a troca do livro físico para o virtual, o dono do e-reader teria que ler 240 livros em um período de três anos, que foi considerado na pesquisa como sendo a vida útil do equipamento. 

O artigo do The Millions rendeu muitos comentários, tanto a favor quanto contra os argumentos do editor Nick. Um dos que não concordaram com o artigo falou que quem compra um e-reader é porque gosta muito de ler, tipo leitor voraz, então vai ler muito mais que a média de 6,5. Outro argumento foi que a pessoa não precisa comprar um e-reader para ler livros digitais, basta ter um computador, celular, tablet ou smartphone, aparelhos multifuncionais, que servem para ligar, mandar mensagem, acessar a internet e baixar aplicativos. É claro que todos esses números não são absolutos e existem muitas variáveis que podem ser levadas em conta. Ainda assim, de maneira geral, eu concordo que a produção de um e-reader é mais poluente do que a de um livro. 

Tanto para se produzir livros de papel quanto de pixels as fábricas precisam de matéria-prima, energia e transporte. É preciso pensar em todo o processo, toda a cadeia produtiva, e não apenas no resultado. Depois de pronto, o e-reader pode evitar o corte de muitas árvores, mas o processo de produção causa mais impacto no meio ambiente do que produzir um livro: geralmente as peças viajam de país para país até se juntarem, depois viajam mais um pouco para chegar a todos os países que vão vender o aparelho, fora toda a energia e matéria-prima que são usadas na produção. Ah, é um aparelho eletrônico, então ele precisa ser recarregado frequentemente, o que já puxa mais energia da rede. Já a produção de livros fica concentrada em um país só. Precisa das mesmas coisas do outro: matéria-prima, energia e transporte, mas em escala menor. Esse videozinho da campanha Consciente Coletivo, do Instituto Akatu, é bem bacana para ilustrar o processo de produção do papel. Não mostra como faz livro, mas dá pra captar a ideia.


Já ficou bem claro que tanto e-books como p-books (paper books – acabei de inventar, que tal?) geram impacto de uma maneira ou de outra. Então, você me pergunta, como é que fica? Aqui é que queria chegar! Leitura sustentável é uma forma de consumo consciente: adquirir conhecimento, informação e letrinhas gerando o mínimo de impacto possível na natureza. Como todos temos computador, ou pelo menos acesso a ele (caso contrário você não estaria lendo isso aqui), não precisamos comprar um e-reader. Então se você quer ler na telinha, basta começar a comprar e baixar os e-books. Uma dica interessante para não cansar os olhos é inverter as cores na página, colocar o fundo em preto e as letras em branco. Isto porque o branco reflete a luz, então quanto menos branco na tela, menos reflexo. Como eu (ainda) não sou muito chegada a ler um livro inteiro no PC e conheço muitas pessoas que gostam de sentir, cheirar, folhear o livro, aí vai outra solução, que eu curto bastante.

Sebos, bibliotecas, amigos, parentes. O que todos eles têm em comum? Livros que você pode ler. Pra que comprar um livro novo na livraria se você pode ler um que passou por outras mãos? Quanto mais pessoas compram livros na livraria, mais livros são produzidos, mais bens naturais como água e papel são utilizados. Para fabricar 50 quilos de papel, bye-bye uma árvore. Esta árvore pode gerar 125 livros, levando em conta livros com peso médio de 400 gramas. No Brasil, a tiragem média de um livro é de três mil exemplares, o que equivale a 24 árvores a menos na floresta. Multiplica isso por todos os livros novos que chegam às livrarias todos os dia e eis uma baita quantidade. Cada vez que você vai à livraria em busca de mais um livro pra coleção, você estimula essa cadeia produtiva. E muito provavelmente depois de ler, o livro fica paradinho na estante, não fica? É um desperdício, vamos combinar.

Um sebo (foto tirada da internet)

Imaginem um grupo de amigos onde todos querem ler o mesmo livro. Se apenas um comprar e for emprestando aos outros, bens naturais serão poupados e viva a natureza. Se o amigo não tem, talvez a biblioteca municipal tenha, ou a biblioteca da sua escola ou faculdade. Tem também o sebo, que costuma vender, além de livros, CDs, DVDs e revistas. De qualquer forma, você ajudou a evitar que uma árvore virasse papel. Falando em sebo, foi de um dos maiores sebos on-line que vieram aquelas informações numéricas ali de cima: Estante Virtual, responsável pela campanha Leitura Sustentável

Desde 2005, quando surgiu, o site ajudou na compra e venda de mais de seis milhões de livros. Graças a esse ciclo de reutilização de livros, sejam novos ou usados, 48 mil árvores continuaram a fazer sua fotossíntese em paz. Claro que antes de comprar um livro pelo sebo on-line que seja lá do outro lado do país ou do estado e que vai precisar de combustível pra chegar até você, procure nos sebos físicos da sua cidade ou veja se alguém pode te emprestar. Tá difícil de encontrar o livro? Que tal montar um grupo no facebok? Eu faço parte, com meu perfil pessoal, de um chamado Brechó do Livro. Tem cada vez mais membros que trocam, vendem e compram livros uns dos outros aqui em Blumenau. É um sebo virtual local. 

Há várias maneiras de praticar a leitura sustentável. Seja qual for, a palavra-chave é reutilizar. ;)
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Pocahontas, de Eric Goldberg e Mike Gabriel [Resenha]

Por Letícia Maria Klein Lobe •
17 julho 2013
Qual a primeira lembrança que vem à mente quando você pensa em Disney? Princesas, castelo, parque de diversões, orelhinhas de um ratinho famoso? Geralmente, o pensamento vai nessa direção, né. Mas, para a nossa alegria (presumo que você vai gostar), os estúdios Disney não deixaram a sustentabilidade de lado. Em alguns filmes ela aparece. Um dos mais conhecidos, e também um dos meus favoritos, é Pocahontas.

Na animação, lançada em 1995, uma índia chamada Pocahontas desenvolve uma amizade com John Smith, um inglês que chegara às terras do novo mundo a bordo de um navio da Virginia Companhia, no ano de 1607. Pocahontas é a filha do chefe da tribo Powhatan e faz de tudo para evitar um combate entre os dois lados, principalmente porque ela e John acabam se tornando mais que amigos. O que é comum nos filmes da Disney, aquele romance no ar, além da presença de animais que só faltam falar. No caso, o guaxinim Meeko e o beija-flor Flit, o alívio cômico do filme. Tem também o cãozinho de Ratcliffe, chamado Percy (ai, que chique – e esnobe). Ratcliffe é o governador inglês que quer explorar as terras indígenas em busca de ouro.


O mais interessante de Pocahontas é que ela realmente existiu. A animação foi baseada numa história real. Porém, baseada significa que das telas para a realidade há um grande salto. O que o filme mais teria conseguido captar seria a personalidade forte e otimista de Pocahontas. Mas nunca houve nenhum romance entre a índia e o inglês, de acordo com relatos. Em 1607, quando o navio inglês atracou na região hoje conhecida como Jamestown Virgínia, Pocahontas teria cerca de 11 ou 12 anos. Na verdade, esse nem era o nome dela. Ela se chamava Matowaca. Pocahontas era apelido, algo como “pequena traquinagem”, o que já demonstrava seu espírito livre. 

John, na época, teria por volta de 27 anos. Como um dos líderes colonos, teria sido capturado pela tribo e mantido prisioneiro por um ano. Matowaca, que atuou como diplomata entre os dois grupos tão distintos, evitou a morte de John e de outros colonos, o que fez com que índios e ingleses levantassem as bandeiras brancas. John teria sido um tutor de Pocahontas, ensinando a língua e os costumes ingleses. Um acidente teria feito o jovem adulto voltar para a Inglaterra em 1609.

Três anos depois, com 17 anos, Pocahontas estava em visita social para promover a paz entre os povos e foi aprisionada pelos ingleses. Um deles, John Rolfe (só tem John na história), interessou-se por ela e eles acabaram casando como condição para a liberdade dela. Um filho nasceu, mas Pocahontas não teve a chance de acompanhar seu crescimento. Em 1616, com 21 anos, ela morreu durante uma viagem de navio devido a uma doença, talvez varíola. Até 1609 é aonde vai o filme Pocahontas. A segunda parte da história aparece na continuação Pocahontas 2 – Uma jornada para o novo mundo.



Questões históricas e culturais à parte – há divergências sobre o que realmente teria acontecido e os descendentes da tribo Powhatan não gostam nadinha das adaptações – vamos falar do filme, mais especificamente da parte que nos interessa. O que eu mais gosto na animação é que ela traz à tona temas como sustentabilidade e preservação ambiental, especialmente nas músicas (sabe né, os filmes da Disney são recheados de canções, o que eu acho o máximo). De toda a trilha sonora, a música “Cores do vento” é a que melhor aborda essas questões, explorando a igualdade entre todas as espécies e como tudo e todos estão interligados. Eu me arrepio toda vez que ouço. É tão linda que ganhou o Oscar de melhor canção original. Mas como todas as músicas foram muito bem escritas e produzidas, o filme saiu com mais um Oscar, o de melhor trilha sonora.


Tirando alguns exageros do estilo Disney de ser – afinal, seria muito difícil chegar perto de um urso sem receber ao menos um rugido em resposta – o clipe deixa muito claro a interdependência que existe entre as espécies. Uma coisa que eu achei bem interessante e curiosa até apareceu bem no comecinho, quando Pocahontas contesta o significado da palavra selvagem. Quem é mais selvagem: o índio não civilizado ou civil que anda armado? Bem bacana esse jogo de significados e contextos.

Outro aspecto relevante é a cultura indígena mostrada no filme, que vive em plena harmonia com o meio ambiente, retirando da natureza apenas o necessário para viver. É uma grande lição que podemos aprender com os índios. Não vou entrar na questão de tribos que usam tecnologia, que misturaram sua cultura com a das cidades. Falo aqui do conceito primário de índio. É o que a animação mostra, uma relação harmoniosa entre a tribo e a natureza, contrapondo com o cinza dos ingleses. As cores do filme, inclusive, dizem muito sobre a relação do homem com a natureza. Pelo trailer, dá pra ter uma noção. Tons de verde e marrom para os índios, preto, cinza e roxo para os ingleses. (Pra quem curte semiótica das cores, os filmes da Disney são um prato cheio).



Você já viu o filme? Gostou? Eu tinha cinco anos quando ele foi lançado e lembro que assisti no cinema! Você viu no cinema também? Qual sua opinião sobre a animação? Seu comentário é mega bem-vindo e ajuda bastante o blog a crescer!
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Testes em animais? Ah, vá!

Por Letícia Maria Klein Lobe •
12 julho 2013

Se tem uma coisa que eu considero totalmente revoltante e abominável é a capacidade absurdamente infeliz do ser humano de prejudicar outras espécies. Quando envolve crueldade então, nem se fala, aí a coisa fica feia. Um exemplo são os testes em animais, que são  feitos para se obter resultados sobre comportamento, medicamento, cosmético ou ação de substâncias químicas em geral. Um ato cruel e retrógrado. Sabia que na maioria dos testes os animais NÃO são anestesiados e ainda são dissecados VIVOS (prática conhecida como vivissecação)? 

Os tests são vários, um mais desumano que o outro. Eu ia lendo e meus olhos iam enchendo d’água. Fiquei até enjoada. Se você tem um estômago forte e está a fim conhecer um pouco mais até onde a crueldade humana pode ir, dá uma olhadinha aqui. Eu realmente não consigo acreditar como existem pessoas capazes de realizar testes assim em animais, que são tão seres vivos quanto os humanos e, portanto, sofrem e sentem dor e medo! Deu pra perceber minha revolta, né? Estou quase tendo um troço nervoso ao escrever este post. Mas, como eu costumo dizer, há luz no fim do túnel e não é do trem!

Os cães da raça Beagle são muito usados 
como cobaias pelo seu temperamento dócil

O site EcoD publicou uma matéria recentemente sobre as empresas brasileiras e estrangeiras que testam e não testam seus produtos em animais. A matéria foi ao ar depois de uma outra notícia bem feliz de que a Índia anunciou, no fim de junho, a proibição aos testes da indústria de cosméticos em animais. Além deste, todos os países da União Européia e Israel também aboliram os testes nos nossos amigos de quatro patas. No Brasil, os experimentos ainda acontecem, mas algumas empresas já se conscientizaram sobre a importância de extinguir, dizimar, acabar com os testes em animais e recorrem a métodos alternativos, como modelos de pele humana 3D, simulações avançadas de computadores e combinações de testes moleculares, celulares, genéticos e de tecidos com modelos computacionais. 

Fiquei bem feliz de saber que já utilizo produtos de empresas nacionais legais para os animais, como Natura e O Boticário. Outras que fabricam seus produtos de forma ética: Contém 1g, Água de Cheiro, Acquaflora, Embelleze, Granado, Ikove, Impala, Mahogany, Nazca, OX, Éh, Quem Disse Berenice, Racco, Surya, Farmaervas e Vult. Tem mais aqui. Algumas estrangeiras também estão na lista do bem: Aveda, Alva, Conair, Diane von Furstenberg Beauty, The Body Shop, Urban Decay e Victoria's Secret. Na verdade, são bem mais que algumas, confira

Tão melhor se nenhuma empresa fizesse testes em animais, não é? Entretanto, muitas ainda fazem, e são bem conhecidas, como as companhias multinacionais Unilever e Procter and Gamble, cujos produtos estão em peso na lista das empresas que usam coelhos, roedores, cachorros, macacos e outros animais para testar se seus produtos causam irritação nos olhos, na pele, câncer ou até se matam. Na verdade, matam mesmo. Os animais são sacrificados depois dos testes. Sim, é real. Milhões de animais mortos todos os anos à custa de pessoas que acham que as outras espécies existem no planeta para servir à humanidade. 

Se você discorda dessa prática, o que eu acredito que sim, faça sua parte, consuma conscientemente. Boicote os produtos das empresas que fazem testes em animas e também diga a elas por que você não compra mais. Envie e-mail, comentário no facebook, mensagem no twitter ou qualquer outra forma de comunicação nas muitas ferramentas de redes sociais que existem hoje na internet. O importante é se manifestar. Os consumidores é quem têm o poder de mudar as empresas, afinal, nenhuma companhia sobrevive sem clientes. 

Há também várias campanhas das quais podemos participar. A Humane Society International (HSI), uma das mais importantes organizações de proteção animal no mundo, desenvolve a campanha Be Cruelty-Free (Liberte-se da Crueldade). Foi graças a ela que a Índia parou com os testes em animais. A campanha existe em vários países, inclusive no Brasil, que está sendo pressionado pela HSI para abolir os testes em animais. Eu super apoio, já assinei. Quer assinar também? É neste link. Abaixo, o vídeo da campanha.


E você, qual sua posição nesta história? 
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Embalagem de alumínio ou isopor? Se puder escolher, coma no restaurante

Por Letícia Maria Klein Lobe •
09 julho 2013
Seria o ideal, com certeza. Maaaas, nem sempre é possível almoçar ou fazer um lanche no local que oferece a comida, então acabamos utilizando as embalagens de isopor ou alumínio para levar a refeição para casa. Às vezes, nem é a porção inteira: quando comemos no restaurante e sobra comida, também levamos pra casa (eu pelo menos levo, detesto ver comida indo para a lata de lixo). E quando você pede comida em casa, onde que ela vem, mesmo? Pois é, nas tais “marmitas” de plástico ou alumínio. Invariavelmente, acabamos nos deparando com elas vez ou outra. 

A parte boa? Tanto as embalagens de alumínio quanto as de isopor são recicláveis. Totalmente reaproveitáveis. Como diria um antigo professor de história, “Legal, né!”. Sim, bastante. Ah, importante lembrar! Para ser reciclada, a embalagem precisa estar limpa, sem restos de comida. Só tirar o que ficou de alimento e dar uma enxaguada, sem sabão mesmo. É coisa rápida e faz uma baita diferença! Na minha visita ao centro de reciclagem aqui em Blumenau, alguns materiais que foram descartados como rejeitos (destino: aterro sanitário) poderiam ter sido reciclados se estivessem limpos. 

Agora a parte ruim. As embalagens são recicláveis QUANDO existe o processo de reciclagem onde você mora e quando existe um mercado de reciclagem para esses produtos. Em Blumenau, por exemplo, são reciclados apenas os recipientes de alumínio. Os de isopor vão para o aterro sanitário. Agora a pior parte: o tempo de decomposição do isopor é... indeterminado! Ele leva tanto tempo pra se decompor que não se sabe quanto. Alguns autores dizem 600 anos, mas não há um consenso. Por isso, quando puder escolher, prefira as “marmitas” de alumínio. 

Imagina esse isopor na natureza por centenas... 
centenas... centenas... de anos

Como me explicou Luiz Eduardo, da gerência de resíduos sólidos do Samae (Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto), o processo de reciclagem do alumínio é mais comum, porque é mais simples implantar um sistema automático que separa o metal (ferroso e não ferroso) do que o plástico (isopor é plástico, é o nome comercial de poliestireno expandido – EPS). Além disso, o alumínio é mais fácil de ser amassado, ocupando assim menos espaço. No caso do isopor, questão de espaço é um problema. E, caso não haja reciclagem na sua cidade e tudo vá para aterros sanitários, o alumínio é melhor do que o isopor, pois leva de 200 a 500 anos para se decompor. 

Agora pare e pense, você vê mais embalagens de “marmita” de alumínio ou isopor? Acho que você pensou isopor, assim como eu. A maioria dos restaurantes utiliza o isopor, é fato. Mas eu realmente não entendo por que: além da questão da reciclagem, o isopor é mais caro do que o alumínio! Depois que o Luiz Eduardo me falou, eu fui pesquisar e é verdade, as embalagens de isopor são mais caras que as de alumínio. Se fosse o contrário, eu até entenderia a preferência dos bares, restaurantes e serviços de entrega de comida pelo isopor. Mas não é!!!!! Vai entender!? 

Melhor que as embalagens de isopor

A diferença na quantidade de um material para o outro é visível na cooperativa de reciclagem aqui na cidade. O Recicla Blumenau recebe mais embalagens de isopor do que de alumínio, “com certeza” (palavras do Luiz). Em quis muito saber qual a quantidade de embalagens de cada material que eles recebem, mas não há dados quantitativos sobre isso. Tentei com o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Blumenau e Região essas informações de quantas embalagens são utilizadas por dia, quantos estabelecimentos utilizam cada tipo e o porquê da preferência por isopor, mas a resposta que recebi foi “Infelizmente não temos dados estatísticos sobre este assunto.” 

Infelizmente mesmo, seria muito benéfico para o meio ambiente se todos os bares, restaurantes e similares passassem a usar apenas as embalagens de alumínio. Ainda mais numa cidade que recicla menos de 5% do lixo e neles não está incluso o isopor. Ainda; tenho fé de que as coisas vão mudar. Mas, contrariando o ditado, fé não move montanhas, quem se move é você. As ações e mudanças devem partir de cada um de nós. Você pode ajudar e a sua ajuda é mega benéfica para o meio ambiente! 

Vou te propor uma ação. Se você é chegado num desafio, encare como um. É tranquilo de fazer. Sabe aquele restaurante onde você sempre compra refeição ou aquele serviço de comida que você pede em casa? Que tal sugerir que eles utilizem embalagens de alumínio ao invés de isopor? Uma vez eu fiz isso num estabelecimento (a franquia Tropical Banana). Eles utilizam copos de isopor e eu sugeri utilizarem de plástico, que é mais fácil de reciclar. Coincidentemente, o atendente me disse que a filha dele tinha feito essa mesma proposta para a empresa, que estava estudando o assunto. Isso já faz uns dois anos e a última vez que eu fui lá (foi este ano ainda), estava tudo igual. Mas pelo menos testaram. Vai que muda? O importante é fazer a nossa parte. 

Comer no restaurante e pedir uma quantidade que não vá sobrar é sempre a melhor opção! Se não der, prefira o alumínio. Se o estabelecimento só tiver de isopor, sugira o alumínio. Se não surtir efeito, troque de restaurante (você pode estar rindo, mas é sério!). Eu ainda sou mais fã de outra ideia. O site da Veja replicou uma matéria do site Chow, especializado em comida, bebida e diversão, que deu nota para alguns tipos diferentes de embalagens. Adivinha a que eu mais gostei? A sua própria embalagem, claro, que você utiliza todo dia e não é descartável. Vai sair e precisa buscar comida? Leva o pote junto. Não gera lixo e não gasta energia com processo de reciclagem. Transporte de comida com o mínimo de impacto para o meio ambiente. Sustentabilidade na prática. ;)

Mas quando realmente não dá para evitar gerar? Veja neste post o que fazer com o isopor.



Bem melhor para o meio ambiente

Já que estamos falando de comida, veja o que fazer com as embalagens do seu delivery de comida em casa
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O Grande Milagre, de Ken Kwapis [Resenha]

Por Letícia Maria Klein Lobe •
06 julho 2013
Durante duas semanas em outubro de 1988, um grande grupo de pessoas se mobilizou para libertar uma família de três baleias-cinzas que tinha ficado presa sob o gelo do Ártico, no Alasca. Cindy Lowry, então coordenadora da campanha de vida selvagem do Greenpeace, e Campbell Plowden, então coordenador da campanha de baleias da organização, encabeçaram a operação, que contou com a ajuda de moradores da cidade de Barrow (onde as baleias ficaram presas), empresas petrolíferas e os governos dos Estados Unidos e União Soviética, que eram inimigos na época (a Guerra Fria terminou no ano seguinte, 1989). Ah, faltou um: a imprensa, se não a principal parte, um dos protagonistas.

Atriz Drew Barrymore como ativista do Greepeace


Esses fatos são contados no filme “O Grande Milagre”, que foi baseado no livro “Freeing the Whales”, de Tom Rose (no Brasil o livro recebeu o mesmo nome do filme, “O Grande Milagre, editora Prumo). Tom Rose foi um dos repórteres que cobriu o fato e no livro, lançado um ano depois do acontecido, em 1989, ele conta como a imprensa conseguiu transformar um acontecimento não planejado na maior notícia naquele mês, que teve mais audiência do que a própria campanha para eleição presidencial dos EUA. Aproveitando o gancho, como se diz no jornalismo, duas curiosidadezinhas: ironicamente, Tom Rose era repórter de uma das emissoras de televisão do Japão, um dos três países que invadem os mares do norte com seus baleeiros e arpões, junto com Islândia e Noruega. A Islândia, inclusive, retomou este ano a caça comercial de baleias-fin (que estão ameaçadas de extinção, só pra constar), depois de dois anos de suspensão. (RE-VOL-TAN-TE!!!... é melhor eu continuar com a resenha, vamos lá).

Como o filme é baseado, algumas coisinhas mudam de lugar. Cindy Lowry vira Rachel Kramer no filme, que conta com a ajuda do repórter Adam Carlson – seu ex-namorado – para mobilizar as pessoas em torno do resgate das baleias. É Adam, no filme, quem descobre que elas estão presas sob o gelo. O filme é muito bacana e passa uma mensagem de esperança, de que é possível unir forças opostas em busca de um único objetivo. É claro que a imprensa e todo o espetáculo que ela montou em volta do fato foram um dos grandes propulsores de toda a operação, o que mostra como é grande o poder dos meios de comunicação – não é à toa que a imprensa é chamada de quarto poder. (Como esse tema rendeu discussões nas aulas da faculdade!). Se não tivesse sido por ela, as baleias teriam morrido (o que, na verdade, é um evento natural nas regiões polares – elas acabam presas sob o gelo e morrem afogadas) ou teriam acabado nos pratos dos moradores, já que naquela região eles caçavam os animais para comer.

John Krasinski como Adam e morador local

O filme
não aprofunda a questão da caça às baleias, o foco é a operação em si e como o caso se tornou nacionalmente conhecido da noite para o dia. É mais para diversão em família mesmo, o que, de modo algum, tira o mérito da película. Afinal, não é todo dia que se vê uma família de animais que envolveu até governos de países inimigos numa mega operação de resgate. Questões políticas e autoimagens à parte, o filme vale pela mensagem de solidariedade, de que devemos fazer o que estiver ao nosso alcance para ajudar a natureza.




Como eu comentei antes, ficar preso sob o gelo é uma evento natural. Em janeiro deste ano, um grupo de 12 orcas ficou preso na Baía de Hudson, perto da comunidade de Inukjuak, em Quebec, Canadá. As autoridades pediram ao governo do Canadá um quebra-gelo para libertas os animais, mas a natureza foi mais rápida e enviou um vento forte para quebrar a barreira gelada e soltar as orcas.

Foto: Maggie Okituk/Reuters

Gostou do assunto e quer saber mais? Confira a resenha do livro de Tom Rose feita pelo jornal New York Times e também os bastidores da operação do Greenpeace, relatado por Campbell Plowden. Se você já viu o filme, deixe um comentário sobre o que achou. Se não viu, ficou com vontade de ver? O espaço dos comentários é todo seu. 
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Por menos gatos e cachorros nas ruas e mais amor aos animais

Por Letícia Maria Klein Lobe •
02 julho 2013
Quantas vezes você estava andando na rua e viu um gato zanzando por aí? Não devem ter sido poucas. Infelizmente, é um cenário comum que gera um grande problema para a sociedade: em sete anos, uma gatinha e seus descendentes podem gerar 509.097 gatinhos (quinhentos e nove mil mesmo)!!! Tipo assim... UAU. Tudo a partir de uma única fêmea. O número é assim alto porque cada gata pode ter até 30 filhotes em um ano, sendo que ela pode ficar prenha apenas 30 dias depois ter tido uma ninhada. Além disso, os gatos ficam sexualmente maduros, em média, aos seis meses de idade! É um bebê que pode ter outros bebês. Já que estamos falando em números, mais uma curiosidade animal: para cada bebê humano que nasce, podem nascer 15 filhotes de cães e 45 de gatos!

Agora você pensa em todos aqueles 509 mil gatinhos e mais umas dezenas de milhares vivendo nas ruas e sofrendo com maus-tratos. Cãezinhos também. Em Blumenau mesmo eu já cansei de ver notícias no telejornal sobre gatos ou cachorros vítimas de envenenamento ou mutilação. Alguns até levam tiros. A grande quantidade de animais nas ruas é sinal da falta ou ineficácia de uma política de controle populacional de animais domésticos e também do descaso e ignorância de algumas pessoas, que maltratam os animais ou os abandonam depois que eles ficam velhos ou doentes. Aliás, isso é revoltante. Quem quer ter bicho de estimação tem que ser um dono de estimação

É justamente para reverter esse cenário e garantir que cada vez menos gatos vivam nas ruas que diversas ONGs ao redor do planeta praticam o C.E.D. – Captura, Esterilização e Devolução. Muito utilizada em países desenvolvidos, como Estados Unidos, Inglaterra e Canadá, é uma técnica para controlar a população de gatos abandonados ou nascidos nas ruas. É inclusive financiada pelos governos. O objetivo não é resgatar os gatos para doação, mas reduzir a quantidade de felinos ferais nas ruas (ferais são os gatos que voltaram ao estado selvagem e não são domesticáveis). Como diz o site do Neighborhood Cats, uma ONG bem forte nos Estados Unidos que utiliza essa técnica, o objetivo do C.E.D é “diminuir o número de gatos abandonados recolhidos e os números das eutanásias, reduzir os custos do controle de animais e criar ambientes melhores e menos hostis para esses gatos”. 

No Brasil, algumas cidades já contam com essas ONGs abençoadas: Felinos Urbanos (São Luiz, MA), Gatos Encantados (cidade do Rio de Janeiro, RJ), Confraria de Miados e Latidos (Nova Fribugo e cidade de São Paulo, SP - foi inclusive tema de uma matéria do Globo Repórter, veja no fim do post), Cats of Necropolis (Santos, SP), Colônias Felinas (Aracajú, SE), Arpa Brasil (Goiânia, GO) e Mia Vida Proteção Animal (Joinville, SC) são alguns exemplos. Em Blumenau tem a Operação Gato de Rua, projeto criado em 2012 por Maria Cecília Quideroli. Neste primeiro ano de vida, a operação castrou 78 gatos (dados de maio), o que representa 936 gatos a menos nas ruas. 

Mas como funciona o C.E.D., afinal? Primeiramente, os gatos são capturados em gaiolas. A Maria Cecília utiliza gaiolas forradas com tecido preto para evitar que o animal se estresse e se machuque contra as grades. Isso porque a maioria deles é feral, tem um comportamento arisco. As capturas são feitas no fim da noite ou cedo de manhã, que é quando os gatos estão mais ativos. Depois de capturados, eles são levados ao veterinário para castração. Aqui em Blumenau, o veterinário parceiro da Operação Gato de Rua aplica antibiótico e anti-inflamatório e, na cirurgia de castração/esterilização, utiliza um fio que o corpo absorve, para que o gato não tenha que ser recapturado para tirar os pontos. Imagina o trabalho de apanhar o mesmo gato uma segunda vez? 

Gatoeira utilizada por Maria Cecília. 
Fonte: blog Operação Gato de Rua.

Para evitar capturar o mesmo gato depois que ele já foi castrado, existe um sinal internacional que identifica os animais que já passaram pela esterilização. É o corte na orelha. Pode ficar tranquilo, que não doi. Na verdade, o bichinho nem sente, pois o corte é feito quando ele ainda está anestesiado. Existem três tipos de corte: da ponta da orelha (que é utilizado pela Maria Cecília), meia-lua e o corte triangular na lateral externa. Além de evitar capturar o mesmo animal e fazê-lo passar por todo o estresse de novo, o corte é uma forma de evitar desperdício de tempo e custos com as operações. Principalmente para as ONGs brasileiras, que não recebem apoio financeiro do governo. 

Corte na ponta da orelha. Fonte: Felinos Urbanos.

Corte meia-lua. Fonte: Felinos Urbanos.

Corte triangular. Fonte: Felinos Urbanos.

Depois de devidamente recuperados da cirurgia, os gatos são devolvidos ao seu local de origem. “O que, os bichos são devolvidos pra rua? Como assim?”. Se você pensou assim, pode relaxar, amigo. Lembra que eu falei antes que os gatos que foram abandonados ou nasceram nas ruas são ferais? Então, a maioria deles não gosta de humanos por perto, tem medo de gente. Como diz Maria Cecília, são os gatos que correm DE você e não PARA você. Nesse caso, os animais vivem melhor e tem uma saúde melhor se voltam para o ambiente de onde foram capturados. O estresse é uma das piores coisas para os animais e ter que conviver com humanos sem gostar deles é muito estressante para o gato. Isso acontece com pessoas também. Experimente ser obrigado a fazer uma coisa ou agir de um modo que não te agrada. Nunca acaba bem. É pensando no bem-estar do animal que o D do C.E.D. é de devolução e não de doação. 

Mas, como toda regra que se preze tem uma exceção pra contrariar, nem todos os gatos que estão nas ruas são ariscos, especialmente os filhotes. Quando a ONG captura e castra um gato que é considerado domesticável e que eles acham que se adaptaria bem a um lar, os gatinhos são postos para doação. Mas não dá para doar a qualquer um. O dono em potencial precisa gostar de gatos e ter um ambiente adequado. Gato domesticado é gato dentro de casa. 

Além de dar comida, água, carinho, tem que também colocar telas nas janelas e sacadas, mesmo que seja casa. É verdade. Se o gato tem acesso livre à rua, ele pode se machucar, pegar alguma doença ou até formar uma família. Se for macho, o dono do gato nem fica sabendo e começa todo o problema de novo, de gatos nascendo nas ruas. Se for fêmea, o dono ou fica com os filhotes ou doa. Mas até achar quem queira (e se for um dono responsável, demora mais ainda), a pessoa terá que dedicar mais tempo e dinheiro aos filhotes. Quanto mais tempo passa, mais adulto o gato fica, menos os outros querem. Se os gatos são doados para qualquer lugar ou qualquer pessoa (lê-se irresponsável), a história dos gatos nas ruas tem muitas chances de continuar. Por isso também é muito importante castrar o seu animal de estimação, seja ele gato ou cachorro. 

Mas só a castração não é garantia de solução dos problemas. Conscientizar as pessoas é também muito importante, principalmente para evitar aquelas atitudes deploráveis de seres desumanos que matam os pobres bichinhos porque não querem que eles entrem nas casas ou qualquer outra desculpa esfarrapada. Matar não resolve nada, ainda mais quando há 45 novos gatos para cada bebê humano. O ignorante vai ficar matando até morrer! Gente, esse tipo de atitude realmente me revolta. Respira, respira.... Voltando, a conscientização ajuda a criar esta cultura de cortar o mal pela raiz, que no caso é a castração. Quantos mais gatos castrados, menos filhotes, menos animais sofrendo nas ruas. 

Divulgação por parte da imprensa e das próprias ONGs também vai disseminando o trabalho. E você, claro, pode ajudar. As ONGs não costumam ter muito dinheiro e tudo vem de doações ou parcerias. Você pode ajudar doando ou sendo voluntário no processo, seja na captura ou na esterilização (se você for veterinário). A Operação Gato de Rua eu ajudo (tenho camisetas e um livro escrito pela Maria Cecília sobre os gatos dela – Resgatos, histórias de um gato maloqueiro. É ótimo!!). O dinheiro é utilizado para as cirurgias e para tratar os animais. E não deixe de conferir a prestação de contas da ONG depois, é um direito seu saber se o seu dinheiro foi utilizado para o propósito divulgado.


Pra terminar, uma notícia super legal! No dia 27 deste mês será realizado o 1º Encontro Nacional de C.E.D., em São Paulo. Grupos de todo o país vão se reunir para trocar experiências sobre a captura, esterilização e devolução de cães e gatos. 


Agora me conte, o que achou do post? Você tem animal de estimação? Ele é castrado? Você já conhecia o C.E.D.? Os comentários são o seu espaço para opinião e troca de ideias. E você ainda ajuda o blog a crescer. Até breve!
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