Projeto Cortina de Fumaça – Fogo e desmatamento na Amazônia

Por Letícia Maria Klein •
30 setembro 2020
Depois de quase um ano, é com muito orgulho que publicamos o Cortina de Fumaça, um projeto desenvolvido pela Ambiental Media, com apoio do Rainforest Journalism Fund, em parceria com o Pulitzer Center. Desde 2018, eu colaboro como repórter com a Ambiental, uma startup de jornalismo que transforma conteúdo científico em jornalismo inovador, atraente e acessível. 

Fogo na Amazônia. Foto: Flavio Forner/Ambiental Media
Fogo na Amazônia. Foto: Flavio Forner/Ambiental Media

O Cortina de Fumaça traz uma abordagem inédita, com sobreposição de bases de dados, que comprova a relação direta entre focos de calor e desmatamento na Amazônia. Com reportagem especial, visualização de dados em mapas interativos, ilustrações e fotos, mostramos como o fogo é parte inerente do processo de desmatamento, porque ele é a ferramenta usada para eliminar as árvores, com o objetivo de abrir áreas de pastagem e monocultura. Apesar dos cientistas já alertaram para isso há muito tempo, nenhum projeto jornalístico tinha mostrado isso de maneira tão clara e irrefutável. Em tempos de narrativas oficiais que distorcem a realidade, os dados são fundamentais para dispersar as cortinas de fumaça que tentam negar o inegável. 

Mapa mostra sobreposição de dados de desmatamento (laranja) e fogo (vermelho). Fonte: Laura Kurtzberg/Ambiental Media
Mapa mostra sobreposição de dados de desmatamento (laranja) e fogo (vermelho). Fonte: Laura Kurtzberg/Ambiental Media.

   
Amostra do mapa interativo que mostra focos de calor em imóveis rurais na Amazônia. Os quatro municípios que mais desmataram em 2019 também encabeçam a lista dos que tiveram mais focos de calor.

O projeto nasceu em setembro de 2019, quando começamos a pensar e elaborar a proposta de inscrição para o edital do Pulitzer, mas a ideia já tinha surgido muito antes, em viagem do meu editor, Thiago Medaglia, para a Amazônia. “Em reportagens pontuais, é difícil derrubar narrativas falsas sobre assuntos densos e complexos, então eu acredito que um caminho para o jornalismo é fazer trabalhos elaborados, detalhados, que mostrem a verdade de uma maneira bonita, interessante e visual, assim conseguimos derrubar a mentira por meio de uma exposição meticulosa da verdade. Vamos fazer outros projetos nessa linha”, disse Thiago.  

O resultado do edital saiu em dezembro (um ótimo presente de Natal!) e começamos a trabalhar em janeiro deste ano. Nosso time multidisciplinar de oito pessoas funcionou muito bem! Que prazer trabalhar com esse pessoal e quanto aprendizado ao longo destes meses. Thiago, Laura, Maria, Flavio, Felipe, Meiguins e Marcos, obrigada e parabéns, nós conseguimos! 

Fogo usado em pastagens para renovar o capim para o gado. Foto: Flavio Forner/Ambiental Media
Fogo usado em pastagens para renovar o capim para o gado. Foto: Flavio Forner/Ambiental Media

Somando as atividades de toda a equipe, foram centenas de horas de reuniões semanais, pesquisas em artigos científicos, entrevistas com fontes (foram 16, mas nem todos são citados na reportagem), redação, edição, download de bases de dados, elaboração dos mapas interativos, criação das ilustrações, seleção e edição de fotos, desenvolvimento do site e divulgação. Foi um trabalho longo, detalhista, por vezes extenuantes, e totalmente gratificante. 

Área desmatada e queimada. Fogo usado em pastagens para renovar o capim para o gado. Foto: Flavio Forner/Ambiental Media
Área desmatada e queimada. Fogo usado em pastagens para renovar o capim para o gado. Foto: Flavio Forner/Ambiental Media

Lançamos a plataforma no dia 23 de setembro de 2020, e logo teve repercussão nos principais veículos nacionais: National Geographic Brasil, Folha de S. Paulo, Jornal Hoje, Globo News, G1 e Época, além de Mongabay Brasil e Mongabay (versão internacional). A National Geograpich republicou parte do nosso material (por contrato), e foi muito emocionante ver meu nome pela primeira vez na revista (agora digital) para a qual eu sempre quis escrever. 

Pedro Pantoja, morador da comunidade de Jamaraquá, no Floresta Nacional do Tapajós, personagem da nossa reportagem. Os pequenos agricultores, ribeirinhos e indígenas são acusados pelo governo de serem os principais responsáveis pelo aumento dos focos de calor na Amazônia. Apesar de usarem o fogo na agricultura de subsistência, mostramos que a acusação é infundada. Foto: Flavio Forner/Ambiental Media
Pedro Pantoja, morador da Floresta Nacional do Tapajós, personagem da nossa reportagem. Pequenos agricultores, ribeirinhos e indígenas são acusados pelo governo de serem os principais responsáveis pelo aumento dos focos de calor na Amazônia. Apesar de usarem o fogo na agricultura de subsistência, mostramos que a acusação é infundada. Foto: Flavio Forner/Ambiental Media

Sou imensamente grata por ter participado deste projeto, que não só me deu uma rica experiência jornalística e expandiu minha visão de mundo, como estampou em rede nacional uma verdade que não pode mais ser mascarada. 

Minhas segundas à tarde já parecem vazias sem reunião. Quem venham os próximos projetos!

Um ecobeijo e até breve.

* Atualização em 09/10/2020 para incluir os links da Mongabay.
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Cidades e soluções, de André Trigueiro [Resenha]

Por Letícia Maria Klein •
22 setembro 2020
Este livro tem um pouco de muitos assuntos relacionados à sustentabilidade, catalogados a partir do vasto acervo do programa Cidades e Soluções, exibido pela Globo News desde 2006, com reprises no canal Futura. “Cidades e soluções: como construir uma sociedade sustentável” (Editora LeYa, 2017) não é uma transcrição de alguns episódios, mas uma seleção dos melhores conteúdos, com dados e informações novas.

O jornalista André Trigueiro, editor-chefe e apresentador do programa, e sua esposa, Claudia Guimarães fizeram um trabalho cuidadoso de curadoria, pesquisa, redação e edição de textos durante nove meses de trabalho. Nasceu um projeto lindo. 

Livro Cidades e Soluções (Editora LeYa, 2017)
Livro Cidades e Soluções (Editora LeYa, 2017)

O livro é dividido em nove temas, que são compostos por textos curtos, objetivos e gostosos de ler, entremeados por histórias de bastidores e dicas de sustentabilidade que podemos adotar na nossa vida. Cada capítulo termina com uma entrevista com alguém internacionalmente reconhecido por seu trabalho em prol de um mundo sustentável, como Vandana Shiva, John Elkington e Al Gore.

Falando de energia, água, biodiversidade, mudanças climáticas, resíduos sólidos, planejamento urbano, construções sustentáveis, sociedade e consumo consciente, os autores mostram como os centros urbanos – que vão abrigar 75% da população mundial em 2030 – têm um papel fundamental em aplicar a sustentabilidade. O livro traz dezenas de exemplos de como cidadãos, empresas e governos têm agido para conservar e preservar a vida no planeta, tanto em nível individual quanto coletivo, de escala municipal a global.

A divisão do livro em sessões e textos curtos deixa a leitura dinâmica e fluida. Enquanto lia, lembrei de algumas edições que assisti e até me surpreendi ao encontrar a Schumacher College como um dos assuntos! Foi como voltar para casa.

O mérito do livro é mostrar como não só é possível, mas urgente e necessário, mudar os caminhos que a humanidade percorre durante sua existência na Terra. Os problemas são apontados juntos com soluções que podem ser implantadas em vários estágios e segmentos da sociedade. Dá tempo, sim, a gente só precisa agir, começando agora, de muitos jeitos diferentes – aliás, aqui no blog tem várias dicas para deixar sua vida mais sustentável.

Esteja você no começo da sua jornada de sustentabilidade ou mais adiante, este livro provavelmente vai expandir seus horizontes e te dar uma visão abrangente de muitas possibilidades que nós temos à disposição para mudar nossa vida e cuidar do planeta, uma ação por vez, dia após dia.

Serviço

Livro: Cidades e soluções: como construir uma sociedade sustentável.
Autor: André Trigueiro.
Editora: LeYa.
Ano: 2017.
Páginas: 336. 
Formas de comprar/ler: sebos físicos ou virtuais, biblioteca pública, grupos de troca ou venda em redes sociais, livrarias da sua cidade, lojas on-line.
* Parte dos direitos da obra é destinada ao Centro de Valorização da Vida (CVV), associação filantrópica que realiza um serviço gratuito, 24 por dia, de apoio emocional e prevenção ao suicídio. 
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10 produtos de plástico que deixei de usar no banheiro

Por Letícia Maria Klein •
15 setembro 2020
Desde que eu comecei a estudar sobre sustentabilidade e buscar formas de deixar minha vida mais sustentável, eu passei a consumir de forma mais consciente, deixando de usar alguns itens ou fazendo trocas inteligentes, ecológicas. Neste post eu vou te contar os dez produtos de plástico que eu deixei de usar no banheiro ao longo dos anos, com o objetivo de consumir melhor e gerar menos ou nenhum resíduo. Vamos lá? 

Produtos de plástico que deixei de usar no banheiro

Touca

De criança até o fim da adolescência, eu tive o costume de usar touca de plástico para evitar molhar o cabelo. Confesso que eu conhecia pouquíssimas outras pessoas que faziam isso, mas como tinha em casa, eu usava. Até que eu percebi que era uma coisa desnecessária – afinal, se o cabelo está preso num coque, é só desviar da água para ele não molhar. Se eu não me engano, foi durante a minha estada na Romênia que eu me toquei disso, porque lá eu não usava. Desde então, adeus, touca – e não sinto falta nenhuma.

Saco de plástico

Eu não uso sacolinha de plástico em casa e uma das alternativas para o lixeiro do banheiro foi usar saco de papel, aquele da padaria ou da embalagem de entrega. Além de bem mais sustentável, não dá aquele cheiro que costuma ter na lixeira.

Tapete de box

Este foi um item que eu abandonei recentemente. Eu usava aquele tapete de plástico ou borracha para não escorregar no box, enquanto tomava banho. O meu marido nunca usou e achava muito feio aquilo pendurado dentro do box, o que acabou sendo um incentivo para eu largar a coisa. Mas eu decidi parar de usar no dia em que tirei o tapete para limpar e vi o quão sujo e anti-higiênico aquilo pode ser (foi a primeira vez que limpei desde que nos mudamos), além de ter que gastar tempo e produtos (naturais, claro) limpando aquilo. Foi uma ótima decisão – não que eu não escorregue, mas é raro, então se o seu problema for esse, uma boa troca é o chinelo de borracha.

Escova de dente e pasta de dente

Falei do meu kit dental sustentável recentemente aqui no blog. Eu já tinha trocado a escova de plástico pela de bambu há alguns anos, e em 2020 eu decidi que trocaria de vez a pasta de dente de tubo por uma versão sem esta embalagem, que é difícil de ser reciclada no Brasil. Encontrei algumas opções na Com Sumo Consciente e estou muito feliz com minha troca até agora! Aliás, você que é leitor do Sustenta Ações agora tem frete grátis na loja! É só digitar “cupom letícia” no campo de observações na hora de fechar a compra pelo site.

Sabonete líquido e esponja

Esta foi outra troca que eu fiz depois de conhecer o movimento lixo zero, há alguns anos. Na verdade, uma troca e um abandono: não uso mais esponja para me lavar e troquei o sabonete líquido por barra, que eu uso diretamente no corpo, sem esponja. Acho bem mais prático, gero menos embalagem (comparando os dois tipos de sabonete), não gero o lixo da esponja (que não costuma ser reciclada) e economizo dinheiro. 

Absorventes

Deixar de usar absorventes descartáveis foi uma das melhores escolhas que eu fiz na vida. No lugar deles, eu uso o coletor menstrual, feito de silicone e totalmente reciclável. Além disso, ele é mais higiênico e muito mais barato em comparação aos modelos descartáveis, entre outras 12 vantagens. Para quem não se adapta ou não gosta, existem os absorventes de pano, que também são sustentáveis.

Maquiagem

Se tem uma coisa que eu nunca tive o costume de usar é maquiagem. Numa época da adolescência, eu tinha um kit básico de maquiagem e esmaltes, mas tudo venceu porque eu não usava, salvo em festas (ou seja, pouquíssimas vezes no ano). Eu me sentia, e me sinto até hoje, melhor sem maquiagem. Me sinto mais eu mesma assim, ao natural. O que também me motivou a não usar mais foi a decisão de diminuir a quantidade de resíduos que eu produzo. Hoje existem várias marcas que fazem produtos veganos, naturais, ecológicos e com embalagens melhores, mas para mim ainda não faz sentido investir dinheiro e tempo nisso. A única coisa que eu tenho em casa hoje é batom, dois ou três, que estão envelhecendo na gaveta por falta de uso, para variar (ainda mais agora com a pandemia e o isolamento social).

Aparelho de barbear

Faz muito tempo que eu não uso mais lâmina para me depilar, então não compro esses aparelhos de plástico. Para o meu marido, que usa para se barbear, dei um aparelho que é 100% de metal, que só precisa trocar as lâminas. Esse tipo é bem antigo, na verdade, e totalmente reciclável.

Consumo consciente e economia

Com essa lista, acabei de perceber que economizo bastante dinheiro com os itens que eu não compro: tapete, esponja, toca, maquiagem e aparelho de barbear, o que mais do que compensa os itens que eu troquei: escova de bambu, pasta de dente sem tubo e sabonete em barra (que podem ser um pouquinho mais caros, dependendo das marcas e modelos). De produto em produto, vou deixando meu banheiro mais com a minha cara. A próxima troca que eu quero fazer é o fio dental, que existe na opção ecológica, com embalagem de vidro e fibras naturais, mas não é tão fácil de achar.

Agora, me conta como está o seu banheiro. Você já fez alguma troca ou deixou de usar um produto pensando na sustentabilidade?

Um ecobeijo e até breve!
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O que fazer com lâmpada queimada? Veja como descartar corretamente

Por Letícia Maria Klein •
10 setembro 2020
Se tem um objeto que quase todo mundo usa e descarta em algum momento é a lâmpada. Pela nossa Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), lei 12.305/2010, as lâmpadas são resíduos perigosos e precisam de um destino especial, por isso você não pode colocar na coleta comum nem na coleta seletiva. . Neste post eu vou te contar o que eu, você e todos nós consumidores podemos fazer com lâmpadas queimadas e como nós participamos do processo de reciclagem quando descartamos corretamente (sim, elas são recicláveis!).

Os resíduos perigosos são aqueles que têm algum potencial de prejudicar o meio ambiente ou a nossa saúde. Para que eles sejam reciclados ou adequadamente dispostos em aterros, a política prevê a implantação do processo de logística reversa. Nesse processo, os resíduos são coletados nos pontos de entrega voluntária (PEV), transportados, triados, consolidados (reunidos em grupos) e depois encaminhados para as indústrias de reciclagem.

Para implantar e viabilizar a logística reversa, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes assinam um acordo setorial e bancam todos os custos previstos e não previstos. O acordo também prevê a criação de uma entidade gestora para implantar e gerir todo o processo, organizando e unindo os esforços. No caso das lâmpadas, é a Reciclus, uma associação sem fins lucrativos criada pelos principais produtores e importadores, que elaborou um programa de abrangência nacional. Enquanto consumidores, a gente não precisa pagar nada. O nosso papel é levar o resíduo para o lugar certo. 

Podemos contar com a logística reversa de lâmpadas para o descarte correto
Podemos contar com a logística reversa de lâmpadas para o descarte correto

Logística reversa de lâmpadas

No caso das lâmpadas, esse local são as próprias lojas onde compramos as lâmpadas, lojas de material de construção ou pontos de entrega específicos na cidade. De acordo com a política, você tem o dever de levar as lâmpadas até esses locais, e também o direito, então se alguma empresa quiser te cobrar ou exigir que você compre outra lâmpada em troca, não aceite. 

O programa começou a rodar em 2017 e prevê a implantação nacional até 2021. Ela começou nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais e nas maiores cidades dos outros estados. Os municípios com menos de 25 mil habitantes serão atendidos por meio de coleta móvel que será implantada após o cumprimento do cronograma. Blumenau, onde eu moro, estava prevista na fase 3, que foi em 2019.

Dados da Reciclus dizem que até 2019 foram recolhidas 644 toneladas de lâmpadas e foram instalados 1930 pontos de coleta em 429 municípios. No Painel do Descarte Legal tem mais informações.

Os geradores não domiciliares, como indústrias, empresas etc, precisam ter seus próprios planos de gerenciamento de resíduos, o que significa que eles são responsáveis pela destinação correta fora do programa. Eles até podem participar do sistema de logística reversa do acordo setorial, mas a partir de um contrato específico com a entidade gestora Reciclus.

Quais são as lâmpadas

Todos os tipos, até de LED! A diferença é que as lâmpadas fluorescentes, de luz mista e de vapor de sódio e mercúrio são consideradas perigosas, por causa do mercúrio, que é contaminante. As de LED não entram na lista das perigosas porque não têm nenhum metal pesado, elas emitem luz a partir de pequenos chips eletrônicos. Independente do modelo, todas elas são coletadas pela logística reversa. 

Como descartar as lâmpadas

Na hora de levar a lâmpada para a loja ou PEV, coloque dentro de uma embalagem de papelão ou envolva em papel ou jornal. Se tiver alguma lâmpada quebrada entre as que você vai descartar, coloque numa embalagem separada das outras, de preferência uma caixa ou pote. 

Já conhecia esse sistema? Fantástico, né?

Um ecobeijo e até breve.
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Kit dental sustentável: escova de dente de bambu e pasta de dente sem tubo

Por Letícia Maria Klein •
03 setembro 2020
Uma das minhas metas de sustentabilidade para 2020 era encontrar uma pasta de dente que não viesse naquele tubinho e que tivesse uma composição mais natural possível. Pois eu encontrei! Neste post quero te falar sobre meu kit dental sustentável: escova de dente de bambu e opções de pasta de dente sem o tubo de plástico. 

Letícia com escova de dente de bambu
Minha escova de dente de bambu



Escova de dente de bambu

Faz alguns anos que eu uso escova de dente de bambu. Por ser feita de madeira, ela é compostável, então você pode enterrar no jardim ou enviar para algum serviço de compostagem, se houver na sua cidade. A única parte que você não pode enterrar são as cerdas, que são feitas de nylon, um material reciclável, mas não compostável – para remover as cerdas, você pode usar um alicate de bico. Se você encaminhar as cerdas para a reciclagem, coloque numa embalagem fechada para que elas não se percam no caminho.

Comparada com a escova de dente de plástico, a escova de bambu tem uma origem renovável e mais sustentável e se decompõe em um tempo bem menor do que aquela: cerca de 30 anos, contra uns 400 da de plástico. A escova plástica é reciclável, sim, mas verifique se ela é reciclada na sua cidade. O tempo de uso é similar, de cerca de três meses (mas as minhas duram muito mais por aqui). Para manter a escova de bambu em boas condições de uso por mais tempo, aqui vão três dicas:

  1. Não escove com força, porque a pressão danifica as cerdas e não limpa mais os seus dentes (é a fricção das pontas das cerdas que faz a limpeza).
  2. Depois de escovar os dentes, seque bem sua escova e deixe num local arejado. Se o seu banheiro for muito úmido, é melhor deixar em outro local da casa, pelo menos até secar bem.
  3. Para evitar que sua escova de bambu fique com fungos, deixe ela de molho em água morna com um pouco de vinagre e bicarbonato de sódio, por uma hora.

Pastas de dente sustentáveis


Buscando uma pasta de dente que fosse mais natural, encontrei uma marca que usei por algum tempo (meu marido ainda usa esta). Apesar de ter uma composição bem melhor do que as tradicionais do mercado, essa pasta vem no tubinho de plástico, que é reciclável, mas nem sempre é reciclado – para saber se existe reciclagem desse material na sua cidade, entre em contato com cooperativas, com a prefeitura ou com a empresa responsável por fazer a coleta seletiva. 

Pasta de dente Contente Orgânico Natural, que vem no tubo de plástico
Pasta de dente Contente Orgânico Natural, que vem no tubo de plástico








Não tive uma experiência muito boa com receita caseira de pasta de dente, então pensei em buscar produtos que fossem naturais e que tivessem uma embalagem mais sustentável. Hoje no mercado já existem opções em creme em pote de vidro, em pastilha, em pó e versão sólida.

Testei no mês passado uma pasta de dente sólida, da marca Espanza, com carvão ativado. Ela parece um picolé: a parte sólida vem presa a um palito, embalada em celofane (feito a partir da celulose, é um material biodegradável, então se decompõe muito mais rápido que o plástico e pode ser destinado para compostagem), dentro de uma caixinha de papelão.

A recomendação é colocar a pasta sólida num potinho de vidro. Para usar, basta molhar a escova e esfregar na pasta até sair uns pedacinhos (bem pequeninhos mesmo). Estou usando há pouco mais de um mês e já está acabando, mas acho que é porque eu pegava demais no começo. Sério, é bem pouco mesmo que você precisa usar. Ela não faz espuma (que, na verdade, é só um enfeite) e limpa bem. No futuro quero testar a versão sem carbono ativado.

Como ela já está no fim, comprei uma outra pasta, desta vez em creme, que vem num pote de vidro, da marca Unevie. Ainda não usei, mas vi que a consistência é mais firme, diferente das pastas de tubo. Comprei as duas, que são naturais e veganas, numa loja aqui em Blumenau, a Com Sumo Consciente

Escova de dente de bambu, pasta sólida com carvão ativado (por isso é preta) e pasta em creme
Escova de dente de bambu, pasta sólida com carvão ativado (por isso é preta) e pasta em creme




Minha ideia é testar várias marcas e opções diferentes, para saber as diferenças, ver quais funcionam melhor para mim e quais tem um bom custo-benefício. De qualquer forma, uma coisa é certa: aposentei as pastas com tubo de plástico (que não são recicladas aqui na minha cidade). Mais um passinho no caminho da sustentabilidade. Agora quero saber de você, comente aqui qual pasta você usa, se você pensa em trocar e como está sua busca por opções mais sustentáveis.

Um ecobeijo e até breve.
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