TEDTalks - Boas ideias merecem ser compartilhadas

Por Letícia Maria Klein Lobe •
31 outubro 2013

Ideas worth spreading é o lema do TED, uma organização sem fins lucrativos que começou com uma convenção em 1984. Tem esse nome porque reuniu pessoas das áreas de tecnologia, entretenimento e design. Ideias que valem a pena ser espalhadas, compartilhadas, é a missão da entidade, que hoje divulga temas dos mais variados segmentos, entre eles sustentabilidade. As ideias são expostas todo ano em duas grandes conferências (TED Conference e TEDGlobal, que será realizada em 2014 no Brasil!) e milhares de eventos regionais, organizados pela TEDx de forma independente. Depois eles viram TEDTalks, que são os vídeos de cada palestrante disponibilizados online. O objetivo de todos os encontros é reunir pessoas para compartilhar suas ideias, pensamentos, ações. Para este post, eu selecionei alguns vídeos que valem a pena serem vistos.



Mas antes, algumas curiosidades. Os palestrantes devem se expressar em até 18 minutos. Tem lugar pra todo o mundo falar: pensadores, artistas, jovens talentos (crianças inventoras, gente!), vencedores do Nobel da Paz, enfim, qualquer um que tenha uma boa ideia para compartilhar. Dentro de cada área (negócios, ciências e assuntos globais, além das três da sigla) tem também os estilos das palestras. Elas podem ser informativas, engraçadas, geniais, fascinantes, corajosas, persuasivas, lindas, inspiradoras e de cair o queixo (esta classificação é deles mesmo). Neste post eu coloquei algumas exposições relacionadas à sustentabilidade, aos problemas ambientais que enfrentamos hoje e também a algumas soluções. Tem ainda uma sobre educação, que está na lista dos 11 vídeos do TED mais vistos (é mesmo imperdível). Ao todo, os vídeos do TEDTalks já foram assistidos mais de um bilhão de vezes!

Então vamos lá!

Repensar o Consumo: André Trigueiro no TEDxSudeste 2010

O jornalista ambiental André Trigueiro fala sobre a sociedade do consumo e a importância, ou melhor, necessidade, de se consumir conscientemente e de maneira sustentável. O jeito como ele fala é muito inspirador! 


Tornando cidades lugares melhores com escolhas simples: Roberto Andrés no TEDxBeloHorizonte 2012

Eu me surpreendi com essa. O arquiteto Roberto fala sobre os problemas do trânsito, do grande fluxo de veículos e argumenta muito bem sobre a necessidade de se priorizar pessoas e estilos de vida mais saudáveis ao invés dos carros. 


Nova reflexão sobre a crise climática: Al Gore no TED2008

Autor do documentário Uma Verdade Inconveniente, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos fala sobre as mudanças climáticas e como elas afetam a tudo e a todos, sendo imprescindível uma mobilização global em torno da preservação, energias renováveis eficiência energética e economia de baixo carbono. A fala de Al Gore também é muito inspiradora.


Vamos nos preparar para nosso novo clima: Vicki Arroyo no TEDGlobal 2012

O clima vem mudando e nós precisamos estar preparados para enfrentar as consequências. Ao longo de sua fala, a advogada Vicky mostra como cidades ao redor do mundo estão se preparando para o novo clima. 


Dose de realidade para a economia: Tim Jackson no TEDGlobal 2010

Autor do livro “Prosperidade sem crescimento – Vida boa em um planeta finito”, lançado no Brasil neste mês de outubro, o professor e economista Tim critica o consumismo e a obsessão pela produtividade no trabalho. Na palestra, ele fala que é possível, e preciso, prosperar sem crescer economicamente.


Como as grandes marcas podem ajudar a salvar a biodiversidade: Jason Clay no TEDGlobal 2010

Vice-presidente do WWF, Jason fala sobre a necessidade de grandes empresas se tornarem sustentáveis e como ele tem trabalhado para que companhias rivais se juntem em prol da preservação do ambiente e dos bens naturais.


Bônus... Porque educação é a base.

Como escolas matam a criatividade: Ken Robinson no TED2006.

Um líder cultural visionário, Sir Ken defende um sistema educacional que estimule a criatividade das crianças e adolescentes ao invés de enfraquecê-la. A palestra dele é fantástica, engraçada e muito informativa!


Agora me conta, o que achou dos vídeos que viu? Já conhecia o TEDTalks? É muito legal, né! Adoro! =)
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Ilha das Flores, de Jorge Furtado [Resenha]

Por Letícia Maria Klein Lobe •
24 outubro 2013
Ilha das Flores não é, apesar do nome, uma ilha com flores. Bem longe disso. É, na verdade, um lugar em Porto Alegre (RS) para depósito de lixo. O curta-metragem de mesmo nome acompanha a colheita, compra e descarte de um tomate, que vai parar na ilha, junto com outros alimentos que foram descartados por milhares de pessoas na cidade. Alimentos que são destinados aos porcos do dono do terreno em questão e, depois, são deixados lá para que os moradores de Ilha das Flores possam recolher o que puderem. Em grupos de 10, em cinco minutos. Irônico e ácido, o filme de 13 minutos retrata o desperdício oriundo dos processos de produção e consumo atuais e como o capitalismo gera desigualdade social, interferindo na liberdade do ser humano. 

O curta foi produzido em 1989 por Mônica Schmiedt, Giba Assis Brasil e Nôra Gulart, com roteiro de Jorge Furtado e narração de Paulo José. Ganhou diversos prêmios nacionais e internacionais. No Brasil, venceu na categoria de melhor curta-metragem, roteiro e montagem no Festival de Cinema de Gramado, além de outros quatro prêmios regionais. Foi considerado o melhor curta brasileiro no Prêmio Air France do Rio de Janeiro e no Prêmio Margarida de Prata (CNBB) em Brasília. Foi destaque em festivais na Alemanha (Urso de Prata no International Filmfestival em Berlim e melhor filme no No-budget Kurzfilmfestival em Hamburgo), na França (Prêmio Especial do Júri Festival Internacional do Curta-metragem em Clermont-Ferrand e melhor filme no Festival International du Film de Region e Saint Paul) e nos Estados Unidos (Blue Ribbon Award no American Film and Video Festival, em Nova York). Não é pra qualquer um!



O filme trabalha dois temas principais: os padrões de produção e consumo das sociedades e a influência do dinheiro (e a falta dele) na vida das pessoas. Sobre o primeiro, fica bem evidente como produzimos demais, consumimos demais e depois não sabemos o que fazer com os resíduos que sobram e viram lixo. A questão é que não sabemos como lidar com o lixo. Desaparecer da frente de casa não significa desaparecer do planeta. Bem pelo contrário, quanto mais lixo colocamos pra fora de casa, mais sujo o planeta fica. E muita coisa jogada fora ainda podia ser consumida.

O outro tema, que eu acredito ser o foco do curta, são as consequências e efeitos do capitalismo na sociedade. Poucos com muito e muitos com pouco. A liberdade tão sonhada e apreciada pelos seres humanos é posta à prova quando envolve dinheiro, que pode ser uma algema para uns e um passaporte para outros. O filme propõe uma reflexão a partir do poder que o dinheiro tem na vida das pessoas, a ponto de tirar a sua liberdade. Esta é outra situação com a qual as sociedades e os governos não sabem lidar. Assim como o lixo é excluído, essas pessoas também são. Vivem à margem, sem (ou com pouquíssimas) oportunidades, devido à falta de dinheiro. Isto, pois o dinheiro é rei no mundo capitalista. Como o dinheiro foi criado pela humanidade, temos aqui um exemplo perfeito da máxima do filósofo Thomas Hobbes, “o homem é o lobo do homem”

Relacionando conflitos sociais, ambientais, econômicos e culturais, Ilha das flores sai da zona de conforto para provocar reflexões sobre individualidade, liberdade, opressão, exageros, desperdício, sonhos. Com uma narrativa rápida que não muda de tom, o filme questiona a racionalidade da espécie humana.



Aqui no blog tem resenha do documentário "Minimalismo", que também toca o problema do consumismo. Veja ainda outras resenhas de livros e filmes socioambientais
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Você é um consumidor consciente?

Por Letícia Maria Klein Lobe •
17 outubro 2013
No último dia 15 de outubro foi comemorado o Dia do Consumo Consciente no Brasil. Na verdade, não é só nesse dia. Todo o mês de outubro é tido como o Mês do Consumo Consciente, que existe no país desde 2009, quando o Ministério do Meio Ambiente instituiu a data como símbolo para nos lembrar sobre a importância de consumir com consciência. É também uma data para alertar as pessoas para os problemas ambientais, sociais, econômicos e políticos causados pelos padrões de produção e consumo mega exagerados e nada sustentáveis de hoje. É necessário consumir, não tem como viver sem. Porém, a forma como consumimos e a maneira como nos portamos perante o consumo faz toda a diferença! Este post traz dicas e sugestões de como sermos consumidores sustentáveis e, assim, fazer a diferença para um mundo melhor. 

Ao adquirir hábitos sustentáveis e saudáveis de consumo, ajudamos a diminuir os impactos negativos causados ao planeta, e consequentemente, a nós mesmos e a todos os seres vivos que nele estão, afinal, somos todos interconectados. Consumir conscientemente é saber que todo e qualquer produto ou mesmo serviço não apareceu num passe de mágica. Ele precisou de bens naturais e energia para ser produzido. Cada coisa que você tem em casa e que utiliza no seu dia a dia tem um pedacinho da natureza. Quando nos damos conta disso, fica muito fácil perceber o impacto que causamos ao meio ambiente quando consumimos exageradamente e sem motivo, não parando pra refletir de onde o produto veio, o que precisou para ele estar nas suas mãos e o que vai acontecer com ele quando não lhe for mais útil (ou quando você achar que não – lembra da obsolescência percebida?). 

As dicas e sugestões abaixo estão em materiais super legais elaborados pela WWF Brasil, pelo Planeta Sustentável e pelo Instituto Akatu, e que você pode baixar: Pequeno guia de consumo em um mundo pequeno, Manual de etiqueta: 10 listas com 99 para enfrentar o aquecimento global e outros desafios da atualidade e 12 princípios do consumidor consciente. Tem ainda tem as sugestões dos 8 Rs do consumo consciente, também do Instituto Akatu. 

Vamos lá?

Água
Fechar a torneira enquanto lava a louça ou escova os dentes é o básico, né, gente. Também dá pra racionar no banho, desligando o chuveiro enquanto se ensaboa e diminuindo o tempo do banho. Também não precisa lavar a calçada com mangueira. Se for mesmo necessário, utilize balde e vassoura
- Evite garrafas de água. A água da torneira também é potável e não gera lixo. Se preferir, leve sempre consigo uma garrafa própria e encha-a nos bebedouros.

Fonte: Pequeno guia de consumo em um mundo pequeno

Comida
- Que tal diminuir o consumo de carne? Pelo menos um dia da semana sem. Para um quilo de carne bovina, consome-se 15 mil litros de água! 
- Prefira alimentos fabricados na sua região, que não precisam viajar tanto para chegar à sua mesa. Eu me espantei esses dias ao saber a origem do pistache que eu comprei numa loja de ervas. Ele veio do Irã e foi beneficiado no Canadá! Olha o tanto de gases do efeito estufa que foram jogados na atmosfera para que o pistache chegasse até Blumenau! E isso acontece com grande parte dos produtos que consumimos.
- Evite desperdício de comida, compre apenas o que vai comer. Evite também embalagens descartáveis, elas geram muito lixo (já fiz um post sobre isso, tá aqui).

Energia
- Prefira lâmpadas fluorescentes ou de LED, que são ainda melhores. Elas são econômicas e mais duráveis do que as incandescentes, que gastam mais e duram menos. E quando a lâmpada queimar, não jogue no lixo comum. Elas contêm materiais perigosos à saúde. O melhor a fazer é entrar em contato com o fabricante para saber o destino correto ou então levar ao local onde você comprou. É lei, a loja deve aceitar a lâmpada de volta e dar um destino correto a ela. 
- Aproveite a luz solar o máximo possível. Abra janelas e pinte as paredes de cor clara, que reflete a luminosidade. 
- Utilize pilhas recarregáveis. As pilhas podem contaminar o solo quando mal descartadas, então prefira as que duram mais, como as recarregáveis. E quando a vida útil delas acabar, veja com o fabricante como descartá-las adequadamente. 

Papel
- Cancele o recebimento de correspondências que possam não lhe interessar e só geram lixo, como extratos bancários, que podem ser conferidos online. 
- Imprima somente o necessário e utilize frente e verso das folhas. As árvores agradecem!

Transporte
- Para evitar trânsito, que tal ir de bicicleta ou a pé? É mais saudável, não polui e você não se estressa com o trânsito, que bem sabemos pode ser caótico e dá dor de cabeça. Ir de ônibus também é uma boa opção, principalmente se há corredores exclusivos para ônibus na sua cidade. 
- Se conhece alguém que vai para o mesmo local que você ou algum lugar próximo, de carro, ofereça ou peça carona

Fonte: Pequeno guia de consumo em um mundo pequeno

Produtos
- Evite comprar um produto semelhante se o que você já tem ainda está em bom estado. Celulares são um bom exemplo. 
- Quando quiser um livro, não vá direto à livraria. Procure por livros usados que são vendidos em sebos, alugue na biblioteca ou peça emprestado de alguém. Assim você ajuda a salvar árvores. Leia mais sobre leitura sustentável neste post. 
- O mesmo vale para roupas. Que tal passar num brechó antes de visitar uma loja?
- Móveis seguem a mesma regra. Na hora de montar um ambiente, será que não cabe um móvel usado? Também dá pra restaurar um que você já tem. E lembre-se de se certificar da origem da madeira, é muito importante!
- Fique atento à origem do produto. São diversos fatores que fazem um produto devidamente sustentável. Fuja dos produtos que têm origem animal, que são muitos (certas marcas de xampu, creme, pasta de dente, pneu, sacola plástica, açúcar – você leu direito –, etc.). Prefira produtos locais, que não precisam viajar centenas de quilômetros até sua cidade. 
- Não seja impulsivo nas compras. Planeje e compre apenas o que for realmente necessário. Mas necessário mesmo.

Para tudo
Os 8 Rs do consumo consciente são os princípios de quem quer consumir de forma sustentável. Tenha-os sempre em mente na hora de comprar ou de se desfazer de algo. O texto é do Instituto Akatu.
- Refletir: Lembre-se de que qualquer ato de consumo causa impactos do consumo no planeta. Procure potencializar os impactos positivos e minimizar os negativos;

- Reduzir: Exagere no carinho e no amor, mas evite desperdícios de produtos, serviços, água e energia;

- Reutilizar: Use até o fim, não compre novo por impulso. Invente, inove, use de outra maneira. Talvez vire brinquedo, talvez um enfeite, talvez um adereço...

- Reciclar: Mais de 800 mil famílias vivem da reciclagem hoje no Brasil, quer fazer o bem? Separe em casa o lixo sujo do limpo. Só descarte na coleta comum o sujo. Entregue o limpo na reciclagem ou para o catador.

- Respeitar: A si mesmo, o seu trabalho, as pessoas e o meio ambiente. As palavras mágicas sempre funcionam: “por favor” e “obrigado”.

- Reparar: Quebrou? Conserte. Brigou? Peça desculpas e também desculpe.

- Responsabilizar-se: Por você, pelos impactos bons e ruins de seus atos, pelas pessoas, por sua cidade.

- Repassar: As informações que você tiver e que ajudam na prática do consumo consciente. Retuite, reenvie e-mails.
Os guias de consumo consciente citados lá em cima têm muito mais dicas e sugestões sobre como se tornar um consumidor do bem e outras indispensáveis para uma vida sustentável de modo geral. Das que eu coloquei aqui, você já pratica algumas? Quais? Não deixe de comentar! Confira também outras 29 dicas para não sobrecarregar o planeta Terra no nosso dia a dia, além de muitas outras sugestões de atitudes e práticas sustentáveis.
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Desenhos de Pawel Kuczynski que refletem realidades

Por Letícia Maria Klein Lobe •
10 outubro 2013
É incrível como uma imagem tem o poder de dizer coisas que um texto, por maior e melhor que seja, talvez não consiga. Por meio de pintura, desenho ou fotografia é possível contar diversas coisas de uma só vez ou uma coisa de diversas formas. Ela pode nos fazer chorar, rir, sorrir, falar, calar, refletir. As ilustrações de Pawel Kuczynski conseguem fazer isso. Com temas como sociedade, economia, política e ambiente, o artista polonês não te deixa indiferente. Os desenhos dele podem te provocar, inquietar, abalar, preocupar, comover. O maior propósito, eu diria, é querer fazer você mudar

Ao mostrar comportamentos humanos e as consequências deles à sociedade e ao planeta Terra, Pawel alerta para os problemas que enfrentamos e os males que causamos à natureza e a nós mesmos, propondo reflexões sobre o que podemos fazer para mudar os cenários tão negativos que estão a nossa volta. O site espanhol EcoSiglos publicou 40 ilustrações dele e eu escolhi algumas que mais chamaram minha atenção. Abaixo de cada uma fiz um comentário sobre a mensagem que elas me passaram. 


Consumismo é a primeira palavra que me vêm à mente quando olho para essa imagem. O consumo desenfreado e desmedido, que gera toneladas de desperdício e lixo ao nosso planeta. Como não vemos para onde vai o lixo que produzimos, é fácil não pensar ele e no grande problema que ele gera. As montanhas de lixo, que infelizmente tem muito material que poderia ter sido reciclado ou reutilizado, são bem perturbadoras. Conto mais sobre isso neste relato que fiz sobre o roteiro dos resíduos em Blumenau.


Degelo, e com ele, o fim de algumas espécies que vivem nos polos da Terra, entre elas pinguins e ursos polares. É o que o aquecimento global provoca e ele está sendo intensificado em ritmo alucinante pela humanidade. Falando nisso, o IPCC lançou em setembro o quinto relatório sobre as mudanças do clima. As consequências são várias e para todos, inclusive os humanos. Situação crítica mesmo está para os animais que dependem do gelo e os que vivem no mar, que está esquentando. 


Depois que enegreceu, não adianta querer reverter a situação. Tapar o sol com a peneira não resolve nada, pelo contrário. É muito mais simples e barato prevenir do que remediar, evitar o problema a ter que inventar soluções pra ele depois. Reduzir as emissões de gases do efeito estufa é uma necessidade pra ontem. Estamos poluindo nossa casa. A gente pode até não sentir muito os efeitos do aquecimento global agora, mas as próximas gerações vão sentir, e muito. 


Essa é mais social, mas quis colocar aqui porque achei impactante e porque, afinal, tudo está interligado. Não dá pra falar de ambiental sem falar de social, nem de política sem economia, e assim vai. Acho que o mais expressivo aqui é a questão de guerras e desavenças. Plantamos discórdia no lugar da paz. Ao invés de cultivar alegrias, cultivamos ódio e um monte de sentimentos ruins, e depois que a guerra começou, fica bem mais difícil fazer a paz. Também vejo a questão da fome. Investimentos para acabar com a fome no mundo dão lugar a investimentos no setor bélico. 


O que é brincadeira para algumas crianças, é questão de sobrevivência para outras. Aqui a fome, considerado pela ONU o maior problema solucionável da atualidade, é o tema principal e foi retratado com muita propriedade, o que causa bastante tristeza. Enquanto poucos têm muito, muitos têm pouco e a distância entre ricos e pobres parece só aumentar. 


A Terra virou uma panela de pressão. Está bastante relacionado ao aquecimento global, mas acho que também reflete a pressão existente em todos os setores da sociedade. Pressão para acabar com a desigualdade, a fome, a insegurança, a corrupção, a violência. Reparou que a tampa está pregada à panela? Existe um limite e ele está cada vez mais próximo. Mais cedo ou mais tarde, a panela vai explodir. Só que não estamos falando de uma simples panela. 


Estamos drenando os bens naturais, nos apropriando do que a Terra oferece a todos os seres vivos sem dar tempo dela repor. Os animais também sofrem, servindo muitas vezes a propósitos egoístas e mesquinhos de pessoas e corporações. 


Uma das que mais mexeu comigo. O tempo da Terra e de seus habitantes está contando. O que nós estamos fazendo com o nosso tempo? Que atitudes estamos tendo para tornar nosso planeta um lugar melhor, mais bonito e sustentável? Estamos fazendo nosso melhor? É preciso agir enquanto há tempo. E, como cantava Cazuza, o tempo não para. 

Agora é a sua vez. O que achou das ilustrações? O que elas te dizem? Não deixe de comentar. Estou curiosa pra saber sua opinião! 
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Fábrica de filhotes: a origem de animais vendidos em pet shops

Por Letícia Maria Klein Lobe •
03 outubro 2013

Um dia dessa semana eu passei na frente de um pet shop e vi que estavam à venda um coelho rosa e outro azul. Porque, assim, é muito comum encontrar coelhos coloridos pra comprar. Imagina que legal, você pode fazer coleção de coelhinhos de várias cores. Tua casa nem vai precisar de árvore iluminada no Natal, com os coelhos coloridos ela já vai parecer uma! Só que não. Não, não mesmo! Animais não vieram ao mundo para que a gente faça experimentos com eles. São seres vivos e não brinquedos com os quais se joga a bel prazer. Duvido que qualquer pessoa gostaria de ser pintada contra a vontade da cabeça aos pés de azul ou rosa. Onde já se viu uma coisa dessas? Juro que fiquei (e ainda estou) indignada. Bem, acho que já deu pra perceber, né. Mas o que eu quero mesmo falar neste post é sobre outra prática de pet shops: venda de animais

Não interessa qual o bicho: gato, cachorro, hamster, chinchila, coelho. Aves então, nem me fale. Além de não serem de estimação, aves têm asas, que servem pra voar. Como eu li uma vez, ave na gaiola não canta, lamenta. O pet shop que eu citei vende aves. Mas sabe o que é pior? A loja é licenciada pelo Ibama, o que me revolta mais ainda (o órgão não deveria ser a favor do meio ambiente?? Por que é tão difícil pensar no bem-estar do animal e não tratá-lo como um meio para agradar os humanos??). Particularmente, eu não gosto que pet shops vendam animais e motivos não faltam. Primeiro, eu considero injusto e errado obter lucro em cima de vidas inocentes. Quem gosta de verdade de animais, quer que eles fiquem bem e vivam bem. Quem gosta deles não os usa pra ganhar dinheiro. 



E infelizmente esse é o caso de muitos pet shops que compram bichinhos de fábricas de filhotes (puppy mill, em inglês). Também estão nessa conta aquelas pessoas leigas que criam animais em casa pra depois vender por meio de anúncios e classificados online. Sabe por que isso é trágico? Os animais criados em fábricas ou por pessoas leigas que só querem lucro são maltratados, confinados em gaiolas, não têm interação com humanos, não tem liberdade e ainda são cruzados constantemente com outras espécies, o que acaba com a saúde do animal e ainda gera um monte de doenças

Antes de continuar, porém, quero deixar bem claro que não estou generalizando. Existem sim canis sérios, que criam raças respeitando os animais e sua natureza, assim como tem pet shops que só compram animais de canis e criadores especializados e de renome. Ao que eu refiro aqui são as fábricas de filhotes e os criadores ilegais, que não estão nem aí pra saúde ou bem-estar do animal, só querem saber de ganhar dinheiro. É sobre eles que eu vou falar mais um pouco e também citar outros motivos que possam te convencer de que adotar um animal é bem melhor do comprar um. Pra me colocar na história, eu mesma tenho uma gatinha, que por sinal veio de um pet shop. Eu ainda não tinha essa consciência quando a comprei, anos atrás. Mas depois que eu soube da existência das fábricas de cães e outras histórias, minha visão mudou totalmente. 


Resgate de Beagles de uma fábrica de filhotes na Itália (link da matéria está lá embaixo)

A primeira vez que eu ouvi falar foi num programa do Animal Planet, o Encantador de Cães. Mas vira e mexe tem matérias na mídia falando sobre o assunto (no fim do post tem alguns links). O episódio do programa de TV, que pode ser visto mais abaixo (por sorte alguém gravou a televisão e disponibilizou os vídeos na internet), mostrou as condições miseráveis em que os pobres cachorrinhos viviam. As cadelas, por exemplo, engravidavam a cada cio e ficavam trancadas o dia inteiro em gaiolas. Isso desregula todo o aprendizado do animal, que, estando preso em uma gaiola, não aprende a defecar ou urinar longe da comida, o que gera um grande problema quando alguém tenta educá-lo depois. Além disso, os donos não têm a menor piedade em matar os que não são comprados. O programa informa que dois milhões de cachorros são assassinados no mundo inteiro todos os anos por falta de comprador. O.O Quando eu ouvi, fiquei pasma e no fim do programa eu já estava chorando. E estamos falando apenas de cachorros. Imagina quantos milhões de gatos, coelhos e tantos outros também são sacrificados? Isso acontece porque tem gente que só se preocupa com dinheiro e fica cega pra todo o resto. 

Eu juro que não entendo como tem pessoas que não têm o mínimo respeito e amor pelos animais. É muito triste dizer isso, mas se nós vemos pessoas machucando pessoas, o que se dirá sobre pessoas machucando animais? Pra terminar os parênteses, duas frases que expressam bem essa situação: “A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo como seus animais são tratados” (Mahatma Gandhi) e “A compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de caráter e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem” (Arthur Schopenhauer). Bem verdade. 



Voltando do desabafo, deixa eu te dar mais algumas razões sobre por que adotar ao invés de comprar é um bem que se faz. Animais que não são bem criados desenvolvem uma série de doenças, como problemas neurológicos, nos olhos, paralisia do quadril (chamada displasia), problemas no sangue e parvovirose, uma doença com alta taxa de mortalidade e que atinge também humanos. Eu sofro quando vejo um animal sofrendo, então só de pensar que fábricas de cães e muitos canis são coniventes com isso me dá um embrulho no estômago. Outro problema que existe na criação irregular e na presença dos animais em pet shops é referente ao comportamento, pois as pessoas envolvidas não entendem de adestramento, o que pode dificultar na hora do novo dono tentar reeducar hábitos que o animal adquiriu de forma errada. 

A separação precoce da mãe é outro problema que envolve animais vendidos em pet shops e criados irregularmente. É preciso que o filhote fique um tempo mínimo com a mãe para que aprenda um pouco sobre a natureza de sua raça. No caso dos cães é 90 dias e no dos gatos é um pouco menos, oito semanas. Outra coisa: sabia que você pode devolver o filhote comprado em pet shop se ele “apresentar” problema? Como se ele fosse um produto qualquer que você pegou na prateleira (arrrrrg, coisa revoltante!!). E sabe o que eles fazem com o animal devolvido? Só uma chance pra adivinhar, porque acho que você já adivinhou. Isto mesmo, eles matam, geralmente. E os tais problemas podem ter vindo justamente da forma como os animais foram criados para a venda.

Uma vez alguém me contou que ouviu um dono de pet shop reclamando que a cirurgia ou tratamento que foi preciso fazer no bichinho saiu mais caro do que o quanto ele ganharia com a venda. Sabe o que ele falou depois? Que se soubesse antes, teria mandado matar! Cruz credo!! Mas é claro que os pet shops tratam de encobrir as mortes, assim como também escondem o fato de que você pode estar comprando um filhote que acha que é puro de tal raça, quando na verdade não é. Então você paga caro e quando o filhote cresce, percebe ele tem comportamento típico de outra raça. Leia mais sobre isso neste artigo, que foi de grande valia. 


Resgate em fábrica de filhotes nos EUA (link da matéria está depois dos vídeos)

Qual a alternativa então pra ter um bichinho de estimação sem comprá-lo de pet shop? A melhor de todas, na minha opinião: adoção. Você acolhe um animal que foi abandonado, muitas vezes, dando amor e carinho e contribui para acabar com o comércio ilegal de animais. Como diz num dos vídeos: quando você compra um animal em pet shop, você não está resgatando um, mas sim abrindo espaço para que outro bichinho sofra em seu lugar. Neste link você vai ver ONGs e entidades amigas que doam animais. Ou você pode adotar de ONGs e entidades da sua cidade (e é mais ecológico inclusive). Mas se você faz questão de ter um animal de raça pura, se certifique de que ele vem de um canil legalizado ou de criadores legalizados e renomados. Ainda assim, é bom cuidar, pois existem canis sérios que criam muitas raças diferentes, o que faz com que os animais tendam a não ser muito saudáveis. Passe longe também de pessoas anônimas ou leigas que vendem animais pela internet e dos criadores que vendem indivíduos micro, mini, anão e assim por diante. Isso é bem preocupante, saiba por que aqui

Abaixo estão os vídeos do episódio do programa Encantador de Cães, do Animal Planet. Depois deles tem um documentário que fala sobre as fábricas de filhotes e a venda de animais em pet shops. Tem cenas fortes pelo que eu vi por cima, então confesso que ainda não criei coragem pra assistir. E você, já sabia da existência das fábricas de cães? Me conte o que achou do post e dos vídeos!









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