Documentário: Nosso planeta e David Attenborough [Resenha]

Por Letícia Maria Klein •
27 outubro 2020
Já separa o lenço, porque este documentário vai te emocionar. “A life on our planet”, com título brasileiro de “Nosso planeta e David Attenborough”, é um documentário produzido pela Netflix com Sir David Attenborough, apresentador, locutor e naturalista britânico – que quebrou o recorde do Instagram ao alcançar um milhão de seguidores em apenas quatro horas.

Em uma hora e meia, David, com 94 anos, faz um testemunho do que presenciou no planeta desde durante a sua vida, especialmente a partir de suas viagens, apontando os principais problemas que estão levando à devastação e algumas soluções para salvar a própria humanidade. Apesar de incompleto e um tanto reducionista no que diz respeito às soluções, o documentário cumpre muito bem o seu papel de impressionar, sensibilizar e conscientizar sobre o impacto das nossas ações na nossa grande casa. 

Documentário: Nosso planeta e David Attenborough

O filme, que estreou no dia 4 de outubro de 2020 na Netflix, aborda alguns dos maiores desafios que a vida no planeta está enfrentando, com foco na crise climática e na sexta extinção em massa (ambos causados pela espécie humana) e refaz o caminho da destruição da natureza durante o período de uma vida – a própria existência de David, dando também uma previsão dos potenciais danos até 2100. Na verdade, está mais para catástrofe, se mudanças fundamentais não forem feitas nas sociedades humanas ao redor do planeta.

Por apresentar uma visão de mundo de David, o documentário mescla vídeos dos seus programas de televisão sobre a vida selvagem (que começaram em 1979 com a série Life on Earth, na BBC), com imagens belíssimas de ecossistemas e sua biodiversidade e também registros de atividades humanas impactantes, como pecuária intensiva, pesca predatória e desmatamento. São tomadas aéreas, terrestres e aquáticas que evidenciam a riqueza e a fragilidade da vida no planeta. O paralelo do começo do filme, e retomado ao final, com o acidente nuclear de Chernobil, é certeiro.

A construção da narrativa é bem estruturada, seguindo a linha do tempo da vida do naturalista, com divisões temporais que marcam a população mundial, a quantidade de partes por milhão de carbono na atmosfera e a porcentagem de vida selvagem restante no planeta em anos específicos. Essa narrativa traz um histórico conciso da evolução da vida no planeta até os dias de hoje, deixando claro como a espécie humana tem impactado e desestabilizado o equilíbrio natural da Terra nos últimos 200 anos, principalmente.

A fala de David é simples, direta e sensível. Combinada com as imagens, torna o documentário pungente e emocionante, de chorar mesmo. Mas não deixe de assistir por causa disso, a gente precisa conhecer as situações para poder mudá-las, pois ficar na ignorância não vai nos ajudar a resolver os problemas. Fica claro no documentário que a grande missão da vida do naturalista é expor o desconhecido selvagem, a imensa biodiversidade de fauna e flora, para que possamos cuidar e preservar o planeta que nos abriga.

A parte final do documentário é destinada a apresentar soluções que podem minimizar as mudanças climáticas e a extinção em massa de espécies. É aqui que o filme abre espaço para a esperança – depois de já ter provocado deslumbramento, alegria, tristeza, raiva e desespero –, nos mostrando soluções possíveis que são já utilizadas e que podem ser ampliadas.

O principal caminho apontado é a restauração da biodiversidade no mundo, que é responsável por manter o equilíbrio da teia de vida no planeta. Quanto mais biodiverso, mais resiliente um ecossistema é, ou seja, mais ferramentas ele tem para superar as dificuldades. A espécie humana está extinguindo outras espécies e diminuindo os habitats selvagens, o que desestabiliza o equilíbrio da Terra que foi desenvolvido e mantido ao longo de milhares de anos. David toca num ponto importante: nós devemos olhar para a natureza para buscar soluções. Porém, o filme falha em não utilizar, nas soluções que apresenta, o seu próprio argumento sobre importância da diversidade e da biomimética. Penso que poderia haver mais tempo para explorar uma gama maior de soluções, seus contextos de implantação e de viabilidade, não recorrendo somente à alta tecnologia, que é uma forte indicação do filme.


Como David diz, uma espécie só prospera quando seu ambiente prospera. Prosperidade não tem a ver com crescimento, mas com qualidade de vida, e é possível reconquistar a qualidade da vida no planeta para todas as suas espécies. Depende de cada um de nós, a cada dia, enquanto indivíduos e coletividade. “A inteligência que trouxe a humanidade até aqui já não é mais suficiente. Precisamos de sabedoria.”

Se você já viu, comente aqui o que achou. Se não, fica a recomendação, vale a pena.

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Passeio de trem até Morretes e Parque Vila Velha

Por Letícia Maria Klein •
21 outubro 2020
Viajar de trem é uma delícia! No último fim de semana eu realizei a vontade que tinha há anos de fazer o passeio de trem até Morretes, saindo de Curitiba. Fomos eu, meu marido e um casal de amigos muito querido. No dia seguinte, conhecemos os arenitos no Parque Estadual de Vila Velha, um sítio geológico localizado em Ponta Grossa. O tempo estava perfeito nesses dias, com temperatura agradável, o que deixou o passeio ainda melhor.

Passeio de trem

O trem da Serra do Mar Paranaense parte às 8h30 da manhã (no nosso caso, uma hora depois, devido a um problema técnico com algum trem de carga na linha), chegando em Morretes após quatro horas de viagem pela Ferrovia Paranaguá-Curitiba. A velocidade máxima é de 40 km/h, então dá para curtir muito a paisagem. A linha férrea começou a operar em 1885 e foi construída sem mão de obra de escrava, numa época em que a escravatura ainda existia no Brasil. Outra inovação foi o uso da pólvora negra para abrir alguns pontos no caminho. 

Represa Caiguava no trajeto de trem entre Curitiba e Morretes
Represa Caiguava
Passeio de trem de Curitiba até Morretes
Trecho de campo






















O trajeto é lindíssimo, passando por campos, vales e montanhas a partir da cidade de Pinhais. Alguns dos 34 pontos pelos quais passamos são o Túnel Roça Nova (em linha reta dentro da montanha, permitindo ver a entrada e a saída), o Rio Ipiranga, a Represa Caiguava e o Reservatório Marumbi (que registram a triste situação atual da falta de água no Paraná), o Canyon do Ipiranga, Garganta do Diabo, a Ponte São João e o Viaduto do Carvalho (a paisagem mais famosa, quando a linha férrea passa rente ao precipício). 

Vista depois do Viaduto do Carvalho
Vista depois do Viaduto do Carvalho
Garganta do Diabo no trajeto entre Curitiba e Morretes
Garganta do Diabo 






















Almoçamos em Morretes, com direito à sobremesa de sorvete artesanal de-li-ci-o-so (100% banana, marca registrada do município), continuamos a viagem com o ônibus de turismo até a cidade portuária de Antonina e retornamos para a capital, numa viagem de uma hora e meia. Existe a opção de voltar de trem também, e tem vagões diferentes, do básico ao luxuoso. Por causa da pandemia, os vagões estavam operando com metade da capacidade, o que nos permitiu passar de uma janela à outra para ver os pontos nos dois lados do trem. Em uma situação normal, com capacidade total, recomendo sentar no lado esquerdo do trem, se puder escolher, que é o que tem a vista do Viaduto do Carvalho. 

Parque Vila Velha

Visitamos o Parque Estadual de Vila Velha no dia seguinte. Levamos uma hora e quinze até lá, partindo de Curitiba, e o passeio dentro da unidade de conservação dura três horas e meia. Hoje o parque é administrado pela iniciativa privada e está com obras em andamento para novas atrações. Com mais de três mil hectares, é o primeiro Parque Estadual do Paraná, criado em 1953. Em 1966, foi tombado como Patrimônio Histórico e Artístico Estadual.

São três passeios que podemos fazer dentro do parque neste momento: Arenitos, Furnas e Lagoa Dourada. Tem ônibus que levam as pessoas até esses pontos, onde cada um faz o trajeto no seu ritmo. O caminho é autoguiado, com placas explicativas.

Visitamos primeiramente os arenitos, que têm 300 milhões de anos. Eles são formações de areia compactada esculpidas pela ação da chuva, do sol, das mudanças de temperatura e de atividades orgânicas. Alguns dos arenitos têm formas que nos parecem familiares, como leão, camelo, gato, proa de navio e taça (a mais famosa). Depois que passamos os muitos arenitos, que têm entre 20 e 30 metros de altura, caminhamos por um quilômetro dentro de um bosque

Arenito com formato de camelo no Parque Estadual Vila Velha
Arenito com formato de camelo
Arenito com formato de leão no Parque Estadual Vila Velha
Arenito com formato de leão 
























Arenito com formato de dragão
Arenito com formato de dragão
A famosa taça de arenito
A famosa taça de arenito

No fim do trajeto, esperamos o ônibus para voltar à estação central e pegar outro que nos leva até às furnas. Furnas são cavernas ou covas, também conhecidas como poços de desabamento. De origem marinha costeira, tem 400 milhões de anos. A região dos Campos Gerais do Paraná tem 14 furnas, das quais 12 estão no parque, mas somente três estão abertas à visitação: Furnas 1, 2 e a Lagoa Dourada. Os poços têm vegetação ao longo de toda a extensão vertical e água do lençol freático no fundo. É muito lindo! 

Para conhecer a Lagoa Dourada, esperamos novamente o ônibus. A volta pela lagoa é bem curta, tem apenas 400 metros, então é rapidinho (o que é ótimo, porque o passeio até ali já cansa). De lá, voltamos para o começo do parque, onde almoçamos no restaurante que tem no centro de visitantes. 

Furna 1 no Parque Estadual Vila Velha
Furna 1

Lagoa Dourada no Parque Estadual Vila Velha
Lagoa Dourada
Conhecer paisagens naturais é uma das minhas viagens favoritas. E você? Já visitou esses locais? Comente aqui que outras belezas naturais você já conhece. 

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Produtos que você pode comprar usados

Por Letícia Maria Klein •
13 outubro 2020
Cada coisa que a gente traz para casa tem um pedacinho da natureza. Energia, água, matéria-prima e outros recursos (inclusive mão de obra) são necessários para produzir todos os bens materiais que nós usamos no dia a dia, de roupas a móveis. Nesta cadeia de produção linear (que opera na base da extração, produção, distribuição, consumo e descarte), existe muito desperdício, poluição e geração de resíduos sólidos. Para aliviar essa pressão sobre o nosso planeta Terra, uma das soluções é aproveitar o que já está disponível no mercado, sem gerar demanda para produção de itens novos. Neste post eu vou te falar de alguns produtos que você pode comprar usados

A estante, metade dos livros e a luminária são usados
A estante, metade dos livros e a luminária são usados

Livros

São os itens usados que eu mais compro, tanto no sebo quanto on-line (alguns eu troco via Skoob, uma rede social voltada para leitores, e tem também o Livra Livro). Gosto muito da ideia de fazer os livros circularem, para que mais pessoas tenham acesso a conhecimento e histórias, e por um preço mais acessível. Não faz sentido que um livro seja lido somente uma vez e fique parado na estante, não é mesmo? Por isso, além de vender os seus livros e comprar usados, você pode emprestar e pegar emprestado. De todos os livros que eu tenho para ler aqui em casa, metade é usado.

CDs, DVDs, Blu-rays, discos

Também tenho alguns desses que comprei no sebo (especialmente filmes e discos). Costumam ser bem mais baratos do que na loja e estão geralmente em ótimo estado. Se estiver buscando títulos específicos, vale a pena passar um tempo no sebo procurando por eles.

Roupas e calçados

É bem difícil eu comprar roupa e calçado, só mesmo quando preciso. Neste ano eu comprei algumas peças que uma amiga estava vendendo e vendi outras em um brechó aqui da cidade, além de doar tantas outras. Com a internet, ficou ainda mais fácil vender suas roupas e comprar peças usadas e em bom estado. Vale muito a pena passar no brechó quando você estiver precisando de algo, tem brechó para todos os gostos e bolsos.

Eletrodomésticos

Eu tenho uma balança de cozinha, um processador e um liquidificador que comprei usados, e que uso até hoje. Grupos em redes sociais, Mercado Livre e OLX são ótimos lugares virtuais para encontrar eletrodomésticos que outras pessoas estão vendendo, em bom estado e com bom preço.

Objetos de decoração e acessórios

Também são mais fáceis de serem encontrados on-line. Eu já comprei um tapete para quebra-cabeça no OLX, que está em uso no momento (muito útil para quebra-cabeças grandes!). A luminária que está no meu escritório também é reaproveitada da empresa do meu marido, onde não tinha mais utilidade. Quando quiser qualquer tipo de objeto ou acessório, é bom vasculhar sites de compra e venda e redes sociais antes de ir numa loja.

Móveis

Você encontra de tudo para vender, tanto em lojas físicas na sua cidade quanto on-line, só precisa se atentar à qualidade do material, especialmente quando for madeira. Como móveis são peças mais caras e que geram um problema grande na hora do descarte, vale muito a pena comprar opções usadas. Este ano eu comprei duas estantes de uma conhecida que estava vendendo, porque ia viajar. Uma outra estante veio da empresa do meu marido, onde estava sobrando. A pia que usamos no lavabo aqui em casa também veio de um banheiro que foi reformado na empresa, que ficava numa casa antiga (hoje estão em outro endereço). A mesa do meu escritório em casa também é usada, doada por uma amiga. A economia foi grande, além do benefício ambiental.

E você, compra coisas usadas também? Quais? Comente aqui embaixo. Você não precisa comprar tudo usado, mas se quiser ter algumas coisas, opção não falta! E faz uma grande diferença para o nosso meio ambiente e o seu bolso.

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Alimentos que compro a granel

Por Letícia Maria Klein •
07 outubro 2020
Gosto muito de comprar produtos sem embalagens e estou sempre procurando mais opções que sejam vendidas a granel. Neste post, eu listo os alimentos que eu geralmente compro usando meus próprios potes e saquinhos de pano, na feira ou em lojas de produtos a granel. 

Alimentos que compro a granel
Alguns alimentos que compro a granel

Frutas, verduras e ovos

Costumo comprar esses três tipos de alimentos na feira de produtores locais, que oferecem alimentos orgânicos. Vou uma vez por semana, geralmente no sábado. No caso de morangos e ovos orgânicos, por exemplo, que já vêm embalados, eu devolvo a embalagem depois. As frutas e verduras eu coloco direto nas sacolas ecológicas e nos saquinhos de pano. Quando eu compro no mercado, o que é bem difícil, eu coloco as frutas e legumes direto na cestinha, sem aquele saquinho de plástico transparente (com exceção das verduras, que já vem embaladas).

Sucrilhos, castanhas e temperos

Esses eu geralmente compro em lojas de produtos a granel (tanto na feira quanto em outros locais). Eu costumo levar saquinhos de plástico que tem um sistema de fechamento por pressão, que são reutilizáveis, então eu lavo depois de guardar os produtos em potinhos. Para comprar temperos, eu levo os próprios potes de vidro, porque é mais fácil – depois que chego em casa, é só guardar.

Café

Tem uma cafeteria que eu costumo ir para comprar café a granel (eu levo a própria embalagem deles, que eu guardei da primeira vez, e depois coloco no vidro de café em casa). Com a pandemia, acabei não indo mais e passei a comprar de outra cafeteria que vende na feira, mas neste caso tem embalagem. Então, nem sempre é a granel, mas sempre que dá, eu prefiro.

Biscoitos e salgados

A loja de produtos a granel tem vários tipos de comidinhas doces e salgadas, como legumes desidratados, biscoitos salgados e bolachas. São boas opções para aperitivo e, o melhor de tudo, sem embalagem. Costumam ser mais baratos do que no mercado também. Às vezes levo uns saquinhos a mais para trazer algumas guloseimas dessas para casa.

E você, costuma comprar alguns produtos a granel? Comente aqui.

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