O passo a passo do guarda-roupa sustentável: na moda com o consumoconsciente (parte 2)

Por Letícia Maria Klein •
04 abril 2016
Depois de fazer um tour pelos setores da produção de roupas com tecidos de fibras naturais e orgânicas, agora é hora de andar na passarela do consumo consciente e se tornar um modelo de sustentabilidade quando o assunto é moda.

Atitudes do slow fashionista

O movimento slow fashion segue a tendência de outros, como o slow food, que querem nos tirar do ritmo alucinado das cidades e do movimento de manada da sociedade capitalista. Menos consumismo e mais qualidade. Peças duráveis, feitas artesanalmente e em baixa escala, com tecidos de fibras naturais, trocas de roupas entre amigos e familiares e compras em brechós são os objetivos do movimento.pensar antes de comprar. Controle o impulso antes que ele controle você. Uma técnica que ajuda muito é contar quantas peças você tem. Isso pode te fazer ver que já tem roupa demais no seu guarda-roupa e você não precisa de mais uma. Tem gente até que afirma que 100 é o número máximo de peças que você precisa. A qualidade importa mais que a quantidade: quanto melhor a matéria-prima e a composição da peça, mais tempo ela dura, então a frequência de compra diminui.


Como praticar o slow fashion? É muito importante

Falando nela, a compra deve ser um ato consciente, em que a gente deve considerar não apenas o preço e a composição da peça, mas a cadeia de produção, o perfil da empresa e suas práticas socioambientais. Tem muitas marcas que empregam mão de obra em regime de escravidão, com locais de trabalho insalubres, jornadas extensas de trabalho e baixa remuneração. Outro fator importante a considerar é o local em que as peças são fabricadas. A roupa produzida no outro lado do mundo tem uma pegada de carbono bem maior do que aquela que foi feita no Brasil. Quanto mais perto, menos combustível será usado para que o produto chegue até aqui, então menos gases de efeito estufa serão emitidos na atmosfera, sem contar as avarias de veículos e suas partes.

Outra forma de exercer o slow fashion é trocar roupas com amigos ou parentes, praticando o consumo colaborativo. Você dá aquela peça que já não agrada ou não cabe mais e tem uma nova sem gastar nada. Também dá para ganhar muito, em termos abstratos, quando a doação entra em cena. A gente tem muitas roupas no armário que tendem a ficar lá por muito tempo sem serem usadas. Eu uso a regra dos dois anos: se não usei a peça nem uma vez nos últimos 24 meses, é porque ela não chamou mais a minha atenção, então não vou mais usar. O melhor a fazer é doar para quem precisa.



E quando a peça é nova, você usa de vez em quando, mas ela rasga? AHHH! Xô, desespero! Pegue já seu kit de socorros têxteis e mãos ao conserto. Um furinho, um rasgo, um enfeite faltando não devem ser motivo para abandonar a roupa ou o calçado. Uma costura, um corte ou um enfeite sobre a parte danificada já restaura a peça e ela fica como nova. Só não faça que nem uns e outros que doam a roupa danificada achando que é caridade. Ninguém gosta de ganhar coisa estragada. Se a peça furou e também não te agrada mais, pegue a caixa de costura ou passe na costureira antes de doar, assim a pessoa no outro lado vai receber uma peça inteira.

O slow fashion também está no uso e abuso da criatividade. Uma peça pode ser usada de várias maneiras e em várias combinações. Às vezes é só dobrar de um jeito diferente e a peça se transforma ou usar em conjunto com outra roupa ou acessório para ter um look diferente. A Bea Johnson, do Zero Waste Home, conseguiu fazer 50 looks com uma camisa masculina! Verdade, mesmo. Vale a pena dar uma lida nos posts dela sobre como usar uma peça de várias formas e em combinações diversas.

Por fim, mas não menos importante, está o brechó. Os brechós são muito valorizados no exterior e meio depreciados por aqui. Não vejo por que. Comprar o que é usado e que ainda está em boas condições diminui a pressão sobre os bens naturais utilizados para fazer roupas (água, matéria-prima, energia) e diminui os impactos negativos da confecção sobre o meio ambiente. Além disso, é uma forma de aumentar a vida útil das roupas. Tem peças em brechós que vem até com etiqueta, pois nunca chegaram a ser usadas!

A gente encontra muitas peças boas no brechó, inclusive vintage e de estilos bem variados, só precisa garimpar. Outro lado ótimo: ao comprar roupas usadas, você diz não à montanha de resíduos gerados pela indústria da moda, que descarta de 10% a 15% dos tecidos usados para fazer peças. Cada peça usada que entra na sua vida é um peso a mais que sai da sua pegada ecológica. Juntando as peças do quebra-cabeça, a composição da roupa continua parte importante do guarda-roupa, mesmo comprando em brechó. Fibras naturais, sempre. Se você é fã de jeans, atenção. As peças podem ser feitas tanto com algodão quanto com fibras sintéticas, então fique atento às informações da etiqueta.



Agora, se me dá licença, vou ali fazer uma limpa no meu guarda-roupa.
Com informações de: Lab Fashion BlogMulher UOL, The Greenest Post, Trash is for Tossers, Zero Waste Home.

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