Como ser uma pessoa sustentável em três passos

Por Letícia Maria Klein Lobe •
28 abril 2020
O que te faz ser sustentável? O que te faz um consumidor consciente? Você já pensou nisso? Aqui no blog tem dezenas de dicas para você ter uma vida mais sustentável, seja em casa ou em qualquer lugar fora dela. Mas se não existissem dicas prontas e você tivesse que partir do zero: como se aprende a ser sustentável e a consumir conscientemente? Com este passo a passo simples e poderoso!


1º passo - Compreenda a visão sistêmica de mundo

O primeiro passo nessa jornada é ter consciência de que tudo está interligado no planeta – e fora dele. Existem inúmeras relações entre os seres vivos e entre eles e os ambientes. São relações de interdependência ao mesmo tempo delicadas e complexas, ligando tudo e todos numa teia da vida, um incomensurável sistema em que cada peça, cada engrenagem, cumpre um papel importante para a manutenção e o equilíbrio do todo.

Não dá para tirar um pedaço e esperar que tudo continue funcionando como antes. Por isso se diz que o conjunto é maior do que a soma das partes, porque existem conexões de dependência que surgem a partir das interações. Quem disse isso tudo pela primeira vez foi Ludwig von Bertalanffy, em sua Teoria dos Sistemas, que foi vastamente explorada pelo físico Fritjof Capra em seus livros.

Neste momento de pandemia pelo coronavírus, estamos vivendo um exemplo perfeito de como o mundo inteiro é interconectado por fios invisíveis e como todas as ações afetam umas às outras.



2º passo - Faça perguntas

Dizem que são as perguntas que movem o mundo. A partir do momento que você compreende esse sistema de inter-relações e interdependências que é o planeta Terra (e o universo), está na hora de aplicar o conceito no seu dia a dia usando muitos pontos de interrogação.

Lembrando que ser sustentável é cuidar de si, do outro e do meio, existem três grandes perguntas que te ajudam a ligar os pontos do sistema e que orientam sua jornada num caminho sustentável:

  • De que forma as minhas ações me afetam?
  • De que forma as minhas ações afetam os outros (qualquer ser vivo)?
  • De que forma as minhas ações afetam o ambiente (local, regional, global)?

A partir dessas perguntas, você começa a ter outro olhar para o que antes era automático, normal. Só é possível mudar o que pensamos, sentimos e fazemos a partir do momento em que passamos a questionar a normalidade e a zona de conforto. Aquelas três perguntas vão gerar muitas outras, te levando a repensar suas escolhas, ações e reações em âmbito individual, familiar, social e profissional.

Para ficar mais claro, alguns exemplos a partir das três perguntas orientadoras, sobre alimentação:

- De que forma a minha alimentação me afeta:

Eu como devagar ou rápido? Como isso impacta minha digestão? Que tipo de alimentos eu como? Minha alimentação é saudável? Quais os reflexos da comida no meu corpo e no meu ânimo ou disposição? Eu sinto prazer e felicidade ao comer?

- De que forma a minha alimentação afeta ou outros:

Os alimentos que eu compro são cultivados ou produzidos por quem? São produtores locais ou de longe? São produtores que têm responsabilidade social e ambiental? Os alimentos que eu como vêm de animais? Como eles são criados? Como ter uma alimentação que cause menos sofrimentos aos animais?

- De que forma a minha alimentação afeta o ambiente:
Os alimentos que eu compro são orgânicos ou com agrotóxicos? Quantas embalagens vêm nos alimentos? Elas são recicláveis ou reutilizáveis? As empresas que produzem são poluidoras ou têm políticas de cuidados ambientais? Eu envio os resíduos orgânicos para o aterro sanitário ou faço compostagem?

Você pode começar com um único objeto: escova de dente, chocolate, celular. A nossa vida é baseada no consumo, então tudo que consumimos é um ponto de partida para questionamentos e análises. Use as perguntas básicas: o que, por que, como, quando, onde, quem. Use também as seis perguntas do consumidor consciente:

- Por que comprar?
- O que comprar?
- Como comprar?
- De quem comprar?
- Como usar?
- Como descartar?












3º passo - Busque conhecimento

Para a maior parte das perguntas, você vai precisar ir atrás de informação (confiável e relevante!), seja no site do fabricante/produtor/empresa, pelas redes sociais, sites de notícias, fóruns, livros, tevê. Se você está lendo este post, já está buscando informação.

É importante ter em mente que o processo para se tornar sustentável e ser um consumidor consciente é contínuo e vai te acompanhar ao longo da sua vida. As formas de produção e consumo mudam o tempo todo na sociedade e a maneira como a gente vive também muda. A verdade é que estamos constantemente em processo de adaptação. De novo, não tem exemplo melhor do que a atual crise da Covid-19. Os A mudança é a única constante da vida, e quanto mais bem informados estamos, melhor conseguimos lidar com o mundo em que vivemos.

Além disso, esse processo de transformação é individual, porque cada pessoa é única. Saiba os seus limites, entenda o seu tempo, não se cobre e continue. Cada ação conta e o que importa é não ficar parado. O segredo do equilíbrio está na sua consciência.

Para tornar a sustentabilidade e o consumo consciente parte do seu estilo de vida, basta olhar ao redor, prestar atenção e pensar fora da caixinha. Tenha uma visão sistêmica do mundo, questione-se e adquira conhecimento. Estamos todos juntos, e as nossas ações positivas fortalecem a teia da vida.

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10 brincadeiras de sustentabilidade para fazer com as crianças na quarentena

Por Letícia Maria Klein Lobe •
22 abril 2020
Com as aulas suspensas devido à pandemia do novo coronavírus, as crianças estão o dia inteiro em casa. Haja atividade para mantê-las entretidas, não é mesmo? Você pode aproveitar esse tempo extra com a criançada em casa para conversar sobre assuntos relacionados a questões socioambientais e de sustentabilidade. Claro que é muito mais interessante quando a conversa está no meio de alguma brincadeira ou atividade em família. Então segue uma listinha com 10 sugestões de diversão sustentável em família nesta quarentena (e depois dela também). 

10 brincadeiras de sustentabilidade para fazer com as crianças na quarentena
Plantar, cozinhar, dançar, ler e assistir filmes com temáticas ambientais são algumas atividades de sustentabilidade para fazer com as crianças na quarentena

  1. Lembra do seu primeiro broto de feijão no algodão? Plantar e acompanhar o crescimento da plantinha é uma ótima forma de ensinar às crianças sobre respeito à natureza, ciclo de vida, fenômenos naturais, paciência e espera, alimentação orgânica, entre tantos pontos. É uma boa hora para criar um cantinho em casa para sua própria horta e jardim, se ainda não tem um.
  2. Um espaço verde em casa é também um ótimo motivo para falar de compostagem, o que nos leva a próxima atividade: monte uma composteira ou um minhocário junto com seu filho. Se a família já tem, então vocês podem fazer ser uma versão menor, com baldes pequenos, e que vai ficar sob os cuidados da criança. Um sistema de compostagem caseiro é uma ferramenta de ensino riquíssima: respeito aos animais, ecossistema, interdependência entre seres e ambiente, não ter medo de minhocas, o fato de que não desperdício na natureza...
  3. A reutilização dos baldes para fazer composteira já dá outra ideia: alguns materiais recicláveis dão ótimos brinquedos. Além de ensinar à criança sobre redução de resíduos, reutilização e reciclagem, atividades manuais e artísticas estimulam a criatividade dos pequenos, que é um aspecto fundamental no processo de aprendizagem e no desenvolvimento da criança. É só liberar a imaginação e deixar a invenção reinar.
  4. Aliás, quando eu era criança, eu só brincava com brinquedos analógicos: lego, boneca, carrinho, bola, quebra-cabeça, jogos de tabuleiro. Que tal resgatar essa forma de brincar e usar uma narrativa que envolva sustentabilidade? Vocês podem inventar um jogo de tabuleiro em que os participantes avançam ou voltam casas conforme sua conduta ambiental. Um quebra-cabeça com a imagem de uma paisagem pode servir de base para uma conversa sobre a importância de conservar os habitats naturais. Peças de montar podem ser usadas para criar uma cidade sustentável. O que mais?
  5. Outra forma de falar sobre ambiente com as crianças é usando filmes e animações que abordem temáticas ambientais. Vocês podem ver o filme e fazer uma roda de conversa depois, ou ir parando o filme em alguns pontos para falar sobre algum tema específico. Algumas dicas de filme: A fuga das galinhas, Como treinar seu dragão, Irmão urso, KitbullO Lórax: em busca da trúfula perdida, O cão e a raposa, O jardim secreto, O menino e o mundo, O pequeno príncipe, O Reino PerdidoPocahontasRio, Rio 2, Tarzan, Wall-e...
  6. Além dos livros, que tal fazer um clube de leitura? Vocês podem ler em conjunto livros infantis ou infanto-juvenis que tenham temáticas socioambientais, como O jardim da meia-noite, O menino do dedo verde, O jardim secreto, O pequeno príncipe, A princesinha, Anne de Green Gables. Ao longo da leitura, vocês podem anotar pontos importantes e depois de terminada a história, expressá-los em forma de desenho, teatro, música, poesia, redação, dança etc. A manifestação artística é um ótimo instrumento de consolidação do aprendizado.
  7. Esta não é uma brincadeira, mas é uma ação importante em que cabem muitas reflexões: separar roupas e brinquedos que as crianças não usam mais e que podem ser doados. É legal fazer isso junto com os pequenos, para acompanhar suas reações, conversar sobre o que ele sente nesse processo, falar sobre a importância da doação e de outros temas, como consumo consciente.
  8. Este aqui também pode ser um passatempo reflexivo: olhar pela janela. Como ficamos muito mais tempo em casa, olhar pela janela ou ficar na sacada é uma forma de se conectar com o lado de fora. É também uma boa hora para conversar com as crianças sobre a cidade. O que vocês veem pela janela? Que relações vocês conseguem estabelecer entre o céu e a rua; entre a árvore e o passarinho, entre o vizinho e nós, entre os prédios e a temperatura? Vá perguntando para a criança e veja o que ela responde. Com base no que ela disser, você explica as relações de interdependência e a teia da vida que existem no mundo. Será interessante, com certeza!
  9. Tem ainda uma atividade que é uma delícia para as crianças, literalmente: cozinhar. Um momento em família na cozinha, além de render horas divertidas e de muito trabalho manual, é uma oportunidade para falar de alimentação saudável, de vegetarianismo, de processos de produção e consumo de alimentos, de compostagem, de desperdício de comida etc.
  10. Por fim, esta é para usar (quase) toda a energia da criança: dance com ela. Se tem uma coisa que praticamente todas as crianças gosta de fazer é dançar. Então coloque o som e faça a festa com os filhos em casa. A dança é um exercício físico que faz bem ao corpo e à alma, então é uma atividade oportuna para falar com a criança sobre a importância de cuidar de si e de se manter saudável. 

Gostou das dicas? Se você colocar alguma dessas ideias em prática, depois me conta como foi. 

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O que fazer com o papel da máquina de cartão?

Por Letícia Maria Klein Lobe •
14 abril 2020
Sabe o papel do cupom fiscal, da segunda via de compras com cartão, do caixa eletrônico? Mesmo que você recuse a impressão da sua via e não retire seu extrato na máquina, quase sempre recebemos o cupom fiscal. Então, o que fazer com esse papelzinho problemático? Tenho três notícias: uma ruim e duas boas.

Seja amarelo, azul ou branco, é um tipo de papel chamado de termossensível, ou térmico. O nome faz referência ao processo de impressão, que é por aquecimento. Esse papel é revestido com substâncias que, quando aquecidas, ativam a tinta invisível, e o espaço vazio é preenchido com caracteres.

papel termossensível é reciclável (boa notícia), mas (má notícia) uma das substâncias do revestimento é o bisfenol-A (BPA), que é perigosa à saúde e pode ser liberada durante o processo de reciclagem, contaminando os outros papéis que estão junto e, por consequência, o próprio papel final reciclado. O BPA é relacionado a alterações no sistema endócrino e é considerado cancerígeno. Por isso, a reciclagem desse papel é restrita e não recomendada. Na grande maioria das cidades, ela não existe. 

O papel térmico ou termossensível tem substância perigosa à saúde, por isso não costuma ser reciclado.
O papel térmico ou termossensível tem substância perigosa à saúde, por isso não costuma ser reciclado.

Qual a solução então? A segunda boa notícia é que o papel térmico pode ser compostado. Bem, na verdade, não existe um consenso sobre a viabilidade de compostar ou não o papel térmico, mas vamos aos fatos. Algumas pesquisas indicam que a meia-vida do bisfenol-A é de três a cinco dias no solo, o que significa que esse é o tempo que o elemento leva para se reduzir à metade.

Em fóruns de discussão internacionais que encontrei on-line, algumas pessoas compostam as notinhas e outras, não. A mensagem geral é de que, como ele é uma fração pequena dos seus rejeitos, fica à sua escolha mandá-lo para coleta comum ou compostar. Mas há um consenso de que é melhor colocar esse papel na composteira, num vaso ou direto no solo, e não no minhocário (eu costumo enterrar). Afinal, se o BPA nos afeta, também pode afetar as minhocas.

Então, quando se trata de papel térmico, temos três formas de agir: recusar a segunda via do cartão (ou pedir para que te enviem por e-mail, se quiseres); utilizar os serviços bancários on-line para não imprimir nada no caixa eletrônico; e fazer compostagem dos que ainda restam. E você não dava nada pra esse pedacinho de papel, né?

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Como descartar vidro corretamente?

Por Letícia Maria Klein Lobe •
07 abril 2020
Eu sou fã de vidro! Não libera toxinas quando congelado ou esquentado, pode ser reutilizado de várias formas e é infinitamente reciclável. Por ser potencialmente perigoso quando quebrado, o vidro precisa de um tratamento diferente de outros resíduos recicláveis que você produz em casa, como papel, metal e plástico. 

Por isso, na hora de enviar o vidro para a coleta seletiva, esteja ele inteiro ou em pedaços, é fundamental (especialmente para a segurança das pessoas que trabalham na coleta) seguir algumas recomendações

  • Retire restos de comida e bebida dos vidros. É importante deixá-los limpos para não atrair insetos, não dar mau cheiro nem sujar a embalagem onde serão acondicionados.
  • Acondicione garrafas e potinhos em caixas de papelão. Você pode guardar garrafas até chegar numa quantidade que encha uma caixa, assim você utiliza todo o espaço da embalagem, encaixando os vidros uns nos outros.

Caixa de papelão é a melhor opção para acondicionar vidros.
Caixa de papelão é a melhor opção para acondicionar vidros.


  • Depois feche a tampa da caixa com uma fita adesiva (de preferência à base de água) para não abrir durante o trajeto no caminhão da coleta seletiva.
  • Escreva “vidro” ou “vidro quebrado”, se for o caso, nas laterais e no topo da caixa.
  • Se você tiver somente uma porção de cacos de vidro e não tiver caixa de papelão, a solução é embrulhá-los em jornal ou aqueles encartes de ofertas do supermercado, com os dizeres indicando o conteúdo. Também vale colocar os pedacinhos de vidro em uma garrafa pet (corte ao meio, coloque os cacos em uma das partes e depois encaixe uma na outra).

  • Não precisa tirar o rótulo, pois ele acaba sendo queimado no processo de reciclagem do vidro. Já as tampas você deve tirar, porque elas são de plástico ou metal e podem ser separadas para a reciclagem.

Você pode descartar os vidros na coleta seletiva realizada pela prefeitura, se o vidro for um dos recicláveis coletados, ou pode procurar por cooperativas de reciclagem ou catadores de material reciclável que coletam esse material. Uma busca rápida na internet já retorna as empresas da região que trabalham no ramo. Para encontrar um catador na sua localidade, existe um aplicativo chamado Cataki, que pretende cadastrar todos os 800 mil catadores atuantes hoje no Brasil.

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