5 passos para fazer compostagem em casa

Por Letícia Maria Klein Lobe •
29 abril 2018
Seja em baldes, caixas de plástico, caixotes de madeira ou em camadas no chão, a mágica da compostagem só precisa de três elementos para acontecer: húmus ou terra (com ou sem minhocas), resíduos orgânicos e palha, serragem ou folha seca. Essa é a receita básica. Mas mesmo as receitas mais tradicionais têm seus segredos. Para garantir um composto rico e um fertilizante nutritivo, confira algumas dicas para acertar na compostagem em casa.

Compostagem em casa


1 – O que pode e o que não pode compostar

Uma definição de compostagem que eu gosto e uso muito é retornar à terra o que é da terra, devolver à natureza o que veio dela. De tudo o que geramos no dia a dia, essa parcela equivale a 51% na média nacional. Assim, compostar os restos orgânicos é uma ótima forma de reaproveitá-los e acabar com o desperdício, usar o adubo e o fertilizante nas suas plantas ou mesmo conseguir uma renda extra com a venda desses subprodutos.

Mas nem tudo que é comida pode ir na composteira ou no minhocário (quando o processo acontece em leiras no chão, a situação é um pouco mais liberal). Certos alimentos podem afetar o pH do sistema e matar os seres vivos que fazem o processo. Por isso, o primeiro passo para começar a fazer compostagem é saber o que vai e não vai na composteira.

  • O que pode: frutas, verduras e legumes de forma geral, chá (folhas e de saquinho), borra e filtro de café, casca de ovo, flores, podas de árvores (as folhas podem ser secas ao sol e usados como cobertura sobre os orgânicos), guardanapos usados, cabelos e unhas (não pode no minhocário, pois não são consumidos pelas minhocas). 
  • O que não pode: carnes, gorduras, bolos, doces, laticínios, plantas doentes, couro, borracha, resíduos têxteis, óleos, cigarro, madeira tratada, carvão, cinzas (incluindo do churrasco), conteúdo do aspirador de pó, fezes humanas ou de animal de estimação, papel higiênico e fraldas. 
  • O que pode, com ressalvas: frutas cítricas, restos de alimentos muito aromáticos (como alho e cebola) e alimentos cozidos ou assados (no máximo 20% do total dos resíduos orgânicos). Mas tem uma forma de aproveitá-los integralmente, o que nos leva à dica seguinte. 

2 – Ajude quem te ajuda


Minhocas californianas e insetos no minhocário
As minhocas californianas (primeiro quadrinho) devem estar em maior número

Para facilitar e agilizar o processo de compostagem, tem algumas coisas que você pode fazer para ajudar as bactérias, minhocas e insetos que decompõem os seus resíduos:

  • Reduzir o tamanho dos orgânicos que vão para a composteira ou o minhocário. Quanto menor os pedaços de frutas, legumes e folhas, mais rápida será a decomposição. 
  • Para conseguir aproveitar todas as cascas de laranja, tangerina e limão, coloque-as de molho em um pote com água (pode acrescentar um pouco de vinagre e álcool também, se quiser) e depois de uma semana você pode usar o produto como desinfetante natural. Depois desse processo, as cascas podem ser enxaguadas e adicionadas à composteira ou ao minhocário sem problema, pois perdem sua acidez. Você também pode transformar as cascas das frutas cítricas em doces
  • As cascas de cebola e alho não podem ir cruas para o sistema, a não ser em quantidade bem pequena. Essas cascas e outros restos, como talos de couve-flor, são ótimos para fazer um caldo de legumes. Depois de cozidas, podem ir para o minhocário ou a composteira numa boa. 

3 – Equilíbrio no ecossistema

A decomposição da matéria orgânica é feita tanto por micro-organismos, como fungos e bactérias, quanto por minhocas e insetos. Neste último, a vermicompostagem, eles são bioindicadores. Como as minhocas fogem do calor, a presença de muitas delas na tampa ou na borda superior da caixa é sinal de que o ambiente está quente para elas. Para evitar essa situação, coloque o minhocário em local sombreado e coberto.

Quando feita de maneira correta, a compostagem não produz mau cheiro. O segredo está no equilíbrio entre nitrogênio (resíduos orgânicos) e carbono (elemento seco como palha, serragem ou folhas secas). O sistema não pode ficar nem úmido demais nem seco demais. A medida é você pegar um pouco do composto na mão e espremer: se não pingar nem esfarelar na palma, está no ponto certo.

Se o sistema estiver em desequilíbrio, você vai sentir um cheiro forte ou ruim, tanto no chorume quanto no composto. O chorume da compostagem é um líquido escuro resultante da decomposição dos alimentos, composto em 70% por água, e não é o mesmo do aterro sanitário, que é tóxico. Como resultado da decomposição de resíduos orgânicos pela compostagem, o chorume é um fertilizante rico e nutritivo que pode ser borrifado nas plantas. A solução é uma parte de chorume para dez de água.

4 – Escolha seu sistema ideal

Minhocário, composteira, caixas de madeira, leiras, baldes de compostagem


Na composteira, onde só tem micro-organismos para decompor os orgânicos, o processo é mais lento e gera menos chorume, então é bom para quem produz poucos resíduos ou que prefere manter distância das minhocas (mas garanto que você se afeiçoa a elas depois). Além disso, só se recomenda mexer na composteira de uma a duas vezes por semana, para que a temperatura alta seja mantida (podendo chegar a 65°C) e a decomposição seja feita pelas bactérias. Assim, você precisa estocar seus resíduos na geladeira ou no congelador por alguns dias.

Como as minhocas processam mais rapidamente os alimentos do que os micro-organismos, o minhocário é ideal para famílias a partir de duas pessoas (existem opções de tamanhos diferentes na internet) e pode receber resíduos todos os dias. A vermicompostagem gera muito mais chorume do que a compostagem termofílica, então você terá mais fertilizante para suas plantinhas. Porém, a variedade do que pode ir no minhocário é um pouco menor.

A compostagem em baldes ou caixas de plástico é prática e ocupa pouco espaço, então dá para fazer em apartamento. Você mesmo pode montar sua composteira ou minhocário. São dois ou mais recipientes chamados de digestores, onde é feita a decomposição dos orgânicos, e um recipiente para coletar o chorume.

Se tiver um quintal, pode enterrar os resíduos orgânicos. Abra um buraco raso e cubra com terra. A desvantagem é que você não consegue aproveitar o chorume, pois ele escorre pelo solo. Além disso, minhocas devem começar a surgir no local onde você faz a compostagem, então é preciso cuidado na hora de remover a terra para não as machucar.

5 – Siga sua intuição

Com o tempo, você vai pegando o jeito e entendendo como funciona o processo na sua composteira ou minhocário: se precisa de mais elemento seco, o que as minhocas gostam de comer, se tem umidade suficiente, se a variedade e quantidade de insetos está de acordo (lembrando que as minhocas devem ser a espécie dominante). A compostagem não é uma ciência exata, por isso a experiência e a intuição são grandes aliadas na hora de transformar os resíduos orgânicos da sua cozinha em adubo nutritivo para as plantas.

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