Monte seu kit lixo zero para comer fora de casa

Por Letícia Maria Klein •
18 janeiro 2016

Lá está você na cafeteria, restaurante ou lanchonete pronto para matar a fome ou saciar a sede. Então seu suco vem num copo de plástico, geralmente com um canudo de plástico dentro, os talheres vem num saquinho de plástico, além de pelo menos um guardanapo acompanhando tudo, que também pode estar embalado. Ainda tem a chance de o prato e os talheres serem de plástico e o canudo de plástico estar embalado em (adivinha!) mais plástico. Quando a bebida é café, ainda tem aquele minipazinha de plástico. Quanto menor a cozinha, menor o número de funcionários e maior o movimento, tende a ser também maior a quantidade de coisas descartáveis. Ao fim da refeição, você está satisfeito, mas o preço pago (literal e figurativamente), além da comida, é uma porção de papeis sujos e plásticos que provavelmente serão jogados no mesmo saco e destinados ao aterro sanitário, na melhor das hipóteses. Custo alto esse aí, né?! Demais. Mas dá para fazer diferente e sair dessa situação satisfeito não só de corpo, mas de consciência. Conheça agora e providencie logo mais seu kit lixo zero de comida sustentável na rua.

Para tomar

Não faltam opções para dizer não aos copos plásticos e de isopor: garrafas de água de vidro ou plástico resistente, jarrinha de vidro com tampa, garrafa térmica e copo retrátil. Este último virou um sucesso com a campanha Menos 1 lixo – Salvando o planeta um copinho por vez, da empresária Fe Cortez. Em 2015, ela deixou de usar 1.618 copinhos devido ao simples fato de carregar um copo retrátil para onde quer que fosse. Para ser produzida, essa quantidade de copos teria usado 800 litros de água, o que equivale ao que uma pessoa bebe por ano! Faz alguns anos que eu uso minha própria garrafinha. Está sempre na bolsa e vai comigo para qualquer lugar. Até no avião, quando fui para a Romênia participar de um projeto de educação ambiental, usei para tomar o café que é servido pelos comissários de bordo. 


Jarrinha de vidro, copo térmico, garrafa

Com muitas bebidas, vem o insuportável canudo. Sério, é uma praga. Quinhentos milhões de canudos de plástico são produzidos todos os dias no mundo. É muito lixo! E vamos ser sinceros? É desnecessário. Parece que tomar direto do copo (de vidro do restaurante ou o seu próprio!) dá até mais gosto (milk-shake sem canudo, então, hmm). E para tomar água de coco direto do coco? Nestes casos (se não houver um copo por perto) ou em outros se você realmente gosta de um canudo, problema resolvido com as versões de titânio ou plástico resistente. É só levar num saquinho de algodão ou enrolado no guardanapo de pano (olha ele aí embaixo), usar, lavar e guardar. Prático e não vai parar nas montanhas de aterro sanitário ou lixões ou nas narinas de tartarugas marinhas


Canudo não descartável

Para comer

Se você, vez ou outra, usa garfo, colher e faca descartáveis, considere isto: o petróleo é extraído da terra, transportado pelo oceano, destilado em refinarias, transportado de novo para fábricas, onde é processado e transformado em pedaços de plástico, que são transportados de novo em contêineres por todo o mundo, para serem moldados em milhares de formatos que são embalados, encaixotados e transportados por caminhões e navios mais uma vez, chegando a um porto de onde são levados para lojas, depois até sua casa, no caso de você comprar talheres de plástico para a festa de aniversário ou encontro da família. Tudo isto para usar por uns dez minutos e depois aumentar os já gigantes aterros sanitários. Lavar talheres de metal já não parece mais trabalhoso, não é mesmo? 


Talheres para viagem

O preço da “comodidade” de usar e descartar é alto demais. Para não participar desta trajetória de horror descrita aí e neste vídeo, separe um trio ternura colher-garfo-faca de tamanho pequeno e leve sempre consigo. Só não precisa quando o restaurante deixa os talheres soltos em caixinhas para os clientes pegarem. Mas se vir que os talheres estão embalados (não se iluda, os saquinhos não são reutilizados) ou se eles forem descartáveis, já sabe, né. 

Para limpar

Sinceramente, o guardanapo de papel é supervalorizado. Virou escudeiro fiel da refeição, não se pode sentar à mesa se ele não estiver lá também. Mas será que precisa, mesmo? Faz uns dois anos que eu parei de usar guardanapo de papel em casa e também na rua e repito, por experiência: o guardanapo é supervalorizado. Verdade, faça o teste. Há sempre um banheiro por perto, então, se sujou, é só ir até lá e lavar. Mas há ocasiões em que o guardanapo é bem-vindo, não vamos negar. Quando você compra algo na rua para comer no caminho e ele é colocado num saquinho. Nesta hora, o guardanapo de pano entra em ação para evitar que você gere lixo à toa. Geralmente associado à elegância, o guardanapo de pano é, antes de tudo, um acessório sustentável.


Guardanapo de pano

Para levar

Não compõe necessariamente o kit, mas é minha amiga fiel e inseparável: a bolsa ecológica. Existem diversos modelos (para garantir que sua bolsa é mesmo sustentável, leia as informações de composição e origem na etiqueta), que podem ser levadas na bolsa ou no bolso e evitam o uso das tão detestáveis sacolas plásticas. Um milhão destas sacolinhas são consumidas no mundo por minuto! Foram milênios em que a humanidade viveu muito bem sem sacolas plásticas, aliás, sem plástico no geral e em pouco mais de 50 anos de existência (surgiram em 1962) conseguiram marcar o mundo de um jeito devastador e com consequências nefastas, tanto já testemunhadas quanto futuras. "Uma sacola faz diferença? O que faz diferença é quantos nós somos", disse Sonia Bridi nesta reportagem muito interessante do programa Fantástico. 

Sacola ecológica, ecobag

O kit lixo zero para comer de forma sustentável onde estiver pode ser levado na bolsa, mochila, maleta ou sacola, pode ser deixado no carro ou levado na cestinha na bicicleta. O que importa é deixá-lo sempre à mão.

Comer fora não precisa ser sinônimo de usar produtos descartáveis, mesmo que seja só o guardanapo de papel. Com o kit lixo zero, a refeição fica muito mais satisfatória, com a grande vantagem de não gerar lixo e ainda poder incentivar quem estiver do lado a seguir o exemplo. Com estas práticas, podemos diminuir nossa dependência dos combustíveis fósseis e aliviar a pressão sobre os bens naturais (água, minérios etc), que são utilizados para fazer tudo e qualquer coisa que é consumida por seres humanos. Assim, reduzimos também a nossa pegada ecológica, ou seja, o impacto que cada um de nós provoca no planeta, os rastros que deixamos por aí todos os dias. 

Produzir coisas para logo depois enterrá-las não condiz com a racionalidade característica do ser humano, você não acha? Quanto mais ações, como as deste post, a gente tiver no nosso dia a dia, menor será a nossa pegada ecológica e mais sustentável a nossa vida. Thoreau se mudou para o meio da mata para viver em equilíbrio com a natureza. Deve ser uma baita experiência, mas existem outras formas de preservar o meio em que vivemos, com adaptações e pequenas mudanças de hábitos na nossa rotina. A Terra nos dá tudo que precisamos para viver e a melhor maneira de retribuir é cuidando do presente.

4 comentários:

  1. Muito legal a ideia do kit-trio-ternura!! Nunca tinha pensado nisso, é uma boa ideia :)

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    1. Oi, Jé.
      Que bom que você gostou! =D
      Obrigada por comentar.

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  2. Cara nunca me esqueço daquele teu copinho dobrável ninja! hahaha
    Muito informativo o texto! :)

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    1. Heheh, é ninja mesmo. Adoro essas tecnologias sustentáveis. Obrigada por comentar. =) (e desculpe a demora gigante em responder, deu bug no sistema aqui).

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