"A água passa, o lixo fica e o rio agradece." Esse é o lema do bueiro ecológico criado por Tiago dos Santos, empresário que vive em Blumenau/SC. A partir de suas vivências no rio e preocupado com a poluição, Tiago criou a boca de lobo azul ecológica. Produzido na sua empresa (Top Quadros), o equipamento substitui as tradicionais grades de bueiro e possui um filtro que evita que o lixo caia na rede de drenagem e, consequentemente, no rio. Em entrevista exclusiva ao blog, Tiago contou tudo sobre o projeto e o produto que já está à venda para todo o país (sim, você pode ter um!).
Primeira boca de lobo azul ecológica de Blumenau. Foto: Tiago dos Santos. |
Surgiu em 2018, numa ação voluntária empresarial com o objetivo de conter a poluição. Eu não inventei o sistema em si, apenas aprimorei. Com base nas minhas experiências dentro do rio, vendo tanto lixo, foi fácil entender de onde ele acaba vindo.
Vídeo mostrando o funcionamento do bueiro ecológico. Fonte: Tiago dos Santos. |
Quantas limpezas mensais você já fez no bueiro em frente à sua loja (o pioneiro)?
Tenho feito em média duas limpezas no mês. Em 2019, foram 22 limpezas. As limpezas só são necessárias após as chuvas, que é o momento em que os resíduos orgânicos, como folhas, galhos, pedra, e o lixo caem dentro e você precisa fazer a manutenção. Ela não é necessária após cada chuva, depende da quantidade de lixo que cai; se tiver um entupimento muito grande, tem que fazer a manutenção. Eu faço periodicamente para ter o registro fotográfico desses resíduos, da classificação e da limpeza.Limpeza do bueiro ecológico com orgânicos e lixo. Foto: Tiago dos Santos. |
Já temos oito instalados (dois na minha empresa), dois para serem instalados na Fundação Fritz Müller, e outros nove equipamentos já fabricados para serem instalados em frente a escolas, que foram viabilizados pelo edital que eu ganhei da Fundação Fritz Müller no valor de R$ 5 mil. Tenho até o final do ano para instalá-los em frente a essas nove escolas. Então, até o fim do ano, teremos 19 bueiros instalados.
Bueiro ecológico em frente à escola Luiz Delfino. Foto: Tiago dos Santos. |
Bueiro ecológico em frente à escola Profª Zulma Souza da Silva. Foto: Tiago dos Santos. |
Como funciona a adoção e manutenção de um bueiro ecológico?
A ideia é fazer com que as pessoas mudem o comportamento e passem a ter uma atuação maior na cidade. A ideia de adoção faz com que cada um cuide do seu próprio quintal, digamos. Minha ideia é permitir que as pessoas físicas, empresas e instituições façam a adoção e se responsabilizem pela manutenção. Dessa forma nós vamos garantir o tratamento da drenagem urbana, evitar custos para a prefeitura e deixar a cidade mais bonita. Basta você adquirir um equipamento e fazer a instalação com o auxílio de um pedreiro.
Qual a quantidade de resíduos já coletada nos bueiros?
Um equipamento desse é capaz de evitar que aproximadamente de um a dois quilos de resíduos plásticos ou artificiais vão para os rios. Já a quantidade de material orgânico aumenta muito; a quantidade de material como barro, pedra, folhas, galhos, que vão para os rios, é muito grande. Dentro de um ano, esse peso pode chegar a quarenta quilos. As pessoas têm a impressão de que um quilo parece pouco, mas a conta que deve ser feita é que uma cidade possui milhares de bueiros – Blumenau tem mais de 20 mil. Se você pegar 20 mil bocas de lobo vezes um quilo, são 20 toneladas de lixo dentro da água em um ano.
A ideia é fazer com que as pessoas mudem o comportamento e passem a ter uma atuação maior na cidade. A ideia de adoção faz com que cada um cuide do seu próprio quintal, digamos. Minha ideia é permitir que as pessoas físicas, empresas e instituições façam a adoção e se responsabilizem pela manutenção. Dessa forma nós vamos garantir o tratamento da drenagem urbana, evitar custos para a prefeitura e deixar a cidade mais bonita. Basta você adquirir um equipamento e fazer a instalação com o auxílio de um pedreiro.
Qual a quantidade de resíduos já coletada nos bueiros?
Um equipamento desse é capaz de evitar que aproximadamente de um a dois quilos de resíduos plásticos ou artificiais vão para os rios. Já a quantidade de material orgânico aumenta muito; a quantidade de material como barro, pedra, folhas, galhos, que vão para os rios, é muito grande. Dentro de um ano, esse peso pode chegar a quarenta quilos. As pessoas têm a impressão de que um quilo parece pouco, mas a conta que deve ser feita é que uma cidade possui milhares de bueiros – Blumenau tem mais de 20 mil. Se você pegar 20 mil bocas de lobo vezes um quilo, são 20 toneladas de lixo dentro da água em um ano.
Mas é importante destacar que o potencial poluidor não está necessariamente relacionado ao peso dos resíduos. Se você pegar um quilo de isopor e jogar na água, vai ser um crime ambiental, porque esse material é muito leve e vai se despedaçar, poluindo uma quantidade muito grande de água e matando muitos animais. O material orgânico que vai para o rio, apesar de não ser poluente, contribui para o assoreamento dos rios, o que leva a prefeitura a ocasionalmente entrar no leito do rio com máquina e cavá-lo, o que não é ideal, porque mexe com toda a biodiversidade daquele ambiente.
Que tipos de resíduos caem no bueiro?
Geralmente são resíduos menores; garrafas e embalagens maiores não entram por causa da grade. O que tem dentro dificilmente pode ser reciclado, porque tem pouco valor econômico devido ao peso, mas na grande maioria das vezes, como dá para ver nas fotos, existe um padrão de bitucas de cigarro (de 20 a 30), embalagens de plástico de bala, chiclete e de chocolate, além de embalagens variadas, como plásticos pequenos e celofane de carteira de cigarro.
Que tipos de resíduos caem no bueiro?
Geralmente são resíduos menores; garrafas e embalagens maiores não entram por causa da grade. O que tem dentro dificilmente pode ser reciclado, porque tem pouco valor econômico devido ao peso, mas na grande maioria das vezes, como dá para ver nas fotos, existe um padrão de bitucas de cigarro (de 20 a 30), embalagens de plástico de bala, chiclete e de chocolate, além de embalagens variadas, como plásticos pequenos e celofane de carteira de cigarro.
Resíduos plásticos filtrados pelo bueiro ecológico. Muitas embalagens de doces e bitucas de cigarro. Foto: Tiago dos Santos. |
Na sua opinião, qual a importância desse projeto?
Importantíssimo, tanto na questão de educação, mostrando que é a poluição do rio é um problema, quanto no controle da poluição em si. O bueiro desperta a curiosidade das pessoas e levanta a questão de que precisamos cuidar do saneamento básico e da nossa água.
Qual tem sido a repercussão do projeto desde o início?
A repercussão sempre foi muito grande e positiva, diversas pessoas do Brasil todo comentando e querendo fazer parte, órgãos de imprensa sempre compartilhando. A adesão é muito grande.
Outras cidades já adotaram?
Sim. Gaspar já adotou um equipamento, em frente ao Instituto Federal de Santa Catarina. Santo Amaro da Imperatriz tem dois equipamentos. Tem algumas tratativas para Pomerode e algumas cidades vizinhas.
Algum governo mostrou interesse em tornar o bueiro ecológico uma política pública?
Sim, porém nenhum desses interesses foi para frente. Eu tive contato de várias entidades, de vários políticos, mas até o momento, nada. Acho que vai ter que ser pela iniciativa privada mesmo.
Quais são os próximos passos do projeto?
Continuar evoluindo nessa questão da adoção. Após alguns protótipos, eu cheguei a um produto praticamente ideal, que já está sendo comercializando. Você pode comprar pelo site e recebe o equipamento em casa com instruções de montagem. A ideia é tornar o produto comercial, para que qualquer pessoa ou empresa possa adquirir; para a instalação basta contratar um pedreiro.
Qual a relação do bueiro com a barreira ecológica que você instalou no Ribeirão Jararaca, perto da sua loja?
Eles estão conectados, de certa forma, pois tem o mesmo objetivo de conter a poluição. Um ajuda na função do outro. A barreira tem uma função mais abrangente, porque pode barrar o lixo jogado por cima de uma ponte, por exemplo, mas como é difícil conter um volume de água muito grande, o ideal é fazer o tratamento da drenagem urbana a partir dos bueiros ecológicos.
Importantíssimo, tanto na questão de educação, mostrando que é a poluição do rio é um problema, quanto no controle da poluição em si. O bueiro desperta a curiosidade das pessoas e levanta a questão de que precisamos cuidar do saneamento básico e da nossa água.
Qual tem sido a repercussão do projeto desde o início?
A repercussão sempre foi muito grande e positiva, diversas pessoas do Brasil todo comentando e querendo fazer parte, órgãos de imprensa sempre compartilhando. A adesão é muito grande.
Outras cidades já adotaram?
Sim. Gaspar já adotou um equipamento, em frente ao Instituto Federal de Santa Catarina. Santo Amaro da Imperatriz tem dois equipamentos. Tem algumas tratativas para Pomerode e algumas cidades vizinhas.
Algum governo mostrou interesse em tornar o bueiro ecológico uma política pública?
Sim, porém nenhum desses interesses foi para frente. Eu tive contato de várias entidades, de vários políticos, mas até o momento, nada. Acho que vai ter que ser pela iniciativa privada mesmo.
Quais são os próximos passos do projeto?
Continuar evoluindo nessa questão da adoção. Após alguns protótipos, eu cheguei a um produto praticamente ideal, que já está sendo comercializando. Você pode comprar pelo site e recebe o equipamento em casa com instruções de montagem. A ideia é tornar o produto comercial, para que qualquer pessoa ou empresa possa adquirir; para a instalação basta contratar um pedreiro.
Qual a relação do bueiro com a barreira ecológica que você instalou no Ribeirão Jararaca, perto da sua loja?
Eles estão conectados, de certa forma, pois tem o mesmo objetivo de conter a poluição. Um ajuda na função do outro. A barreira tem uma função mais abrangente, porque pode barrar o lixo jogado por cima de uma ponte, por exemplo, mas como é difícil conter um volume de água muito grande, o ideal é fazer o tratamento da drenagem urbana a partir dos bueiros ecológicos.
Barreira ecológica no Ribeirão Jararaca. Foto: Tiago dos Santos. |
Barreira ecológica no Ribeirão Jararaca. Foto: Tiago dos Santos. |
A barreira ecológica tem aproximadamente dois anos também, tem uma manutenção um pouco mais difícil, porque eu tenho que entrar no rio, e ela age contra a força da natureza, o dificulta bastante a instabilidade dela. Por causa disso, eu retirei a barreira do rio para mudar o design dela e melhorar essa questão, porque ela estava sofrendo bastante com o impacto da água.
Vídeo mostrando a limpeza da barreira ecológica. Fonte: Tiago dos Santos. |
Qual a quantidade de resíduos recolhidos pela barreira desde a implantação?
Tenho um cálculo aproximado de que ela já recolheu 500 litros de resíduos. A manutenção é anual e requer bastante cuidado: é muito perigoso entrar num rio, por que você pode se contaminar, se machucar ou pegar alguma doença. Mas a barreira tem um efeito bem positivo, só precisa de adequação.
Fantástico esse projeto! É um exemplo de como pequenas atitudes fazem muita diferença. Nós mesmos podemos ajudar a cuidar da limpeza da nossa cidade. Se você mora em um condomínio, fica ainda mais fácil de adquirir um bueiro ecológico em conjunto e criar um pequeno grupo para fazer as manutenções. No site da empresa tem mais informações sobre a boca de lobo azul ecológica e opção de compra.
Um ecobeijo e até breve!
Tenho um cálculo aproximado de que ela já recolheu 500 litros de resíduos. A manutenção é anual e requer bastante cuidado: é muito perigoso entrar num rio, por que você pode se contaminar, se machucar ou pegar alguma doença. Mas a barreira tem um efeito bem positivo, só precisa de adequação.
Resíduos barrados pela barreira ecológica no Ribeirão Jararaca. Foto: Tiago dos Santos. |
Resíduos barrados pela barreira ecológica no Ribeirão Jararaca. Foto: Tiago dos Santos. |
Resíduos barrados pela barreira ecológica no Ribeirão Jararaca. Foto: Tiago dos Santos. |
Um ecobeijo e até breve!
Parabéns, Letícia pela entrevista e Tiago pelo projeto e iniciativa dentro da nossa linda cidade. Feliz pelos nossos rios.
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