Qual o seu impacto no planeta? Entenda o que é, como calcular e como compensar sua pegada de carbono

Por Letícia Maria Klein •
21 março 2016
As nossas atividades diárias, o que e quanto consumimos e a forma como vivemos emitem, direta ou indiretamente, gases de efeito estufa que provocam as mudanças climáticas. Questões relacionadas à sua casa, alimentação, locomoção pela cidade e hábitos de consumo constituem a sua pegada de carbono (carbon footprint, em inglês), que é a quantidade de CO2, ou gás carbônico, que você emite a cada ano, com base em todas estas variáveis. Emitir gases estufa na nossa rotina é inevitável, mas tem maneiras de reduzir e compensar a quantidade emitida. É aí que cada atitude faz a diferença.

O cálculo da pegada de carbono, que converte as emissões de vários gases de efeito estufa em CO2eq (equivalente em gás carbônico), pode ser relacionado a uma pessoa, organização, evento ou produto, segundo a Carbon Trust, um grupo de profissionais independentes que busca acelerar a transição para uma economia sustentável de baixo carbono, presente em vários países. Uma calculadora de carbono, como a CGD ou a da Iniciativa Verde, leva em conta o consumo médio de energia elétrica, de gás, tipos e quantidades de lâmpadas e eletrodomésticos, veículos de transporte, viagens aéreas e dieta alimentar para determinar as toneladas de CO2 emitidas.



As emissões podem ser diretas, quando, por exemplo, vamos de carro ao invés de ir a pé, ou indiretas, que são as emitidas durante algum serviço que usamos ou processo produtivo de algo que consumimos, como, por exemplo, a gasolina do carro, que teve sua origem no petróleo, que foi extraído, transportado e refinado. É por isso que quando compramos alimentos orgânicos de produtores locais, investimos em energia solar ou eólica, adquirimos eletrodomésticos eficientes, compramos lâmpadas econômicas, reduzimos ou paramos o consumo de carne, produzimos menos resíduos, entre outras atitudes, temos uma pegada de carbono menor.

A pegada de carbono faz parte do cálculo da pegada ecológica, uma metodologia que quantifica a terra necessária para sustentar o estilo de vida de cada um. Isso acontece porque o gás carbônico é absorvido por oceanos e florestas, que são áreas bioprodutivas. Por isso, desde a década de 1970, a pegada de carbono vem ocupando cada vez mais espaço dentro da pegada ecológica.

Conhecer a nossa própria pegada de carbono nos ajuda a identificar como as nossas ações influenciam as mudanças climáticas e como podemos adaptar hábitos de vida e consumo, contribuindo para a desaceleração do aquecimento global e a sustentabilidade no planeta.




Existem normas e protocolos quanto ao cálculo dos GEE. Tem o Protocolo de Gases Poluentes (Greenhouse Gas Protocol), um método usado para formular inventários dos gases e analisar as emissões nas cadeias de valor das empresas, sendo compatível com normas ISO e com métodos de quantificação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC; o PAS 2050, que quantifica as emissões de gases estufa no ciclo de vida dos produtos e serviços de uma empresa para gerenciá-los e reduzi-los, permitindo a sua rotulagem. Há também duas normas ISO: a 14064, que fornece ferramentas para o desenvolvimento de programas de redução de emissões que podem ser aplicados na indústria e no governo; e a 14067, que especifica princípios, requisitos e orientações para quantificar e comunicar a pegada de carbono dos produtos (PCP).

Uma das formas de compensar a pegada de carbono é plantar árvores, visto que elas capturam carbono no seu processo de fotossíntese. A calculadora da Inciativa Verde já converte sua pegada na quantidade de árvores necessárias para compensar. É bem tranquilo para quem tem jardim em casa, mas como nem sempre é possível sair por aí com pá e muda na mão, outras formas de compensação, ou melhor, de diminuição da pegada, são as mudanças de hábitos em si.

No quesito alimentação, é importante se fazer as seguintes perguntas quando comprar qualquer alimento: como foi produzido? De onde veio? Como chegou até aqui? Produtos orgânicos dispensam agrotóxicos, que emitem GEE, e podem ser adquiridos de produtores locais, que viajam menos até os consumidores do que os produtos de grandes empresas, gerando, assim, menos gases no transporte. O que também ajuda muito é plantar algumas coisas em casa, como verduras, ervas e temperos. Consumir toda a comida que se compra, não deixando sobras, é outra maneira de contribuir, pois você vai enviar menos lixo para o aterro sanitário.


Charge de Jeff Parker, em que o personagem diz "Lembre-se, objetos no espelho estão
mais perto do que parece". Para nos lembrar o tamanho da nossa pegada de carbono.

Ou, melhor ainda! Como os aterros sanitários emitem muitos gases estufa, uma das formas de contribuir é reduzir a produção de lixo, compostando os resíduos orgânicos e encaminhando os materiais recicláveis para a reciclagem. Desta forma, você vai acabar enviando apenas resíduos de banheiro e rejeitos para o aterro sanitário, que é somente o que, de fato, este deveria receber.

Quando a questão é locomoção, é sempre melhor optar pelo transporte público do que pelo carro. Se puder ir a pé ou de bicicleta, fantástico. Mas o carro é bom quando utilizado sabiamente. Veículos híbridos e elétricos são melhores do que os outros modelos. Vamos combinar que um carro levando uma só pessoa é desperdício, então procure levar colegas, familiares e amigos ou ir de carona com alguém.

O carvão e o petróleo são as duas principais fontes de energia na matriz energética mundial, ambas não renováveis e poluentes. As fontes de energia solar e eólica, por exemplo, são renováveis e limpas. Quando possível, instalar painéis fotovoltaicos para geração de eletricidade e sistema solar para aquecimento de água contribui para o combate às mudanças climáticas. Ainda sobre eletricidade, adquirir eletrodomésticos com selo A do Inmetro e lâmpadas fluorescentes e LED fazem toda a diferença na fatura de energia elétrica e nas emissões de gases de efeito estufa.

Outros hábitos sustentáveis incluem: recusar o que gera lixo, optar por produtos com embalagens recicladas ou que são recicláveis quando não der para comprar a granel com seu próprio pote, utilizar sacolas retornáveis, trocar os produtos de limpeza convencionais por alternativas naturais, como vinagre, limão, bicarbonato de sódio e sabão de coco, pensar 20 vezes antes de comprar alguma coisa, considerando a real necessidade do objeto, como e quanto ele será usado e como será descartado, entre várias outras. O importante é fazer uma análise do seu dia e identificar como tornar sua vida e suas atitudes mais sustentáveis.

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