O evangelho da sustentabilidade - Conferência Estadual Espírita do Paraná 2016

Por Letícia Maria Klein Lobe •
14 março 2016
Este foi o tema de uma das palestras do jornalista e ambientalista André Trigueiro na Conferência Estadual Espírita do Paraná deste ano, que eu tive a oportunidade e felicidade de participar. Foi no Expocenter em Pinhais, de 04 a 06 de março, e além de André, teve a participação dos palestrantes Alberto Almeida, Divaldo Pereira Franco e Haroldo Dutra Dias. O tema desta 18ª edição foi “Construindo a consciência da imortalidade” e as palestras foram FAN-TÁS-TI-CAS!

Na sua exposição sobre “O evangelho da sustentabilidade”, André usou como base seu livro “Ecologia e Espiritismo” (tem resenha aqui no blog), falando das relações entre paz e preservação ambiental, mundo de regeneração e atitudes sustentáveis no agora, frases de efeito espíritas e suas interpretações, entendimento e aplicação da sustentabilidade no dia a dia e a consciência plena da imortalidade. 

André começou a palestra falando sobre como a preservação do ambiente é imprescindível para um mundo sem guerras e harmônico, citando como retratos da situação oposta os casos da Revolução Francesa e da guerra civil na Síria. No segundo, uma forte estiagem ocorrida entre 2007 e 2010, causada pelas mudanças climáticas, foi determinante para o estado bélico, pois, aliada às políticas frágeis de distribuição de água, estimulou o êxodo rural de 1,5 milhão de pessoas devido à falta do que plantar, agravando a crise socioeconômica do país. A falta de comida para a população também foi um dos motivos da revolução na França. Além destes, André citou o caso da Ilha de Páscoa, que está explicado no livro “Colapso – Como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso”, de Jared Diamond, recomendado durante a palestra e que apareceu neste post.

André Trigueiro na Conferência Estadual Espírita do Paraná
André Trigueiro durante a Conferência Espírita

Estes fatos mostram claramente como o cuidado com a natureza e os bens naturais é fundamental para a manutenção de uma sociedade pacífica. André também deu nova luz à interpretação de frases muito utilizadas pelos espíritas e que podem levar a um relaxamento, uma despreocupação, em relação à preservação ambiental, como “estou neste mundo de passagem”, “a verdadeira vida é a vida espiritual” e “o mundo de regeneração está chegando”. As duas primeiras podem dar a impressão de que não há necessidade de cuidar do meio terrestre. Porém, o modo como vivemos, tanto na forma quanto tratamos os outros como na forma como tratamos o meio, é que determina o passo da nossa evolução e as condições das múltiplas existências na Terra. 

No primeiro dia do curso de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita – ESDE, que faço aqui em Blumenau, perguntei sobre a conciliação entre o estado de mundo de regeneração, para o qual a Terra se encaminha, e a crise ambiental da atualidade. André falou exatamente sobre isso. Ele disse que não encontrou, na literatura espírita, referências ao fator ambiental nas definições de mundo de regeneração (atualmente o planeta está no estado de provas e expiações, onde o sofrimento e o mal prevalecem; em um estado de regeneração, o bem predomina). Isto se dá, segundo André, porque o mundo de regeneração, no seu sentido ambiental, está em construção. Depende de nossas atitudes hoje, no nosso dia a dia. Ele pode ser moral e eticamente melhor, e será, mas ainda assim com cenários críticos e graves problemas socioambientais, como eventos climáticos extremos e fome.

Portanto, como cada pessoa evolui por si mesma, com base na sua transformação íntima, significa que cada um deve fazer a sua parte pelo seu desenvolvimento moral e pelo cuidado com o meio que habita e que lhe serve de casa. Para corroborar tudo isso, está a divina Lei de Conservação. Isso nos leva ao consumo consciente, por exemplo, como falou André. Não há planeta suficiente para os padrões de produção e consumo em voga hoje em dia, que levam à poluição da água e do ar, à produção cada vez maior de lixo, à extinção de espécies de fauna e flora, à criação e abate desumano de animais, à superexploração de combustíveis fósseis, às mudanças climáticas, à fome, entre outros. Incorporamos o Black Friday dos EUA e achamos normal ir às compras sempre que tem promoção. Mas precisamos nos fazer as perguntas do consumidor consciente (por que comprar, o que comprar, como comprar, de quem comprar, como usar, como descartar) e analisar a necessidade de adquirir algo (não comprar por que é bonito ou útil, mas porque é de fato preciso).

Não é à toa que o Espiritismo fincou raízes e se expande mais e mais no Brasil e a partir dele, um país com nome de árvore, que está assentado sobre dois aquíferos e possui 25% da biodiversidade do mundo. Seguindo o evangelho e fazendo, cada um de nós, a nossa parte, caminhamos para um mundo com água potável, terra fértil e ar puro para todos.

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