O que levar em consideração quando comprar roupas

Por Letícia Maria Klein •
06 agosto 2019
Não dá para sair pelado por aí (a não ser que você esteja numa praia de nudismo, claro). Entre a necessidade de usar roupas e os impactos negativos da indústria da moda, que é a segunda mais poluente do mundo, existe sustentabilidade, sim! Quando comprar roupas, calçados, acessórios ou peças de cama, mesa e banho, sejam usados ou novos, tem seis questões para você levar em consideração e, assim, ter um consumo de moda de consciência limpa. Porque quando o assunto é ser sustentável, a gente veste a camisa!

Não podia perder o trocadilho...

Natural aqui, por favor
Os tecidos são feitos com três tipos de fibras: naturais, artificiais ou sintéticas. As naturais vêm de plantas ou animais, como algodão, linho, cânhamo, lã, seda. As artificiais, como viscose, modal, liocel e acetato, são produzidas a partir da celulose com processos químicos e físicos. As sintéticas, como poliéster, polipropileno, náilon, acrílico e elastano, têm origem no petróleo, um bem não renovável, sendo, na verdade, plástico. Vá, lá, te dou um tempinho para responder qual é pior...

Apesar de todas terem vantagens e desvantagens, de forma geral, desde a origem até o fim do ciclo, as peças de fibras sintéticas pesam mais para o lado negro da força. Um dos problemas são os microplásticos que elas soltam todas as vezes em que são lavadas. Um relatório da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) diz que de 15% a 31% dos plásticos nos oceanos são microplásticos primários, sendo que 35% (a maior fatia) vêm da lavagem de roupas. Por isso que couro sintético não é ecológico! Ele dura pouco e solta pedacinhos plásticos com o tempo. Por essa você não esperava, não é?

Etiquetas de roupas que tenho: uma 100% algodão, feita no Brasil;  a outra, 95% poliéster, feita na China (que eu comprei num brechó)
Etiquetas de roupas que tenho: uma 100% algodão, feita no Brasil;
a outra, 95% poliéster, feita na China (que eu comprei num brechó)
Escravidão é coisa do passado

Mas tem empresas que pararam no tempo. Segundo o relatório Global Slavery Index, da Walk Free Foundation, mais de 40 milhões de pessoas, sendo 71% mulheres, trabalham em regime de escravidão no mundo, de forma forçada, em ambientes insalubres, com carga horária excessiva e salários ridículos. A indústria da moda é a segunda com mais trabalhadores nessas condições. Os documentários China Blue e True Cost mostram um pouco isso. Para te ajudar a comprar de empresas sem mão de obra escrava, existe o aplicativo Moda Livre, que avalia ações de empresas nacionais para evitar o trabalho escravo na produção de roupas.

Olha a responsa!
Para se manter no mercado, não basta mais só ter um produto ou serviço que vende. Quanto melhor estiverem seus colaboradores e menos impactos negativos a empresa gerar, mais responsável ela é, e isso atrai mais clientes, consumidores conscientes como você. Os conceitos de Responsabilidade Social Corporativa (RSC), Responsabilidade Social Empresarial (RSE) e Responsabilidade Social Ambiental (RSA) dizem respeito a práticas, adotadas de forma voluntária pela empresa, que trazem benefícios para os públicos interno e externo, incluindo o meio ambiente. Para saber se a empresa da qual você compra é responsável, acompanhe os relatórios de responsabilidade divulgados anualmente e entre em contato para exigir respostas.

Daqui mesmo
Quanto mais local, melhor. Mão-de-obra local, geração de renda local, matérias-primas locais, distribuição mais rápida, tudo isso gerando menos gases de efeito estufa para o produto chegar até você. “Indústria nacional” ou “Feito no Brasil” é sempre melhor de encontrar na etiqueta do que “Feito na China” ou sabe-se lá onde. Economias de baixo carbono, que são a tendência do século, devem garantir o maior suprimento possível de bens e serviços em curtas distâncias.

Dura uma vida
Qualidade, qualidade, qualidade. Já falei qualidade? Quanto melhor for a qualidade do material e da mão de obra, mais tempo a sua peça vai durar. São só benefícios: mais dinheirinho na sua conta bancária, porque você vai comprar com menos frequência; economia de água, energia, tintas e matérias-primas pelas empresas, porque a eficiência é maior; menos lixo no nosso planeta, porque o descarte é menor; uso consciente dos bens naturais do nosso planeta, porque dura mais. Mais amor pelo nosso planeta, porque sim!

Oi, de novo!
A Terra é redonda e gira, então as coisas precisam circular. Não dá para manter uma economia linear, que descarta seus produtos, num planeta que não cresce de tamanho e tem bens naturais finitos. Duas soluções da economia circular são reutilizar e reciclar materiais (outras soluções para suas roupas velhas estão nesta matéria que fiz para o Conexão Planeta). Empresas como Re-roupa, Insecta shoes e Caíques reaproveitam retalhos e resíduos de outras indústrias para produzir roupas e sapatos de qualidade, aumentando a vida útil de materiais que já foram produzidos e ainda podem ser usados por muito tempo. Comprar de empresas que tem esse perfil contribui para a sustentabilidade da indústria da moda.

Um ecobeijo e até breve.

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