Em uma hora e meia, David, com 94 anos, faz um testemunho do que presenciou no planeta desde durante a sua vida, especialmente a partir de suas viagens, apontando os principais problemas que estão levando à devastação e algumas soluções para salvar a própria humanidade. Apesar de incompleto e um tanto reducionista no que diz respeito às soluções, o documentário cumpre muito bem o seu papel de impressionar, sensibilizar e conscientizar sobre o impacto das nossas ações na nossa grande casa.
O filme, que estreou no dia 4 de outubro de 2020 na Netflix, aborda alguns dos maiores desafios que a vida no planeta está enfrentando, com foco na crise climática e na sexta extinção em massa (ambos causados pela espécie humana) e refaz o caminho da destruição da natureza durante o período de uma vida – a própria existência de David, dando também uma previsão dos potenciais danos até 2100. Na verdade, está mais para catástrofe, se mudanças fundamentais não forem feitas nas sociedades humanas ao redor do planeta.
Por apresentar uma visão de mundo de David, o documentário mescla vídeos dos seus programas de televisão sobre a vida selvagem (que começaram em 1979 com a série Life on Earth, na BBC), com imagens belíssimas de ecossistemas e sua biodiversidade e também registros de atividades humanas impactantes, como pecuária intensiva, pesca predatória e desmatamento. São tomadas aéreas, terrestres e aquáticas que evidenciam a riqueza e a fragilidade da vida no planeta. O paralelo do começo do filme, e retomado ao final, com o acidente nuclear de Chernobil, é certeiro.
A construção da narrativa é bem estruturada, seguindo a linha do tempo da vida do naturalista, com divisões temporais que marcam a população mundial, a quantidade de partes por milhão de carbono na atmosfera e a porcentagem de vida selvagem restante no planeta em anos específicos. Essa narrativa traz um histórico conciso da evolução da vida no planeta até os dias de hoje, deixando claro como a espécie humana tem impactado e desestabilizado o equilíbrio natural da Terra nos últimos 200 anos, principalmente.
A fala de David é simples, direta e sensível. Combinada com as imagens, torna o documentário pungente e emocionante, de chorar mesmo. Mas não deixe de assistir por causa disso, a gente precisa conhecer as situações para poder mudá-las, pois ficar na ignorância não vai nos ajudar a resolver os problemas. Fica claro no documentário que a grande missão da vida do naturalista é expor o desconhecido selvagem, a imensa biodiversidade de fauna e flora, para que possamos cuidar e preservar o planeta que nos abriga.
A parte final do documentário é destinada a apresentar soluções que podem minimizar as mudanças climáticas e a extinção em massa de espécies. É aqui que o filme abre espaço para a esperança – depois de já ter provocado deslumbramento, alegria, tristeza, raiva e desespero –, nos mostrando soluções possíveis que são já utilizadas e que podem ser ampliadas.
O principal caminho apontado é a restauração da biodiversidade no mundo, que é responsável por manter o equilíbrio da teia de vida no planeta. Quanto mais biodiverso, mais resiliente um ecossistema é, ou seja, mais ferramentas ele tem para superar as dificuldades. A espécie humana está extinguindo outras espécies e diminuindo os habitats selvagens, o que desestabiliza o equilíbrio da Terra que foi desenvolvido e mantido ao longo de milhares de anos. David toca num ponto importante: nós devemos olhar para a natureza para buscar soluções. Porém, o filme falha em não utilizar, nas soluções que apresenta, o seu próprio argumento sobre importância da diversidade e da biomimética. Penso que poderia haver mais tempo para explorar uma gama maior de soluções, seus contextos de implantação e de viabilidade, não recorrendo somente à alta tecnologia, que é uma forte indicação do filme.
Como David diz, uma espécie só prospera quando seu ambiente prospera. Prosperidade não tem a ver com crescimento, mas com qualidade de vida, e é possível reconquistar a qualidade da vida no planeta para todas as suas espécies. Depende de cada um de nós, a cada dia, enquanto indivíduos e coletividade. “A inteligência que trouxe a humanidade até aqui já não é mais suficiente. Precisamos de sabedoria.”
Se você já viu, comente aqui o que achou. Se não, fica a recomendação, vale a pena.
Um ecobeijo e até breve.
Por apresentar uma visão de mundo de David, o documentário mescla vídeos dos seus programas de televisão sobre a vida selvagem (que começaram em 1979 com a série Life on Earth, na BBC), com imagens belíssimas de ecossistemas e sua biodiversidade e também registros de atividades humanas impactantes, como pecuária intensiva, pesca predatória e desmatamento. São tomadas aéreas, terrestres e aquáticas que evidenciam a riqueza e a fragilidade da vida no planeta. O paralelo do começo do filme, e retomado ao final, com o acidente nuclear de Chernobil, é certeiro.
A construção da narrativa é bem estruturada, seguindo a linha do tempo da vida do naturalista, com divisões temporais que marcam a população mundial, a quantidade de partes por milhão de carbono na atmosfera e a porcentagem de vida selvagem restante no planeta em anos específicos. Essa narrativa traz um histórico conciso da evolução da vida no planeta até os dias de hoje, deixando claro como a espécie humana tem impactado e desestabilizado o equilíbrio natural da Terra nos últimos 200 anos, principalmente.
A fala de David é simples, direta e sensível. Combinada com as imagens, torna o documentário pungente e emocionante, de chorar mesmo. Mas não deixe de assistir por causa disso, a gente precisa conhecer as situações para poder mudá-las, pois ficar na ignorância não vai nos ajudar a resolver os problemas. Fica claro no documentário que a grande missão da vida do naturalista é expor o desconhecido selvagem, a imensa biodiversidade de fauna e flora, para que possamos cuidar e preservar o planeta que nos abriga.
A parte final do documentário é destinada a apresentar soluções que podem minimizar as mudanças climáticas e a extinção em massa de espécies. É aqui que o filme abre espaço para a esperança – depois de já ter provocado deslumbramento, alegria, tristeza, raiva e desespero –, nos mostrando soluções possíveis que são já utilizadas e que podem ser ampliadas.
O principal caminho apontado é a restauração da biodiversidade no mundo, que é responsável por manter o equilíbrio da teia de vida no planeta. Quanto mais biodiverso, mais resiliente um ecossistema é, ou seja, mais ferramentas ele tem para superar as dificuldades. A espécie humana está extinguindo outras espécies e diminuindo os habitats selvagens, o que desestabiliza o equilíbrio da Terra que foi desenvolvido e mantido ao longo de milhares de anos. David toca num ponto importante: nós devemos olhar para a natureza para buscar soluções. Porém, o filme falha em não utilizar, nas soluções que apresenta, o seu próprio argumento sobre importância da diversidade e da biomimética. Penso que poderia haver mais tempo para explorar uma gama maior de soluções, seus contextos de implantação e de viabilidade, não recorrendo somente à alta tecnologia, que é uma forte indicação do filme.
Como David diz, uma espécie só prospera quando seu ambiente prospera. Prosperidade não tem a ver com crescimento, mas com qualidade de vida, e é possível reconquistar a qualidade da vida no planeta para todas as suas espécies. Depende de cada um de nós, a cada dia, enquanto indivíduos e coletividade. “A inteligência que trouxe a humanidade até aqui já não é mais suficiente. Precisamos de sabedoria.”
Se você já viu, comente aqui o que achou. Se não, fica a recomendação, vale a pena.
Um ecobeijo e até breve.
Gostei muito do seu texto!! Estou assistindo agora o documentário haha
ResponderExcluirOi, que bom que gostou! Depois me conte o que achou do documentário. =)
ExcluirQue delícia de resenha! Obrigada por escrever <3
ResponderExcluirObrigada pelo comentário, que bom que gostou! =)
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