Aqui em Blumenau são quase 90 km de ciclovias, ciclofaixas ou passeios compartilhados, com meta de chegar a 155 km em 2035, segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento Urbano. Além da malha cicloviária, a implantação de corredores exclusivos para ônibus tornou os trajetos muito mais rápidos nas vias principais da cidade. Lembro que quando eu ia para a faculdade de ônibus, chegava a ficar até 30 minutos parada só entre dois pontos na Rua 7 de Setembro, uma das três ruas centrais da cidade. Depois da instalação do corredor, a viagem inteira passou a levar menos de 10 minutos. Corredores exclusivos para ônibus e uma rede cicloviária significam mais agilidade na locomoção e consequentemente mais tempo para a pessoa usufruir de outra forma, fora do congestionamento.
Esta imagem mostra o espaço ocupado pelo mesmo número de pessoas quando elas vão de ônibus, bicicleta e carro. Fonte: Deloitte/We Ride Australia. |
Florianópolis, capital de Santa Catarina, é outra cidade que está investindo em mobilidade urbana. O prefeito Gean Loureiro anunciou neste início de 2019 que a Ponte Hercílio Luz não será liberada para carros, mas sim para pedestres, bicicletas e ônibus. A intenção é evitar novos pontos de engarrafamento, agilizar o trânsito e incentivar o transporte coletivo e sustentável. Além disso, a ponte será usada apenas como referência turística nos fins de semana, com atividades culturais e esportivas.
O uso de bicicletas tem crescido no Brasil, muito por causa de iniciativas de uso de bicicletas compartilhadas, como Bike Rio, Bike Sampa e Projeto Bicicletar, no Rio de Janeiro, São Paulo e Fortaleza, respectivamente. O principal motivo para adoção do veículo é a sua “rapidez e praticidade”, segundo a pesquisa Perfil do Ciclista Brasileiro, realizada pela ONG Transporte Ativo, seguido de saúde e custo. Locais com estações de bicicletas compartilhadas aumentam, inclusive, os valores dos imóveis na região. O estudo Impacto Social do Uso da Bicicleta em São Paulo, realizado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, revela que utilizar a bicicleta para viagens pedaláveis gera uma economia mensal média de R$ 138,00 para usuários de ônibus e R$ 451,00 para quem usa automóvel, além de poupar até 90 minutos por semana e aliviar o estresse.
Em São Paulo, a operadora Tembici completou seu primeiro ano de operação do sistema Bike Sampa com tecnologia canadense com 22 milhões de quilômetros percorridos com bicicletas, o que evitou a emissão de 2,6 milhões de quilos de gás carbônico. Com a expansão prevista no projeto para 2019, a cidade terá 260 estações, totalizando 2.600 bicicletas. A medida vai ao encontro da Lei 13.724/18, que institui o Programa Bicicleta Brasil (PBB). O programa, que deve ser implementado em cidades com mais de 20 mil habitantes, propõe a construção de ciclovias, ciclofaixas e faixas compartilhadas, a implantação de aluguéis de bicicletas a baixo custo, a instalação de bicicletários nos terminais de transporte e a instalação de paraciclos em ruas e estacionamentos apropriados.
Para trajetos curtos, de até três quilômetros, o jeito mais simples, econômico e sustentável é ir a pé. Depois de dois anos trabalhando com organizações voltadas à mobilidade de pedestres, o Mobilize Brasil lançou uma campanha de crowdfunding – e superou a meta prevista – para melhorar as condições de caminhabilidade nas cidades brasileiras. A próxima etapa da campanha Calçadas do Brasil 2019 será organizar ações nos municípios e continuar os trabalhos de avaliação da caminhabilidade nas 27 capitais definidas para a primeira fase. Os resultados servirão de base para a produção de um relatório que será divulgado na mídia e encaminhado a prefeituras, autoridades e gestores públicos da mobilidade urbana.
Fonte: Deloitte. |
Avanços também estão acontecendo em outros países. Luxemburgo, um dos menores da Europa, vai garantir passagem gratuita de trens, bondes e ônibus para os habitantes a partir do verão de 2019. O que motivou a medida foi a questão ambiental. Com isso, a nação será a primeira do mundo a ter essa iniciativa, seguindo o exemplo de algumas cidades européias, como Dunkerque, na França, e Talliinn, na Estônia. Madri também tomou a decisão de priorizar o transporte público, as bicicletas e os pedestres e ainda melhorar a qualidade do ar: desde o fim de 2018, somente veículos com zero emissão de carbono podem circular no centro da cidade.
A tendência do mundo é as cidades se tornarem inteligentes e sustentáveis, pois só assim a espécie humana, que é totalmente dependente do seu meio ambiente e da biodiversidade, vai prosperar. Em termos de mobilidade, o Índice de Mobilidade Urbana da Deloitte (DCMI) aponta caminhos com base nas mudanças que ocorrem na forma como pessoas e bens se movimentam, com jornadas intermodais, opções de transporte ativo (como calçadas e ciclovias) e transporte público. O índice apresenta resultados de mais de 50 cidades pelo mundo sobre a eficiência dos seus sistemas de transporte, seus planos de desenvolvimento e o quão acessível e amigável é o sistema, mostrando o posicionamento de cidades líderes no espectro da mobilidade do futuro. Adaptação, manutenção, infraestrutura, segurança, tecnologias digitais, integração, parcerias público-privadas, maximização de uso do espaço e minimização de custos sociais são questões que precisam ser estudadas e desenvolvidas para que as cidades tenham um sistema de mobilidade eficiente, inclusivo e sustentável.
Se você está cansado de ficar preso no trânsito, quer melhorar sua saúde, curtir mais a cidade e economizar tempo e dinheiro, junte-se ao crescente número de pessoas que está movimentando o país de forma sustentável. Vamos nessa? Um ecobeijo e até breve.
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