Práticas cruéis – Parte 2

Por Letícia Maria Klein •
24 novembro 2015

Independentemente do motivo, nenhuma atividade humana deve estar baseada no sofrimento e sacrifício de outras espécies. Vivemos em rede, em um sistema chamado planeta Terra, e como parte dele, é nosso dever agir de maneira ética e colaborativa, fortalecendo o meio que nos sustenta. Toda ação tem uma reação e cada ato nosso de cada dia, por menor que seja, tem uma consequência, seja para nós mesmos, para o próximo, para o ambiente, para a sociedade. Por isso, cada atitude conta e nós temos, sim, o poder de fazer a diferença. Como o tema é práticas cruéis com animais, vamos ver o que cada um de nós pode fazer, na nossa rotina, para combatê-las.

Como diz a campanha do Ministério Público de Santa Catarina contra a farra do boi, “farra do boi é maldade e maldade não é tradição”. O jingle é muito legal, ouça aqui. A campanha é realizada nos municípios das regiões de Itajaí e Grande Florianópolis e inclui ações nas escolas, como palestras e concurso de redação, e também ações repressivas. Quem souber de alguma farra do boi, pode denunciar para a Polícia Militar pelo telefone 190



Aliás, a Polícia Militar atende qualquer denúncia de crime ambiental, tendo batalhões da Polícia Militar Ambiental em todos os estados. Denúncias de crime ambiental (conheça todos os crimes na Lei 9.605/1998) também podem ser feitas para o IBAMA pela Linha Verde, telefone 0800-618080, pelo e-mail linhaverde.sede@ibama.gov.br ou no próprio site. Outros órgãos ambientais, como fundações estaduais, por exemplo, também recebem denúncias. O canal da FATMA – Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina para denúncias é este aqui. O Ministério Público, seja estadual ou federal, também pode ser contatado nestes casos. Quando a denúncia for grande, o Poder Legislativo pode ser acionado. A ouvidoria da Câmara dos Deputados recebe denúncias e encaminha aos órgãos competentes.  

Outra forma de ajudar é participar de campanhas (presenciais, como estas contra as touradas e o foie gras) e de abaixo-assinados on-line, que funcionam de verdade. Tem sites como Avaaz.org e Change.org, em que dá para criar a própria campanha e coletar assinaturas para reivindicar uma causa perante governo, indústria ou comércio. Também é possível participar de campanhas de organizações não governamentais, como HSI, WWF, Sea Shepherd, Conservation International e Greenpeace, que tem suas repartições brasileiras. Outras ONG brasileiras incluem SOS Mata Atlântica, Instituto Socioambiental, Instituto Akatu, Instituto Ecoar, Recicloteca, ECOA, Fundação Gaia, Fundação Biodiversitas, Amigos da Terra e Renctas – Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais. Silvestres. A campanha atual do Greenpeace Brasil, por exemplo, é “Carne ao molho madeira”, relacionada à origem da carne que as pessoas compram nos mercados e açougues. 


Falando nisso, que tem tudo a ver com a produção industrial de animais e suas práticas cruéis citada no post passado, uma das formas de boicotar as indústrias que têm métodos desumanos é consumir o produto de fazendas que priorizam o bem-estar animal, como já existem algumas no Brasil. Mas o melhor mesmo, de verdade verdadeira, é diminuir o consumo de carne progressivamente, até chegar a uma dieta sem este alimento. 

Esta publicação da Associação Vegetariana Brasileira fala tudo sobre os impactos ambientais da criação e consumo de animais, que incluem aumento dos gases de efeito estufa (que causam as mudanças climáticas), desmatamento e uso excessivo de água. A entrevista de Cynthia Schuck, uma das autoras do dossiê, ao Instituto Humanita Unisinos está muito interessante. Eu sou vegetariana há alguns anos e posso dizer com toda certeza que a carne não faz nenhuma falta; sinceramente, eu me sinto bem melhor seguindo esta dieta. Mas é importante diminuir o consumo aos poucos e fazer um acompanhamento com nutricionista para não prejudicar o organismo.


Publicação da AVB

Ainda falando de alimentos, o que também podemos fazer para boicotar e combater as práticas cruéis da indústria alimentícia é consumir alimentos orgânicos, como frutas e verduras. A agricultura sustentável preserva o solo e os corpos d’água e mantém os produtores locais, entre outras vantagens. O mesmo vale para produtos provenientes de animais criados eticamente, com liberdade e bem-estar. Saber que você está consumindo ovos ou leite e derivados de animais bem criados faz toda a diferença, para o ambiente e para nós mesmos. Ou você se sente confortável e de consciência limpa comendo produtos de animais que são confinados, apertados, estressados e machucados? 

A indústria do vestuário também se utiliza de animais para fazer produtos, como jaquetas, bolsas e sapatos de couro. Uma forma de contribuir neste aspecto é não comprar estes artigos. A demanda faz a oferta. Quanto mais as pessoas consomem, mais é produzido. Se eu deixo de comprar, já é um a menos a financiar este comércio. Imagine milhões de pessoas!? Claro que esta ação deve andar junta com a da alimentação vegetariana, coerentemente.

O capitalismo, movido pela ganância e orgulho de quem acha que pode mais porque tem mais dinheiro, inseriu a sociedade numa cadeia de massificação, industrialização e desumanização, onde o lucro vem primeiro, em detrimento da ética e da consciência. Nós temos poder de escolha e livre-arbítrio. As decisões que tomamos fazem toda a diferença, contribuindo para o bem ou para o mal. Quais as suas?

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