Dilma e as questões ambientais

Por Letícia Maria Klein •
04 novembro 2014

O primeiro governo de Dilma Rousseff foi um revés para o meio ambiente. Apenas três unidades de conservação criadas (desconsiderando aquelas criadas duas semanas antes do 2º turno e após a eleição), o desmatamento aumentou, a forte aliança com a bancada ruralista permitiu um novo Código Florestal que beneficia mais os latifundiários do que as florestas. Por essas e outras, a presidente reeleita já mostrou que não se preocupa com a preservação ambiental. Isto precisa mudar e cabe a nos cobrarmos medidas e respostas para que ela tenha outra postura no segundo mandato frente às questões ambientais. 

Desmatamento na Amazônia

O desmatamento na Floresta Amazônica aumentou 28% entre agosto de 2012 e julho de 2013 em relação ao mesmo período anterior. Em setembro o aumento foi de 290% comparado com setembro de 2013! De acordo com O Eco, especialistas atribuem o aumento à frouxidão dos mecanismos de controle. Mesmo que o índice caia todo ano, o simples fato dele existir evidencia o verdadeiro problema: a Amazônia está diminuindo de tamanho a cada dia. A solução? Zerar o desmatamento AGORA. É o que afirma e comprova o pesquisador Antonio Nobre (aqui a palestra dele, ó, im-per-dí-vel, vai por mim). 


Uma das principais causas do desmatamento é a extração ilegal de madeira, que, de acordo com o Greenpeace, cortou cinco milhões de árvores entre 2007 e 2012. Falando na ong, ela colocou no ar novamente a campanha (e petição!) “Chega de madeira ilegal”, que revelou esquemas ilegais de exploração, processamento e comércio de madeira no Pará. 

O desmatamento ameaça a biodiversidade, pois reduz o habitat das espécies animais e diminui a quantidade de espécies vegetais, aumenta o aquecimento global e influencia no ciclo da água, gerando um problema que não sai dos noticiários...

Crise da água em São Paulo

Para entender a crise de água em São Paulo, é preciso entender como funciona o ciclo da água. Na fase de evaporação e transpiração, a água dos rios, lagos, oceanos, solo e plantas evapora e se transforma em nuvens através da condensação. Das nuvens, a chuva cai e se infiltra no solo, irrigando as raízes de plantas e reabastecendo lençóis freáticos e aquíferos, que se unirão a rios, lagos e oceanos. A água deles, junto com a evapotranspiração do solo e das plantas, vai formar nuvens e assim o ciclo recomeça. 

Como deu pra perceber, as árvores têm uma grande participação neste processo. Uma árvore adulta evapora, em média, 500 litros de água por dia (o pesquisador Antonio Nobre fala em mil litros). Quando o solo é coberto por vegetação, a infiltração de água da chuva ocorre de forma lenta e controlada, o que diminui a erosão e a lixiviação do solo. Com o desmatamento, o solo não tem mais a vegetação para suavizar a infiltração de água, provocando erosão na terra. O reabastecimento de água dos lençóis freáticos e dos aquíferos também fica comprometido, pois, sem árvores, a água da chuva não penetra no solo e não reabastece as reservas de água subterrânea

A diminuição no abastecimento de água das reservas subterrâneas compromete as nascentes dos rios e acarreta diminuição do volume dos rios e lagos, o que por sua vez diminui a quantidade de evaporação de suas águas. Isto, aliado à ausência de árvores (que deixam de evaporar água), ocasiona a formação de menos nuvens, e consequentemente, menos chuvas, prejudicando assim todo o ciclo da água. Como a chuva é fundamental para a agricultura, quanto menores as áreas de vegetação nativa, maiores serão os danos à produção de alimentos, entre vários outros efeitos graves. 

Então, a próxima vez que você ouvir alguém dizer que não há problema em cortar árvore, não perca a chance de atualizar a criatura! Aproveitando, a Folha de São Paulo fez um especial caprichado sobre a crise de água no estado, olha só

Como a Grande São Paulo chegou à escassez de água LUIS MOURA/ESTADÃO CONTEÚDO

Luis Moura/Estadão Conteúdo


Unidades de conservação

Até outubro de 2014, quase finalizando seu primeiro mandato, a presidente Dilma havia criado apenas três unidades de conservação em todo o território nacional, somando meros 440 km². Em comparação, como mostra esta matéria, os presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula da Silva foram os que mais criaram. FHC criou 81 UCs, totalizando 215 mil km² e Lula criou 77 UCs, com área total de 267 mil km²

Demonstrando uma (pretensa?) preocupação com a preservação ambiental, Dilma decidiu criar mais sete unidades de conservação a partir do primeiro turno das eleições. Foram estabelecidas três Reservas Extrativistas marinhas no Pará, dois parques nacionais (em Minas Gerais e no Paraná), uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (também em MG) e uma Estação Ecológica no Amazonas. Porém, um dos parques e uma reserva admitem mineração (COMO??? O.O). 

Além das UCs criadas, duas Reservas Extrativistas foram ampliadas. Teoricamente, o Brasil possui agora 320 unidades de conservação federal administradas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Na prática são outros 500... 

Bancada ruralista

A bancada ruralista é aquele grupo de políticos que são latifundiários, donos de terras destinadas à agricultura e à pecuária. São os menos interessados em proteger a natureza, afinal, precisam de espaço para plantar e criar animais. O que eles não percebem é que o desmatamento que eles promovem tem grande impacto no próprio negócio deles (acho que eles faltaram à aula sobre o ciclo da água), no meio ambiente e na sociedade.

De toda a produção do agronegócio, a maior parte vai para biodiesel, industrializados e exportação, enquanto a população brasileira fica com apenas 30% da comida. Além de ser um dos grandes responsáveis pelas mudanças climáticas, é o setor econômico que mais utiliza água doce no país: 72% da água consumida. O agronegócio desmata grandes florestas e emprega mão de obra escrava. Se quiser conhecer mais sobre o assunto, leia este post do blog. 


A pressão da bancada ruralista foi grande e o Novo Código Florestal, aprovado em 2012, trouxe mais benefícios aos latifundiários do que às florestas. Segundo esta matéria, o código reduz em 58% a área desmatada que deveria ser restaurada, anistia 29 milhões de hectares de florestas desmatadas ilegalmente até 2008 e mantém a possibilidade de desmate legalizado para outros 88 milhões de hectares. 


Só com estes quatro tópicos já deu pra ter ideia do quanto precisamos prestar muita atenção às ações da presidente e de todo o governo quanto às questões ambientais e também nos fazer ouvir quando ameaças à vida no planeta estiverem à espreita. 

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