O poder da natureza nas Cavernas de Botuverá

Por Letícia Maria Klein •
06 fevereiro 2014

O silêncio é absoluto e imponente, interrompido apenas pelas gotas de água que caem no chão em alto e bom som. Quando as luzes são apagadas, somos envolvidos pelo breu total, não dá para enxergar absolutamente nada. É quando se sente o poder de 65 milhões de anos de história. Estou nas Cavernas de Botuverá, localizadas no Parque Municipal das Grutas. A cidade fica a 63 quilômetros de Blumenau, coladinha no município de Brusque. É bem fácil chegar ao parque, mas tem que ir devagar. Do centro de Botuverá até lá são 14 quilômetros de estrada de terra bem sinuosa. Este passeio, assim como o da praia de Zimbros, fiz com meu namorado. Saímos de manhã, quase 9h e chegamos às 10h30 no parque, mais ou menos. Bem a tempo de tirar umas fotos das águas da cachoeira que chegam ao Rio Itajaí-Mirim e se preparar para o passeio que começava às 11h. O roteiro dura 45 minutos. Passa muito rápido, mas é o suficiente para se maravilhar com as formações rochosas esculpidas pela natureza ao longo de milhares de anos e que continuam a se transformar, gota após gota. 


As cavernas foram encontradas por caçadores em 1940, diz nosso guia. Ele leva o grupo de 15 pessoas (o máximo permitido em cada passeio) pelas três galerias abertas ao público. Subimos e descemos 400 degraus até o terceiro salão. Parece muito, mas nem dá pra sentir. Eu fiquei tão fascinada com as estalactites e estalagmites que não queria parar de admirar. É lindo demais, um trabalho primoroso da natureza. A água que forma os espeleotemas (nome das diversas formações rochosas de uma caverna) vem da chuva, que ao escorrer pela gruta, carrega sedimentos e minerais que vão formando as estruturas. A água também foi responsável por formar a caverna em primeiro lugar, na forma de um córrego que corria em seu interior. Ao todo, as grutas têm 1.200 metros de extensão e nove galerias. Seis são fechadas para preservação e pesquisa. 

Córrego dentro do parque que deságua no Rio Itajaí-Mirim 

Todo o cuidado é pouco nas grutas. Ao entrar e passear nas cavernas, nós estamos invadindo um ecossistema que estava preservado e intocado há milhares de anos, então não se pode fazer nada que venha a prejudicar ou estragar o ambiente. Não é possível, por exemplo, tirar fotos nem tocar nas formações, para não deteriorá-las. Existem muitas espécies de animais que moram nas cavernas, então não podemos perturbar o ambiente. São sete de morcegos e 35 de invertebrados, como grilos, minhocas, escorpiões, aranhas e animais endêmicos. Durante a visita, eu não vi nenhum. Apenas no final, já perto da saída, quando eu perguntei ao guia se ele já tinha visto um morcego. Foi quando ele disse “vários” e apontou a lanterna para o teto, onde um morceguinho estava dormindo. Não sei vocês, mas eu os acho tão fofinhos. O bichinho estava todo enrolado em suas asas, parecendo uma trouxinha, e era bem pequeno.


Escadas que levam à entrada das cavernas

É bem fresco dentro da caverna e liso também, devido à água. Por isso, todos devem usar tênis. Também para segurança, tem corrimãos ao longo do trajeto e precisamos usar capacete para não bater no teto, quando ele é baixo. Um item muito importante, diga-se de passagem (pois é, né, imagina se eu não bati a cabeça). Tem uma formação mais linda que a outra nas grutas. Estalactites afiadas e grandes pendem do teto, às vezes se encontrando com estalagmites e formando uma coluna fabulosa. Sabe quando você está na praia, pega um punhado de areia molhada na mão e vai deixando ela cair em montinhos até o chão, formando uma torre ou monte? Tem espeleotemas que têm um formato parecido, só para dar uma ideia da aparência de alguns. O mais fascinante é saber que aquelas formações levam milhares de anos pra se formar. Elas crescem um centímetro cúbico a cada 100 anos. Repetindo, um centímetro cúbico por século! Um trabalho lento e belo. Símbolo ao mesmo tempo do poder da natureza e da sua fragilidade. 


Foto oficial disponível no site da prefeitura de Botuverá

O guia contou que houve época em que as pessoas retiravam pedaços de estalactites para fazer órgãos, o instrumento musical. A natureza leva milhares de anos para esculpir ambientes magníficos e o homem vai lá e acaba com tudo em um minuto. Quando o respeito por outras formas de vida for uma coisa inerente a todo ser humano, todas as espécies do mundo viverão em paz, pois a preservação vai acontecer naturalmente. 


Era bem destas formações aqui que eram retirados pedaços para fazer órgãos
Foto oficial disponível no site da prefeitura de Botuverá

Saindo da caverna e voltando ao local de atendimento, percorremos uma pequena trilha que leva a uma cachoeira. Tinha algumas pessoas na água e nos deu uma vontade tamanha de nadar também. Mas já tínhamos planos de seguir para outra cachoeira. O caminho para ir até ela fica antes do Parque Municipal das Grutas, numa transversal da estrada principal. Ao chegar, me surpreendi com o número de pessoas. Estava lotado! Como era domingo e estava muito quente, dá pra entender o porquê. O lugar se chama Recanto Feliz e tem cabanas para alugar. Estacionamos o carro e fomos a pé até o laguinho que se forma embaixo da cachoeira. 


Borboleta no parque

A água estava bem gelada, uma delícia naquele calor. Foi a primeira vez que visitei uma cachoeira, estava mega feliz. Tinha vários peixinhos e vi também um caranguejo. Mas uma dica importante: já vá com a roupa de banho, pois só tem um banheiro perto do estacionamento. Como lá cima não tem, entrei com a roupa do passeio mesmo e voltei de biquíni pra casa. Sem problemas, por que valeu muito a pena. E eu não fui a única a fazer isso, tinha outras pessoas nadando com roupas não de banho.


Cachoeira no Recanto Feliz

Que passeio fantástico! O parque fica aberto de terça-feira a domingo e a entrada para as cavernas custam R$ 12,00 inteira e R$ 6, 00 meia. Muito barato, vamos combinar. Se você ficou interessado, super recomendo. Estar em meio à natureza é, pelo menos pra mim, uma das melhores coisas do mundo.

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