O tema da Semana do Meio Ambiente em Blumenau foi sobre como construir uma cidade sustentável, uma Blumenau mais sustentável. Isso porque a cidade agora faz parte do programa Cidades Sustentáveis, que oferece aos gestores públicos a agenda de sustentabilidade urbana, indicadores relacionados à agenda e um banco de práticas com casos nacionais e internacionais que podem ser tidos como referências pelos municípios. Depois de falar sobre ser sustentável, hoje o post é sobre a sustentabilidade em nível municipal. Como uma cidade pode ser sustentável?
Antes do como, vamos ao porquê. Os modos de produção e consumo (consumismo, eu diria) atuais drenam cada vez mais bens naturais e matéria-prima do meio ambiente. Para que nossos filhos, netos, bisnetos e todos que vierem depois possam viver no planeta como o conhecemos hoje, precisamos mudar nossos hábitos e viver um estilo de vida mais sustentável. Mas além das ações individuais, é preciso que os governos criem e implantem políticas de sustentabilidade, assim a abrangência das ações será maior e elas terão mais impacto. Na era em que estamos, a sustentabilidade deve ser priorizada pelos que comandam as cidades.
Na palestra, o educador ambiental José Constantino Sommer deu alguns dados legais que nos mostram a necessidade da cidade sustentável. Hoje, mais da metade da população mundial vive em cidades. 52% para ser exata. No Brasil, o número de pessoas morando em cidade sobe para 85%. A previsão para 2020 é de que 60% dos habitantes da Terra residam em cidades. Em 2050, serão 70%. Outro dado importante: 80% dos gases que provocam o efeito estufa são originados nas cidades. Agora ficou mais fácil de entender por que é tão importante que as cidades se comprometam com a sustentabilidade, não é?
O programa Cidades Sustentáveis estabelece que os eixos da cidade sustentável são: governança, equidade, proteção ecológica, planejamento urbano, cultura, educação, economia, consumo, mobilidade e saúde. Para uma cidade ser sustentável, ela depende de diagnóstico, eleição de prioridades e estabelecimento de metas. O desenvolvimento urbano, como falou o palestrante, depende de limites, sustentabilidade, lazer, mobilidade e revitalização. Um exemplo muito bom de uma cidade sustentável é Vitoria-Gasteiz, que fica no norte da Espanha e tem cerca de 240 mil habitantes.
Ela ganhou o prêmio de Capital Verde Europeia em 2012. Bom gerenciamento de resíduos, mobilidade que privilegia pedestres e ciclistas e descentralização de serviços básicos foram algumas das ações que conferiram o prêmio a Vitoria-Gasteiz. Por exemplo: 99% da população têm acesso a serviços básicos, como saúde, escola, alimentação, cultura e lazer num raio de até 300 metros de suas casas. Essa proximidade evita que as pessoas se locomovam muito de carro e incentiva o uso de ônibus, bicicletas ou mesmo a pé.
O carro, inclusive, é um dos símbolos da insustentabilidade das pessoas. Como disse Sommer na palestra, não se trata de demonizar o veículo, mas usá-lo sabiamente. O negócio é pensar: para que usar o carro se eu posso ir de bicicleta ou a pé? Se eu for de ônibus não será mais rápido? Saindo da cidade espanhola e pegando exemplos brasileiros, como Blumenau e Curitiba, os corredores de ônibus facilitam muito a vida de quem depende do coletivo. Eu digo por experiência própria, o corredor de ônibus é uma benção nesta cidade onde há dois carros para cada três habitantes. É muito carro, gente! Dá só uma olhada nesta foto, que mostra uma noção geral da coisa.
Mas, reforçando, não estou demonizando o carro. Se a pé, de bicicleta ou de ônibus não dá, que tal modificar o combustível? Usar álcool no lugar da gasolina ou do diesel já é uma ótima maneira de uso consciente do veículo. Em 2010, um grupo de jovens em Porto Alegre quis mostrar a sujeira que os carros emitem (daqueles 80% dos gases do efeito estufa que as cidades geram, muito sai dos veículos).
Parece pichação, né? Acontece que é a cor original do túnel. Os jovens estavam lavando a parede! O protesto “Por uma Porto Alegre limpa” foi a forma que eles encontraram de mostrar como nós vivemos em meio a poluição sem perceber. Neste vídeo, o grupo mostra como foi a operação. Um planejamento urbano nesse sentido, para diminuir o uso do carro, também ajudou Vitoria-Gasteiz a ganhar o prêmio de capital mais verde da Europa. Foi implantada uma nova rede de ônibus urbanos e bondes, com corredores, além da criação de 95 km de ciclovias e 598 estacionamentos para bicicletas.
Parque em Vitoria-Gasteiz
Outra medida bem interessante que a cidade adotou foi a valorização das áreas verdes, com incentivo à produção e estudo de hortas comunitárias, jardinagem, produção orgânica, entre outros. A cobertura vegetal na área urbana também foi ampliada, com a criação de Cinturão Verde ao redor do centro. Em Blumenau, por exemplo, 70% do município são cobertos por floresta. Das capitais brasileiras, a que mais tem cobertura florestal é a catarinense Florianópolis, com 54%.
Essas e muitas outras medidas podem ser adotadas pelos governos municipais para tornar suas cidades sustentáveis e com boa qualidade de vida para seus habitantes. Hoje no
Brasil são 237 cidades sustentáveis. Será que a sua é uma delas? Descubra aqui. Confira também abaixo o vídeo do programa Cidades Sustentáveis, que mostra exemplos de várias cidades ao redor do mundo que já adotaram medidas sustentáveis. Super bacana!
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