Aeroporto de Florianópolis – Tour lixo zero em Florianópolis #2

Por Letícia Maria Klein •
15 março 2019
A segunda parada do tour lixo zero, parte da programação do Encontro dos Embaixadores do Instituto Lixo Zero, foi no aeroporto de Florianópolis (a primeira foi o sistema de compostagem do Hotel Sesc). Depois que a concessionária Floripa Airport assumiu o aeroporto, a gestão de resíduos foi terceirizada com a empresa catarinense Brooks, que consegue reaproveitar 60% dos resíduos sólidos gerados no local por meio de reciclagem e compostagem.

Última parte no processo dos resíduos recicláveis: o enfardamento

Os resíduos provêm do setor de manutenção, das aeronaves e da coleta seletiva geral do terminal, onde existem coletores para material reciclável, não reciclável, orgânico e vidro. São utilizados sacos de cores diferentes para acondicionar os resíduos: preto para rejeitos, marrom para orgânicos, azul para recicláveis e amarelo para rejeitos sanitários. Como ainda sobraram sacos vermelhos do sistema antigo, em voga antes da concessionária nova assumir, eles estão reaproveitando-os internamente para não descartá-los.

Caçambas para alguns resíduos recicláveis

Os resíduos recicláveis do terminal e dos voos nacionais são separados, triados, enfardados e destinados a empresas recicladoras. Entre os itens que são encaminhados para a reciclagem, é interessante ressaltar o papel toalha do banheiro, as embalagens plásticas metalizadas (BOPP) e as cápsulas de café, que não costumam ser reciclados. Como as embalagens de BOPP são enviadas para uma empresa no Rio Grande do Sul, o representante da empresa Brooks disse que eles só conseguem viabilizar o processo porque a empresa coleta o material da Pepsico em toda a cidade. Os vidros são enviados para a empresa Vidros Catarina. O isopor é coletado por uma cooperativa que envia o material para a empresa Santa Luzia, em Braço do Norte/SC. Os sacos de acondicionamento geralmente são reutilizados, pois não são necessários em todos os enfardamentos. A equipe de triagem do aeroporto separa os resíduos recicláveis em nove tipos.

Local da triagem dos resíduos recicláveis

Os resíduos orgânicos são compostados. O processo é feito por uma máquina, chamada FastCompost, que transforma os resíduos em um composto em até 18 horas, por meio de enzimas (ação biológica). O equipamento foi criado pelo proprietário da Brooks com base em sistemas diversos que ele conheceu em outros países. A máquina comporta até 650 quilos de orgânicos por ciclo e composta qualquer tipo de alimento ou restos orgânicos, como ossos pequenos. O consumo de energia do equipamento é de 7kw/hora e o processo de compostagem corresponde a não emissão de 280 toneladas de carbono equivalente por ano. O composto resultante é tão concentrado que deve ser misturado ao solo na proporção de um para 10.

De todos os resíduos gerados no aeroporto, os 40% considerados rejeitos que são encaminhados ao aterro sanitário são compostos por miúdos (pedaços muito pequenos de materiais), resíduos sanitários e resíduos de voos internacionais. Segundo a Resolução RDC nº 56/08 da Anvisa, devem ser tratados antes da disposição final em aterro e não podem ser “reciclados, reutilizados ou reaproveitados”. A norma diz que todos os resíduos de voos internacionais enquadram-se no Grupo A, que apresenta potencial risco à saúde pública e ao meio ambiente.

Acondicionamento dos resíduos de voos internacionais

Máquina de autoclave para os resíduos de voos internacionais que devem ser esterilizados

O analista ambiental André de Melo Corrêa, que trabalha no aeroporto e nos acompanhou na visita, disse que é feito um trabalho de educação ambiental com o público, porém, a característica flutuante deste torna a ação um desafio. Por isso o aeroporto mantém uma equipe que faz a triagem de todos os resíduos recicláveis coletados. A educação ambiental também é feita com a tripulação das aeronaves e é solicitado que o pessoal separe pelo menos os orgânicos dos recicláveis. André comentou que as companhias costumam aderir à campanha. Como a responsabilidade é de todos, os custos com o gerenciamento de resíduos sólidos são repassados às cessionárias comerciantes.

Resíduos prontos para o enfardamento
Resíduos enfardados

Um grande avanço! Que todos os aeroportos adotem políticas semelhantes e consigam se aproximar da meta lixo zero. Um ecobeijo e até breve.

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