Thaianna Cardoso começou cedo no movimento jovem a se engajar em causas socioambientais. Hoje ela é engenheira sanitarista e ambiental e acredita que a sustentabilidade precisa ser amorosa e praticada coletivamente, pois não se faz quase nada sozinho. “Vivemos em coletividade, mas não conseguimos ser cidadãos.” Por isso é fundamental refletirmos e agirmos em prol do bem de todos os que habitam o planeta Terra.
Quem compartilha dessa ideia é Tia Kansara, que aplica o conceito Replenish Earth (reabastecer a Terra) no seu trabalho de consultoria para governos, empresas e indivíduos que querem beneficiar o mundo. O site de Tia informa que “reabastecer é a medida do serviço do ecossistema de um indivíduo para a natureza. Uma pesquisa sobre reabastecer fornecerá uma medida per capita para mudar radicalmente nossa percepção de uso de recursos, impactando positivamente o meio ambiente à medida que os cidadãos tomam passos pequenos e gerenciáveis para reduzir seu impacto negativo na Terra”.
Apesar de sermos natureza, diz Tia, achamos difícil traduzir isso para as nossas vidas [por causa da visão fragmentada de mundo ditada pela ciência ocidental por séculos]. Você pode esperar pela mudança ou pode ser a mudança. Precisamos agir como um ecossistema, com consciência de que somos integrantes da teia da vida e de que tudo o que fazemos tem consequências. Nós somos e existimos sempre em relação com o meio e com os outros. Ninguém é nem existe por si próprio, como um fim em si mesmo, mas como fruto das relações e dos contextos que vive a cada dia.
Disse Tia: pense de forma diferente. O que você sabe e conhece te serve ou não? O que você faz ou pretende fazer com isso? Qual é o momento da sua vida em que é você que escolhe? Os valores fundamentais são um manifesto pessoal que te guia, são a base do seu trabalho. Se você vive de acordo com seus valores, você é feliz. Não é sobre fazer as coisas da forma certa, mas fazer a coisa certa. O que pode te ajudar nisso é o questionamento criativo. Já ouviu falar dele?
Tia disse que se você tiver o hábito de se fazer perguntas complexas, durante cinco minutos do seu dia, você estimula a consciência reflexiva e a criatividade [além de ser uma forma bem interessante de autoconhecimento e aprimoramento]. Ela também passou outro exercício para ser feito todos os dias, por no mínimo duas semanas. É composto de seis passos e muito bom (experimentamos na palestra e já fiz algumas vezes em casa). Anote aí:
- Respire em três partes (abdômen, peito e garganta). A inspiração começa no abdômen, depois enche o peito e sobe para a garganta; a expiração vai seguir o caminho reverso. Você pode sentar no chão com as pernas cruzadas (em posição de meditação) e apoiar as mãos nos joelhos. Na primeira respiração, una a ponta do polegar com a ponta do indicador, formando um O. Na segunda respiração, você une o polegar ao dedo médio. Assim sucessivamente até ter feito oito respirações (duas vezes os quatro dedos).
- Expire com um “hum”. Faça as oito respirações novamente, unindo os dedos como antes, mas na hora de expirar você vai fazer o som de “hum” até o ar acabar.
- Expire com um “aham”, que significa “eu estou aqui”. Repita as oito respirações, unindo os dedos como antes, mas na hora de expirar você vai falar “aham”.
- Aos extremos da sua respiração. Agora faça as respirações como no item 1, prestando atenção ao momento de transição do inspirar para o expirar e vice-versa.
- Manifeste hoje. Visualize o que você quer que aconteça na sua vida (pode ser desde algo simples do dia a dia até um sonho para o futuro) e sinta todas as emoções e sentimentos que você vai sentir quando conseguir realizar o que quer.
- Envolva-se em proteção. Visualize-se envolto em proteção e sinta-se protegido.
A apresentação de Guto de Lima foi, no mínimo, inesperada. Até dançamos! Ele é daquelas pessoas que você quer abraçar e que te faz sentir bem, sabe? Ele começou seu momento tocando um instrumento musical e seguiu dizendo que precisamos ver a Terra como nossa mãe e cuidarmos dela como cuidamos da nossa mãe biológica. Precisamos dar de volta para a Terra, retribuir. Para estarmos prontos para isso, primeiro precisamos dar a nós mesmos. Com isso ele quis dizer que precisamos começar em casa, agradecendo diariamente aos nossos pais ou outros familiares com quem moramos, manter nossa casa limpa e bem cuidada, cuidar de nós mesmos. Além disso, é fundamental ter coerência entre suas atitudes e seus valores. “Não precisamos de drama, precisamos de amor, amar a nós mesmos como estamos hoje e aos outros como estão”. Na hora das perguntas, um amigo meu perguntou como foi que Guto chegou até este momento com o seu jeito tão alto astral e do bem. Guto respondeu dizendo que se o meu amigo sentia isso, é porque ele tinha nele mesmo também. Reconhecer, ele disse, é um jogo de espelho: admiramos no outro o que admiramos em nós mesmos e só reconhecemos no outro o que temos em nós mesmos. Por fim, uma pergunta bem interessante que ele fez como comentário a outra indagação da plateia: quando o agora passa?
Já passou?
Na verdade, o agora não passa nunca, pois sempre vivemos o agora.
Por falar em agora, seguem as dicas de Marcus Nakagawa, que falou sobre empreendedorismo social e como começar o seu negócio que vai melhorar o mundo. Para saber qual é, você precisa se perguntar: qual problema do mundo você quer resolver?
“Podemos fazer mais do que o “eu”, do que apenas trabalhar para pagar contas. Não é possível que gastemos nosso tempo para perpetuar os problemas do mundo. Tem uma coisa muito maior do que simplesmente ganhar uns trocados.” Além da motivação social, é preciso gerar valor agregado e financeiro, pois na vida real, como ele disse, “sem dinheiro não funciona, não dá para conversar”.
Um negócio social é movido por uma missão de impacto social, oferecendo serviços e produtos e tendo um retorno em lucro. Hoje, no Brasil, uma empresa social precisa ter CNPJ de empresa ou de associação. Ainda não existe CNPJ próprio de empresa social, mas a questão está em tramitação. Para quem quer começar, Marcus indicou algumas instituições que auxiliam negócios sociais: Ashoka Brasil, ABRAPS, Yunus, ICE, Artemisia, NESsT, VOX, Brasil27 e Pipe Social.
Partindo para a prática, aqui estão os passos para começar uma empresa social:
- Pesquise, busque informações, veja se já existe algum negócio similar.
- Veja o modelo que melhor se aplica ao que você quer (empresa, associação etc) e estude como vai prestar o serviço/produto.
- Conheça os personagens dos seus sonhos trabalhando numa empresa social ou organização não governamental por um tempo.
- Faça um bom planejamento de ações e um planejamento financeiro.
- Vá fazendo e testando, não espere ter tudo pronto para começar.
- Tenha suas contas pagas. Para isso estabeleça o mínimo que precisa por mês e comece a partir disso. Você pode vender coisas que possui para investir em você mesmo e te manter enquanto monta seu negócio.
- Tenha foco.
Para terminar, uma das conclusões a que cheguei depois de participar do encontro é que falar de lixo zero é falar da raiz dos problemas socioambientais, pois os resíduos refletem os modos de produção, de consumo e os estilos de vida vigentes no mundo todo e afetam milhares de espécies, interferindo em toda a teia da vida do planeta. O lixo é um problema global gerado pela humanidade, estranho à natureza, e ignorá-lo não vai fazer com que seja resolvido. Bem pelo contrário, vai agravá-lo até os danos serem irreversíveis. Por isso precisamos agir pra ontem e fazer absolutamente tudo que estiver ao nosso alcance em prol da vida no planeta. Então, como você escolhe mudar o mundo?
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