Diário de bordo #9 – As sábias palavras de Satish Kumar ao redor dalareira

Por Letícia Maria Klein Lobe •
06 novembro 2016
Satish Kumar é um dos fundadores da Schumacher College e de vez em quando visita a escola para reuniões, para cozinhar pratos indianos e para sua tradicional fireside chat, uma conversa com todos ao pé da lareira. Já tivemos duas desde o começo das aulas e é sempre um momento muito especial e inspirador. Satish já foi monge e logo depois se tornou ativista pela paz e o ambiente, ecoando os ensinamentos de Gandhi. Desde 1973, é editor da revista Ressurgence & Ecologist, na Inglaterra (neste link tem uma breve biografia dele, em inglês).

Tem algo de mágico em Satish. Ele é um ser iluminado. Tem a palavra certa na hora certa e é o tipo de pessoa que vive inteiramente no presente, prestando atenção ao que está fazendo e com quem está conversando, que olha no olho e parece que o tempo congela. As conversas ao redor da lareira são inspiradoras, proporcionando muitas reflexões e emoções. Por isso, quero compartilhar aqui um pouco das duas conversas. A segunda está gravada e disponível aqui.



Satish começou a primeira conversa falando sobre ter e ser. “Quando nós temos, acabamos sempre querendo mais, mas quando nós somos, simplesmente somos.” Precisamos focar no ser, afinal “somos seres humanos, não teres humanos (human beings, not human havings)”.

“Não importa quanto tempo algo dura, mas a intensidade, a qualidade e o quanto você gostou e aproveitou, pois tudo passa. Por isso, faça o máximo do momento ou experiência”. Pode parecer óbvio ou repetitivo, mas é muito importante ter isso em mente e ser mindfull, uma expressão que usamos muito aqui. Estar completamente presente no que momento e aproveitar o que estiver fazendo.

Esta foi a resposta à pergunta de um dos estudantes sobre como conseguir falar para pessoas que não querem ou são resistentes a ouvir o que temos a dizer. “Quando conversamos com alguém, precisamos usar tanto o coração quanto a mente. Se queremos que as pessoas escutem o que temos a dizer, primeiro precisamos ouvi-las. Elas são mais importantes do que nossos pensamentos. O foco deve estar na pessoa com quem você está conversando, não no que está na sua cabeça. Precisamos perguntar pelo próximo e estar interessado nele. Então, procuramos por uma qualidade nesta pessoa, magnificamos esta qualidade como se usássemos uma lente de aumento e nos relacionamos com ela, usando-a para nos engajar com esta pessoa.” Desta forma, abrimos um canal de comunicação com qualquer pessoa, em que o respeito e o cuidado estão sempre presentes.

Uma parte da primeira conversa e toda a segunda foram sobre amor. “Amar alguém é aceitar esta pessoa como ela é, não esperar que ela seja como você quer. Se você espera, você não ama a pessoa como ela é. Não existem ‘mas’ e ‘se’ no amor. Para aceitar alguém como se é, primeiro precisamos nos aceitar como nós somos. Para amar alguém, primeiro precisamos amar a nós mesmos.”

Por fim, uma mensagem que me tocou bastante, sobre generosidade e preservação. “Precisamos sair do ego para o eco. Eco significa casa, então quando estamos em casa, com a família, não podemos ter ego, não podemos ser egoístas. Não existe lugar para o egoísmo dentro de casa” (seja a nossa pequena ou a grande Terra).

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