Bee or not to bee? Eis a (grande) questão.

Por Letícia Maria Klein •
02 outubro 2014
Sabia que as abelhas são responsáveis pela polinização de dois terços de toda a produção agrícola? A polinização, que é a transferência do pólen de uma planta para o óvulo de outra, faz com que as plantas fecundem e gerem frutos. O vento ajuda, mas os animais é que ficam com o trabalho pesado: mais de 80% da polinização é feita por eles, principalmente por insetos. As abelhas são parte fundamental deste processo. O problema? Elas estão sumindo! Desaparecendo mesmo, ninguém sabe pra onde elas vão! Bzzz...zzz...zz...z... Abelhas, polinização, alimento. Se as abelhas se extinguirem, adivinha o que também vai ficar escasso?

O caso é sério, sério mesmo. São as abelhas as responsáveis pela polinização em larga escala e não são poucas as culturas agrícolas que dependem delas. Conta só: maça, pêra, laranja, melão, melancia, café, castanha, abacate, morango, mirtilo, pepino, algodão, soja, pêssego, abóbora, cebola, castanhas, entre outras. Cerca de 70% das culturas dependem destes animais. Quanto menos abelhas nas plantações, menor será a quantidade de alimento necessário para suprir a demanda crescente das populações.



O sumiço das abelhas começou a chamar a atenção em 1995, nos Estados Unidos. Estudos foram feitos e indicam que o desaparecimento é causado por um distúrbio chamado CCD (Síndrome do Colapso das Abelhas, em inglês). Foi só em 2007 que o assunto foi discutido oficialmente, em um congresso na Austrália. Naquele país, 31% das abelhas desapareceram, segundo matéria da revista Veja. Os efeitos já são vistos também na Europa, Ásia e na América do Sul, inclusive em alguns Estados do Brasil, como SC, SP, RS e MG. 

O CCD acontece quando uma colônia de abelhas é reduzida a poucos indivíduos dentro de alguns dias ou semanas. Elas simplesmente desaparecem do mapa, deixando tudo para trás: filhotes, mel, pólen e até a rainha. Isto acontece porque a síndrome afeta o sistema nervoso das abelhas, o que impacta seu senso de direção e memória. Uma abelha com síndrome não consegue voltar pra colmeia depois de coletar néctar ou pólen nas flores. 

O que causa o CCD? São várias as possíveis origens, que precisam ser investigadas e combatidas para que as abelhas não sejam extintas. Doenças, pragas, fungos, ácaros, vírus, mudanças climáticas, formas de manejo, déficit nutricional, defensivos agrícolas. Dos agrotóxicos, os mais perigosos para as abelhas são os neonicotinoides. Tanto que, em abril de 2013, a União Europeia decidiu suspender seu uso por dois anos para analisar o impacto da ausência destas toxinas. 


Foto: Abelhas - Irina Tischenko/Getty Images/iStockphoto/VEJA

As abelhas existem há mais de 50 milhões de anos e são imprescindíveis para os ecossistemas. Einstein já dizia! “Se as abelhas desaparecerem da face da terra, a humanidade terá apenas mais quatro anos de existência. Sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora, sem flora não há animais, sem animais não haverá raça humana.” 

Com essa preocupação em mente, um grupo de pesquisadores liderado pelo CETAPIS (Centro Tecnológico de Apicultura e Meliponicultura do Rio Grande do Norte) criou a campanha Bee or not to be e uma petição pela proteção às abelhas. Lançada em 2013, ela “quer alertar a população e buscar apoio para a proteção dos insetos no Brasil e no mundo”. A petição será entregue ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Meio Ambiente em novembro de 2014 (próximo mês, gente!) com o objetivo de exigir ações efetivas para combater o CCD. Vamos ajudar! Assine e compartilhe a petição. Se quiser ajudar mais ainda, você pode recolher assinaturas e enviar para a sede do projeto. 

O site da campanha também disponibiliza o aplicativo Bee Alert, onde apicultores, meliponicultores e a comunidade científica podem registrar e documentar as ocorrências de desaparecimento ou perda de abelhas, indicando o local, intensidade e possíveis causas. As informações geradas colaborativamente ajudam no estudo do desaparecimento das abelhas e contribuem para o esforço de proteção a estes insetos. 

Além de assinar a petição e espalhar a palavra, podemos fazer mais pelas abelhas, como por exemplo, plantar árvores, cultivar flores em casa, consumir produtos orgânicos, ter colmeia em casa (com abelhas sem ferrão, claro) e consumir conscientemente, além de muitas outras atitudes e práticas sustentáveis que você pode adotar no dia a dia.

A frase de Shakespeare que inspirou o lema da campanha (To be or not to be – ser ou não ser) não foi usada apenas pela sonoridade com a palavra abelha em inglês (bee), ela tem tudo a ver com a questão. A nossa existência pode estar ligada diretamente à existência desses pequenos insetos.

2 comentários:

  1. Interessantíssimo assunto e super bem escrito!
    Há tanto para se estudar nos animais que não o homem...
    Não sabia que existiam abelhas sem ferrão para cultivar em casa.
    Anyway, petição assinada e consciência gerada! (:

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    Respostas
    1. Olá Nathi! Que bom te ver por aqui!
      Fico feliz que tenha gostado do post, muito obrigada!
      Pois é, eu também não sabia da existência de abelhas sem ferrão. Pra quem mora em casa, é uma ideia bacana. Realmente, o homem conhece uma parcela mínima do mundo ao seu redor, talvez por isso a falta de respeito e consciência ainda seja tão grande. Com pequenas atitudes no dia a dia, que geram exemplos para os outros, vamos mudando o mundo pouco a pouco.
      Consciência gerada, yess! Ponto pra todos nós! ;)
      Beijos.

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